Politica - RN
Anna Ruth Dantas
Repórter
Líder
do PMDB na Câmara dos Deputados e presidente estadual da legenda no Rio
Grande do Norte, o deputado federal Henrique Eduardo Alves atua em duas
frentes quando o assunto é disputa política. Na Câmara dos Deputados
ele já deflagrou o processo de articulação da sua candidatura à
presidente da Casa. Embora afirme que a sucessão da Presidência da Casa
será iniciada apenas no final do ano, o peemedebista defende que a
indicação do partido prevaleça na escolha do comandante da Câmara e se
coloca como opção.Quando o assunto é a disputa das eleições municipais,
Henrique Eduardo confirma que a candidatura do deputado estadual Hermano
Morais é irreversível. Segundo ele, após duas décadas, chegou o momento
do PMDB postular com candidato próprio à Prefeitura de Natal.
alberto leandro
Henrique Eduardo Alves, Líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados
Quando
o assunto é a disputa de 2014, o deputado federal, que já foi muito
citado como postulante ao Senado Federal, é comedido, mas deixa nas
respostas a sinalização do seu próximo projeto político. Ele admitiu que
se a eleição de 2014 fosse hoje desejaria a continuidade da sua
permanência na Câmara dos Deputados. A explicação para esse desejo:
"Depois de 40 anos eu me afeiçoei àquela Casa (Câmara dos Deputados),
conheço todos os seus caminhos. Tem a agitação da Câmara e eu já sou
agitado. Eu me sinto muito bem naquela Casa do jeito que ela é, com seu
plenário, suas comissões".Sobre o Governo Rosalba Ciarlini, o deputado
federal observa que o momento é de "rearrumação" e credita isso as
dificuldades encontradas pela atual gestora na administração
estadual.Sobre o pleito 2012, articulações para 2014 e a expectativa
sobre a recém-criada Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que
investigará as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos e
empresários, o deputado federal Henrique Eduardo Alves concedeu a
seguinte entrevista à TRIBUNA DO NORTE:
O que o senhor espera da CPMI do Cachoeira?
Primeiro
eu nunca vi uma CPI em um prazo tão curto se instalar. Começou-se a
falar nela e em 15 dias ela estava instalada. Segundo, eu nunca vi uma
CPI com tanta unanimidade, sem controvérsias, todos os partidos
concordaram. Outra característica dessa CPI é que funcionará exatamente
no ano eleitoral. A campanha começando no Brasil inteiro e ela ocorrendo
em Brasília. Só espero que essa agilidade e unanimidade possa também
acontecer no seu decurso e no seu resultado porque é uma CPI muito grave
e o país todo está a reclamar, são práticas de agentes públicos
privados denunciados com muita contundência. Espero que todos nós
possamos realizar nosso trabalho de investigação, apuração e punição dos
responsáveis.
O senhor acredita
que pelo fato dela (a investigação) ocorrer no período eleitoral poderá
comprometer o trabalho e o desfecho da CPMI?
Tem que ter
muito cuidado. Aí dependerá muito dos líderes partidários que estão
indicando seus representantes. Precisa ter uma conversa prévia com cada
um deles (dos representantes partidários) e mostrar que eles estão ali
não representando interesses pessoais ou venditas pessoais ou mágoas de
campanha passada. Não se pode politizar a CPI. Ela é muito grave para
ser meramente politizada. É um trabalho de grande responsabilidade e
maturidade. Todo Brasil estará focado nessa investigação e no seu
resultado.
Ainda observando o
cenário nacional, mas já trazendo para uma atuação sua. Como estão as
articulações a candidatura a presidente da Câmara?
Eu não
antecipei (o processo sucessório na Câmara dos Deputados). Até porque
eu não iria antecipar um processo desse com oito meses de antecedência.
Mas há uma realidade que eu preciso encarar também. Vamos praticamente
encerrar os trabalhos no final de junho, quando começam as convenções e
início da campanha eleitoral, e só retornaremos no final de outubro,
início do mês de novembro. Ou seja, teremos apenas um mês de trabalho
porque logo em seguida começa o recesso de dezembro. Então, será um
prazo muito curto para a construção de uma candidatura que eu imagino a
presidente da Casa. Eu não estou antecipando. Apenas os líderes, os
partidos, os deputados perguntam e eu tenho que ficar atento a isso.
Acho que é uma oportunidade importante para o PMDB. É um compromisso do
maior partido, o PT, de rodízio. Não tenho dúvida de que esse rodízio
(com o PT cedendo lugar para o PMDB presidir a Câmara) será cumprido. Eu
apenas estou reunindo o meu partido, como fiz, primeiro recebendo o
apoio e segundo convocado, procurado, indagado sobre que passo posso
começar a dar (para sucessão da Câmara). Eu não posso chegar, ficar de
braços cruzados com um projeto dessa importância para o PMDB e em
novembro começar a articular um projeto que já deve estar pronto em
janeiro. Devagarinho, aos poucos, com cautela, com prudência, sem
misturar alhos com bugalhos, o trabalho Legislativo com o meu dever como
líder da bancada e da base do Governo. Estou cuidando e analisando
essas possibilidades. Esse período, na quadra que estamos vivendo do
Brasil sendo revirado em todos os seus aspectos, a Câmara precisa de um
presidente da definição, que seja um interlocutor desta Casa, deste
Poder com a sociedade. Não é só para prestigiar o Parlamento, mas também
impor respeito para o lado de fora, para aquele que nos elegeu, que nos
cobra, nos fiscaliza. O ideal é que esse presidente tenha muita
sensibilidade e muito apoio para ser o interlocutor da Casa, para que
possa interpretar os deveres do Poder Legislativo para com o Brasil. Tem
que ser uma construção (para candidatura de presidente da Câmara) muito
madura, talvez por isso tenha que ser curtida um tempo.
O senhor falou do PT. O senhor não teme que o PT quebre o acordo de ceder a presidência da Câmara para o PMDB?
Não
tenho nenhuma dúvida [de que o acordo será mantido]. Até porque vem
dando certo. Quem inaugurou esse acordo foi o PT, com o deputado Arlindo
Chinaglia que foi o primeiro presidente desse acordo. Aliás, ele
(Chinaglia) foi um grande presidente. Ele foi muito correto com o PMDB,
cumpriu todos os compromissos como aliados. Depois veio Michel Temer,
agora é Marco Maia. Os dois partidos se entendem em prol de uma
harmonia. Mas esse é um passo inicial. Ninguém pense que para ser
candidato bastam o PMDB e o PT. Você precisa buscar os outros partidos,
grandes, médios e pequenos, os cleros todos que dizem haver lá na
Câmara, para que a Casa tenha um candidato da sua instituição, que
interprete o que ela quer, o seu dever para com a sociedade. O agente
político precisa estar à frente deste momento de mudança que vive o
Brasil.
Ainda que o acordo com o
PT seja feito, a deputada Rose de Freitas, do PMDB, também deseja ser
presidente da Câmara. Como será essa definição do nome do peemedebista?
Veja
bem, estou colocando como uma candidatura do PMDB e, portanto, quem vai
escolher é a bancada do PMDB. Essa bancada se reunirá no final de
outubro, começo de novembro, e escolherá o candidato a presidente. Agora
eu me sinto animado porque quem consegue se reeleger (líder da Câmara)
por unanimidade, sem disputa, por seis vezes consecutivas, tem que ficar
motivado. A indicação será da bancada. Reuni quase 60 parlamentares,
recebi não só o apoio, mas o entusiasmo de todos eles. A deputada Rose é
uma grande companheira. Lutei muito para que ela fosse a primeira vice
da Câmara. Houve uma disputa na bancada e eu até torci por ela (Rose de
Freitas), porque seria uma oportunidade para sua história, por ser uma
mulher representante na Mesa da Câmara. Acho que terei também o apoio de
Rose se eu for candidato.
E o pleito 2012 em Natal? A candidatura do deputado estadual Hermano Morais é irreversível?
A
candidatura do deputado Hermano Morais não é apenas irreversível. Ela é
prioridade do PMDB. Se há uma candidatura considerada mais importante
do que qualquer outra, pela sua configuração, é a de Hermano. Há vinte
anos que o partido não disputa uma eleição na capital. E essa mea culpa
nós fazemos. Acho que foi um erro de avaliação do passado. O partido tem
que estar sempre disputando, mostrando sua cara, mostrando suas ideias,
indo para o debate. Agora é a hora de resgatar essa oportunidade e ter
uma candidatura que mostre a Natal o que nós pensamos sobre Natal. Em um
momento que Natal tem tantas carências, angústias, a cidade está com
muitos problemas que precisam ser resolvidos com muita urgência.
Chegamos com propostas claras, definidas que possam agregar apoio do
Governo Federal, do Governo Estadual, para que Natal possa deslanchar e
oferecer ao cidadão uma boa qualidade de vida. E temos tudo para que
isso ocorra. Natal é uma cidade plana, fácil para o trânsito, para
organizar a segurança, mas há carências na saúde. É preciso fazer um
trabalho estruturado, de ideias bem definidas e é isso que espero que
Hermano faça. Isso vai agregar apoio do Governo Federal, do Governo do
Estado e um mutirão em favor de Natal. Essa oportunidade nós queremos.
Hermano é um candidato ficha limpa e isso é muito importante: ter Ficha
Limpa. Quatro mandatos de vereador e um de deputado estadual. Não há uma
acusação contra Hermano, não há um senão. Ele tem uma história de
honradez e dignidade.
"Precisamos de compreensão e paciência com o governo Rosalba"
Quais partidos que estarão no palanque de Hermano Morais?
Calma.
Tem muita gente de olho nisso. Mas, com certeza, o PR virá a somar
conosco, já houve várias conversas com o deputado federal João Maia.
Estamos conversando com outros partidos, mas como todos estão
conversando é bom só anunciar quando tiver o resultado.
O
senador José Agripino, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, defendeu
candidatura única dos partidos que apóiam a governadora. O senhor vê
viabilidade nessa proposta?
Seria ótimo que todos
apoiassem Hermano Morais. Eu adoraria. Mas ele (José Agripino) tem um
candidato que é o deputado federal Rogério Marinho (PSDB), que faço
questão de elogiar de público. Ele (Rogério Marinho) se preparou para
essa eleição. É um deputado muito respeitado no Congresso Nacional. Mas o
PMDB está há 20 anos sem disputar e já está passando da hora dr ter um
candidato. Então acho que esse entendimento ficará para o segundo turno.
A candidatura própria do PMDB se impõe nessa hora. Natal terá
oportunidade muito feliz de ter bons candidatos. Veja que a cidade
poderá escolher em um debate de ideias entre a ex-governadora Wilma de
Faria, o ex-prefeito Carlos Eduardo, o deputado Ficha Limpa Hermano
Morais, o deputado Fernando Mineiro, o deputado Rogéiro Marinho, não sei
se a prefeita Micarla será candidata ou não. Uma cidade que tem um
grupo seleto de candidatos como esse é privilegiada. O problema é a
escolha do seu futuro. Daremos essa contribuição com a candidatura de
Hermano Morais.
As
pesquisas mostram que o Governo Rosalba está com uma desaprovação
superior a 60%. Como o senhor analisa a situação da gestão estadual?
A
governadora Rosalba precisa que se tenha uma compreensão maior. Nós que
não votamos nela estamos apoiando-a pela unidade do PMDB, para somar ao
senador Garibaldi Filho. Se nós, que não votamos nela, temos
compreensão, os que votaram nela precisam ter também. Ela está fazendo
ajustes, já fez ajustes importantes no seu Governo, reduziu gastos de
forma significativa. Está reaparelhando a estrutura de poder, montou um
quadro administrativo diferente, está tendo dificuldade de uma
conjuntura regional e nacional ainda adversa. Ela está arrumando a casa.
E ela leva as marcas muito importantes que são da honestidade, da
ética, do comportamento padrão exigidos das pessoas públicas. Acho que
esse ajuste acontecerá. Esse desgaste pode estar ocorrendo com uma
rearrumação do seu Governo, mas nós precisamos ter um pouco mais de
compreensão, de paciência. Ela fará um grande governo, pela sua vontade
de fazer, disponibilidade de realizar. É impressionante o entusiasmo da
governadora, seu entusiasmo, sua alegria, o querer fazer.
O senhor usou o termo rearrumação do Governo. A gestão estadual está tendo um "freio de arrumação"?
Eu
falo rearranjo do que ela encontrou e do que ela está fazendo. É
natural. Se fosse um governo de continuidade era mais fácil. Ela
ajustava umas peças e dava continuidade. Agora não. É natural de quem
chega sobretudo com a bandeira de oposição, como ela ostentou, queira
fazer um novo quadro, uma nova estrutura, novos posicionamentos
administrativos, econômicos, financeiros. Isso leva tempo. Esse tempo
ela está atravessando agora e talvez seja o mais difícil. Logo ela
encontrará as melhores alternativas econômico-financeiras.
A
Secretaria de Turismo está vaga desde a saída de Ramzi Elali, que foi
indicado do PMDB. A governadora chegou a conversar sobre essa indicação?
Chegou
a ter uma conversa, avaliar o quadro. Ela (a governadora) tem falado
com o ministro Garibaldi Filho, mas ele quer deixar a governadora à
vontade para a escolha de novo secretário. Ela vai definir nos próximos
dias a indicação de um novo secretário até porque é um espaço muito
importante. O ministro do Turismo é do PMDB e poderia ter uma ligação
importante de colaboração, visando Natal que é uma cidade onde o turismo
é fundamental. O turismo talvez seja o instrumento mais rápido para
gerar emprego e renda. Não vejo Estado e município falarem a mesma
língua para o turismo. Ele (o turismo) gera emprego, gera renda, gera
bem estar, gera auto-estima. A governadora vai definir muito rapidamente
o nome do novo secretário e seja qual for o nome terá o apoio do PMDB.
Qual o reflexo das alianças de 2012 para o pleito de 2014?
2012
é uma eleição diferenciada porque tem que respeitar a base, a realidade
municipal. Vamos ter alianças com DEM, PT, PSB. E todos eles também com
os outros partidos. É a realidade municipal que se impõe. É lá (no
município) a raiz. Precisamos respeitar muito a base municipal.
Naturalmente, pós resultado e isso serve a nível nacional e estadual é
tentar juntar os resultados com afinidade política e preparar o caminho
para 2014.
A aliança DEM, PR e PMDB será projetada em 2014?
É
natural, acho que sim. Se estamos apoiando o Governo Rosalba é natural
que venhamos a participar dos bons resultados e lutemos pela provável
reeleição da governadora Rosalba, que os partidos possam ter a
participação e ampliar o leque de aliança. Temos que pensar 2012 também
com o olho em 2014, mas sem definir pré-candidatura, nem Senado, nem
deputado. A única coisa natural que a eleição permite é a governadora
pensar na reeleição. Fora daí é muito cedo para definir espaço.
Importante é estarmos juntos no projeto, ajudar a governadora a
realizá-lo e em 2014 colher os frutos do julgamento popular.
Embora
o senhor afirme que é muito cedo para definir candidatura para 2014,
seu nome está sendo muito cotado para a disputa ao Senado. O senhor
trabalha com essa possibilidade?
Não. Eu não trabalho. Se a
eleição fosse no mês que vem optaria por uma reeleição à Câmara Federal
até porque é a Casa que conheço. O Senado tem muita cobra criada, eu
iria para o final da fila, com todo respeito e respeitaria a fila.
Depois de 40 anos eu me afeiçoei aquela Casa (Câmara dos Deputados),
conheço todos os seus caminhos. Tem a agitação da Câmara e eu já sou
agitado. Eu me sinto muito bem naquela Casa do jeito que ela é, com seu
plenário, suas comissões. Minha opção natural hoje seria a reeleição a
Câmara Federal. Agradeço a menção que se faz, acho até que generosa, mas
meu projeto não está nesse rumo.
Essa afeição que o senhor tem está relacionada à presidência da Câmara, inclusive continuar no comando em um segundo mandato?
Aí
é um sonho mais amplo ainda, atravessaria uma legislatura. Não seria
correto postular. Natural que eu sendo presidente da Câmara me
realizaria mais ainda como parlamentar, como deputado federal. Tenho
apego aquela Casa. Dizem muito que o Senado é mais tranquilo e é mesmo. É
uma calmaria, uma tranquilidade. A Câmara é aquela agitação. Eu vivo
muito esse ambiente. Naquela Casa eu me sinto bem. Portanto meu projeto
seria uma reeleição. Mas é como já lhe disse, está muito cedo para
projetar 2014, o foco agora é 2012.
O senhor reviu o seu projeto de querer ser senador?
Eu
não cheguei a pensar nesse projeto. Aqui e acolá citam, agradeço, mas
em nenhum momento foquei a candidatura de senador. Eu me afeiçoei muito à
Câmara.
O senhor indicou o novo diretor geral do DNOCS, qual a geografia que chega para o órgão nesse novo momento?
O
DNOCS foi um espaço importante que o partido conquistou há três anos.
Eu agradeço muito ao presidente Lula, há 50 anos o Ceará comandava o
DNOCS e teve uma espécie de rodízio, houve espaço para o Rio Grande do
Norte. Agora o espaço volta a se repetir. Houve pressão muito grande do
Ceará, que queria retomar o DNOCS, mas agradeço de novo ao Governo, à
presidenta Dilma especialmente, por ter renovado a confiança em uma
indicação do PMDB. O nome de Emerson (engenheiro Emerson Fernandes) teve
a melhor repercussão e que está assumindo. O DNOCS é muito importante
para o nosso Estado, tem um projeto de passagem molhada em Riacho da
Curz de quase R$ 100 mil e tem a barragem de Oiticica de R$ 390 milhões.
Veja a importância desse órgão para o desenvolvimento regional e
sobretudo do Rio Grande do Norte. Há um projeto importante que é de
irrigação da Chapada do Apodi, R$ 280 milhões. Serão 5.500 hectares
irrigados. São projetos que estão sob a liderança do DNOCS e que são
importantes para o nosso Estado. Acho que o Rio Grande do Norte vive um
bom momento, de definir prioridade, dentro de um contexto nacional bom,
mas se o Governo nacional está bem, a disputa por espaços aumenta muito.
Hora de nos unirmos para fortalecer e buscar o espaço administrativo
junto ao Governo Federal para o Rio Grande do Norte. É o momento de
todas as forças políticas se unirem para buscarem os projetos vitais
para o nosso Estado.
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