quarta-feira, 24 de abril de 2013

'Minha trajetória política está encerrada', diz ex-prefeita de Natal

Politica - Natal,RN

Micarla de Sousa entregou carta de desfiliação ao PV nesta quarta (24).
'Eu percebi que os políticos são seres humanos falíveis', disse ao G1.

"A partir de hoje minha trajetória política está definitivamente encerrada". A declaração é da ex-prefeita de Natal Micarla de Sousa, que entregou pedido de desfiliação ao Partido Verde (PV) nesta quarta-feira (24). Em entrevista ao G1, Micarla, que é jornalista e empresária, afirmou que irá se dedicar aos filhos e à própria saúde.

A desaprovação da gestão de Micarla de Sousa em Natal chegou a 95%, de acordo com pesquisa do Ibope em outubro do ano passado. No dia 31 do mesmo mês, em entrevista ao G1, a diretora do Ibope, Márcia Cavallari, disse que a avaliação negativa de Micarla é a pior já registrada pelo instituto em mais de 20 anos. "Não temos nenhuma pesquisa de avaliação de prefeitos pior do que a que verificamos na pesquisa de Natal".

A ex-prefeita explicou que desde junho de 2012, quando anunciou que não seria candidata à reeleição, a decisão de deixar a política para cuidar da saúde e da família já estava tomada. “Mas nesses nove meses foi muito difícil tomar a decisão de deixar o partido. Foi mais difícil do que a decisão de deixar a política”, disse.

Convites

Micarla de Sousa afirmou ainda que recebeu convites para se filiar a outros partidos quando a desfiliação ao PV se tornou pública. “Eu agradeço, inclusive, aos partidos que desde ontem entraram em contato comigo, mas realmente eu não tenho qualquer interesse em voltar para a vida pública. Eu fiz a minha parte e dou por encerrada minha trajetória política”, disse.

Ela avaliou o período em que esteve na política como tempo “de aprendizado”. “Foram anos de muito amadurecimento e aprendizado. Hoje, eu me considero uma pessoa muito melhor do que quando entrei para a politica. A política me fez conhecer o mundo real, ir para a rua, conhecer todas as dores do nosso povo, me fez conhecer o lado humano das pessoas que nos governam", afirmou.
E continuou: "Eu como repórter política, considerava que os políticos tinham uma vida perfeita, os rótulos eram muito fáceis. Hoje, conhecendo o outro lado, eu vejo que a vida pública é muito dura, de cobranças, e percebi que os políticos são seres humanos falíveis”.

Futuro

Sobre os planos para o futuro, a empresária disse que pretende se dedicar a tudo que teve que abdicar enquanto prefeita. “Depois de tanto tempo distante das coisas que eu mais amo, eu continuo com os mesmos planos de cuidar de mim e dos meu filhos”. Micarla de Sousa afirmou que, por enquanto, não pretende voltar a atuar nas empresas da família. “Continuo ajudando minha família, mas não tenho nenhuma função executiva nas empresas, nenhum compromisso formal.  O único compromisso que eu tenho agora é restabelecer a minha saúde”, disse.

Trajetória

Micarla de Sousa entrou para a vida pública em 2004 quando compôs como vice-prefeita a chapa pela reeleição do então prefeito Carlos Eduardo. Em 2006, ela rompeu com o prefeito e se candidatou à deputada estadual e foi eleita como a sétima candidata mais votada. Em 2008, Micarla de Sousa disputou a prefeitura de Natal e foi eleita no primeiro turno com 50,84% dos votos. Em outubro de 2012, a prefeita foi afastada do cargo pela Justiça sob suspeita de ter estar ligada a uma fraude na Secretaria de Saúde de Natal.

 

Medidas são recebidas com receio

Saúde - RN

As mudanças impostas pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap/RN) na rede de atendimento materno infantil causaram preocupação aos gestores dos hospitais que deverão se adaptar ao novo perfil de atendimento, com a inclusão dos serviços de obstetrícia. No Hospital Regional Monsenhor Antônio Barros, em São José de Mipibu, na Região Metropolitana de Natal, a medida anunciada pelo titular da pasta, Luiz Roberto Fonseca, foi recebida com surpresa e preocupação pela diretora da unidade hospitalar, Isabelle Grilo.

Sandra Aureliano resistiu em sair da Apami por receio de não ter atendimento. Depois de quase três horas de discussão, ela e o filho foram levados para o Hospital Regional de São José de Mipibu

Sandra Aureliano resistiu em sair da Apami por receio de não ter atendimento. Depois de quase três horas de discussão, ela e o filho foram levados para o Hospital Regional de São José de Mipibu

Ela afirmou depender de uma infraestrutura médica e de equipamentos para oferecer os serviços. Atualmente, o Hospital não tem como atender a demanda de urgência e emergência adulta e pediátrica, clínica médica, internamentos de obstetrícia e de cirurgias eletivas, sem que haja uma adaptação ao que foi preconizado pela Sesap.

A Secretaria garantiu, porém, que em até 20 dias, os hospitais regionais de São José de Mipibu, São Paulo do Potengi, Santo Antônio e João Câmara, estarão devidamente equipados e com médicos pediatras e obstetras nas escalas de plantão. Entretanto, no Hospital Regional de São José de Mipibu, as mudanças foram iniciadas um dia após o anúncio da restruturação, de forma considerada abrupta.

Em meio a uma reforma, iniciada em fevereiro passado, que custará, ao final, R$ 660 mil, a unidade teve que receber quatro parturientes e seus recém-nascidos no início da tarde desta terça-feira, 23. Todas oriundas da Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e à Infância (Apami).

A entidade realizava partos normais e cesarianas em São José de Mipibu, através de pactuação com a Sesap e com a Prefeitura daquele município. Segundo a Sesap, a Apami é uma das entidades que não responde positivamente à pactuação e foi excluída da lista de entidades manutenidas pelo Governo do Estado para a prestação de serviços de saúde.

O Hospital Regional recebeu as pacientes, sem dispor de berços comuns e aquecidos, além do sistema de fototerapia para bebês nascidos com icterícia. Dois dos recebidos na unidade precisam de fototerapia para não desenvolver problemas pelo acúmulo de bile no organismo.

“Não esperávamos receber desta forma. Estamos em reforma e ainda nos estruturando. Estávamos esperando a Sesap traçar o perfil deste hospital. Aguardávamos que fosse permanecer como de urgência e emergência”, destacou a diretora da unidade.

Sem outra solução, até a aquisição de equipamentos específicos para o setor obstétrico e pediátrico, o Hospital Regional teve que recorrer à Apami para que cedesses os berços. A diretora Isabelle Grilo enfatizou que irá adaptar a sala do repouso do centro cirúrgico da unidade para que as cesarianas possam ser realizadas, sem a necessidade do encaminhamento das mulheres em trabalho de parto para as maternidades de Natal.

Mas fez cobranças: “estamos assumindo uma responsabilidade e preciso do respaldo da Sesap. Com o apoio da direção técnica do hospital, ela irá confeccionar um relatório apontando as necessidades para o início dos serviços de obstetrícia.