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domingo, 24 de julho de 2011

"Via-crúcis" em busca de atendimento

Saúde - Natal,RN


Ricardo Araújo - repórter da tribuna do norte


Sob a luz do sol ou da lua, as realidades parecem permanecer inalteradas. Crianças chorando, pais impacientes. Com uma oferta de leitos e profissionais aquém do necessário para o funcionamento pleno das unidades de saúde públicas, parentes de crianças que buscam atendimento pediátrico, se tornam personagens de uma "via crucis". Tudo para garantir - o que é direito constitucional - assistência médica de qualidade. São 786 mil crianças, entre idades de 0 a 14 anos no Estado que recorrem, em algum momento de suas vidas, ao pediatra. Umas conseguem, a maioria não. Quase todas as vítimas das limitações da Saúde Pública, são crianças oriundas de famílias e áreas pobres da capital e do interior, expostas aos mais diversos problemas de infraestrutura básica e sociais.


Máquina de Raio X do Sandra Celeste está quebrada, e crianças precisam ir a outra unidade para fazer exame. É o caso da pequena Alice da Silva

Para atender a uma demanda que cresce a cada dia, o Governo Estadual e Prefeitura de Natal disponibilizam 400 leitos de enfermaria e 56 Unidades de Terapia Intensiva. O número, porém, é insuficiente. Dividindo-se a quantidade de crianças pelo número de leitos, chega-se a uma média de 1.723 crianças para cada leito. Salve-se aqueles que dispõe de plano de saúde particular. As filas, a quantidade de pessoas nos corredores das poucas unidades da rede básica de saúde que ofertam o atendimento pediátrico, configuram a realidade de milhares de potiguares. Em Natal, os pais que conseguem uma ficha para o pediatra se consideram vencedores. Clésia Correia, dona de casa, é uma delas.



Às 20h07min da terça-feira passada, Clésia Correia, mãe de Eduardo, de 5 anos, deixava o consultório médico do Ambulatório do Pajuçara, na zona Norte. No seu rosto, refletiam-se os sinais de cansaço por um dia de espera. Eduardo, estava disposto, mas já começava a questionar os motivos pelos quais eles ainda estavam ali há tanto tempo. "Meu filho, agora que terminamos a consulta com a pediatra, podemos ir embora", dizia Clésia com alívio.


Ela e mais uma dezena de mães estavam na unidade à espera de uma consulta desde as primeiras horas da manhã. O processo para retirada de uma ficha começa ainda de madrugada, por volta das 4 horas, quando as primeiras mães começam a formar fila. Sempre às segundas-feiras.


"É muito difícil. Precisamos chegar no máximo às 4 horas da manhã para garantirmos uma ficha. Nem sempre conseguimos", afirmou Clésia. No Ambulatório do Pajuçara, a pediatra atende somente às terças-feiras a um número fechado de pacientes.


O alívio de Clésia era inversamente proporcional à frustração de Josina Pereira, mãe de Laís, 4 anos. A menina reclamava de dores no estômago, febre e náuseas e foi levada à emergência do Hospital Maria Alice Fernandes pela sua mãe. Da recepção, elas não passaram. O argumento da técnica de enfermagem que aferiu a pressão e a temperatura corporal de Laís, foi de que ela não era uma paciente em estado grave e sugeriu que elas procurassem um posto da rede municipal de saúde.


"Onde, a uma hora dessas?", indagava Josina. Moradora do conjunto Vale Dourado, ela afirmava que desconhecia postos de saúde com pediatra na zona Norte em funcionamento durante a noite. "Não vou arriscar levar minha filha na garupa de uma moto para o outro lado da cidade (referindo-se ao Pronto Socorro Infantil Sandra Celeste, em Lagoa Nova). O jeito é voltar para casa e auto-medicar", lamentava. Como vendedora, Josina dizia que não tinha condições de pagar por um plano de saúde. "A gente fica de mãos atadas. Ou pago um plano ou compro comida".


A peregrinação de Clésia e Eduardo, Josina e Laís, reflete o cotidiano de milhares de famílias potiguares que dependem de atendimento pediátrico nos hospitais públicos. Em todo o Rio Grande do Norte, somente uma unidade é referência no atendimento às crianças, que é o Hospital Infantil Maria Alice Fernandes. Recentemente, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) restringiu o atendimento na unidade aos casos de urgência e emergência e aos pacientes encaminhados pelos postos de saúde de Natal e interior.


"Desde que ocorreu a mudança, nós conseguimos melhorar o nível de atendimento ao paciente do Maria Alice Fernandes", analisou a médica pediatra Katleen Azevedo, durante o intervalo do plantão noturno. Em contrapartida, ela afirmou que a decisão acabou prejudicando grande parte da população da zona Norte, que não dispõe de um hospital infantil municipalizado na região, que é a mais populosa da capital. "O que falta é o Município assumir o papel de atendimento pediátrico básico".


No Pronto Socorro Infantil Sandra Celeste, o principal problema é a alta demanda atendida pelos quatro pediatras - quando a escala está completa - que trabalham em cada turno. Os percalços, porém, vão além. De acordo com uma funcionária cuja identidade será preservada, as recorrentes faltas de medicamentos, insumos e de mão de obra especializada, são questões que precisam ser resolvidas urgentemente. As reclamações são antigas, os problemas são diários. A solução, permanece uma utopia para quem depende da Saúde Pública.


Secretários reconhecem deficiências no atendimento


Para o secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, as modificações realizadas no perfil de atendimento do Hospital Infantil Maria Alice Fernandes, contribuíram para uma melhoria no atendimento prestado e atendeu a um Termo de Ajustamento de Conduta assinado junto ao Ministério Público. "O MP recomendou que todos os pronto-atendimentos dos hospitais estaduais fossem fechados. Adotamos a medida no Maria Alice Fernandes e restringimos o atendimento aos casos de urgência e emergência".


Sobre o plano de expansão da rede estadual de Saúde pediátrica, o secretário afirmou que a Sesap está analisando o arrendamento do Hospital da Unimed em Mossoró, onde passará a existir nove leitos de UTI pediátrica, que hoje se resumem somente a Natal. Ele ressaltou, entretanto, que a assistência pediátrica ainda é muito pobre e responsabilizou o atendimento básico nesta especialidade aos municípios. Além disso, ressaltou a dificuldade em contratar pediatras, fato comum atualmente em todo o Brasil.


Já secretária municipal de Saúde adjunta, Ariane Rose Souza de Macedo, rebateu algumas críticas feitas pelos próprios usuários do sistema municipal. Uma das reclamações, diz respeito à constante falta de medicamentos e insumos no Pronto-Socorro Infantil Sandra Celeste. "Atualmente, a unidade está abastecida", afirmou a adjunta. A realidade, porém, diverge do discurso. Há dias, a máquina de raio-x do complexo estava quebrada. Os pacientes precisavam ser deslocados para o Hospital dos Pescadores, nas Rocas, para realizarem o procedimento.


Alice da Silva foi uma delas. Aos quatro anos, a menina enfrenta um problema antigo, reflexo da falta de saneamento básico e infraestrutura nos bairros periféricos. As ascaris lombricoides (popularmente conhecida como vermes) se proliferavam no estômago da criança e se tornaram um risco à sua saúde. Para diagnosticar o problema, a criança foi ao pronto-socorro infantil municipal, depois fez o raio-x no Hospital dos Pescadores, para ser, finalmente, encaminhada ao Maria Alice para internação imediata.


Sobre a expansão da rede, Ariane Macedo afirmou que alguns leitos serão abertos no Hospital dos Pescadores para o público infantil, mas não detalhou quando. Além disso, ela argumentou que não há pediatras em todos os postos municipais, pois os mesmos atendem em unidades tradicionais, como os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). A realidade, porém, destoa em alguns aspectos. Não há pediatra em nenhuma dos postos de atendimento do Programa Saúde da Família em Natal. Em muitos deles, não há sequer clínico geral.


Acerca da quantidade de leitos, Ariane creditou a falta deles ao número de pacientes de outras localidades que se dirigem para a capital. "Destacamos que o número de leitos seria suficiente para atender a população de Natal. Porém, em função da pactuação com outros municípios, existe uma defasagem na proporção de oferta e procura para o cidadãos natalenses", afirmou. A secretária adjunta não mencionou, em contrapartida, que as cidades que assinaram acordo com a Prefeitura de Natal realizam repasses financeiros para o pagamento e ampliação dos serviços.


Varela Santiago


A partir do dia 1º de agosto, o hospital infantil mais tradicional do Estado irá interromper a realização das cirurgias neurológicas infantis. A pediatra Águeda Trindade, afirmou que o hospital, que vive de doações e repasses do Estado e Município pelos atendimentos realizados, não tem condições de comprar aparelhos modernos para as salas de cirurgia.


"Para trabalhar com segurança, decidimos interromper este tipo de atendimento. A Sesap e a SMS já foram informadas há cerca de dois meses da decisão", destacou Águeda. Para manter a realização deste tipo de cirurgia, seria necessário adquirir equipamentos como aspirador neuro-endoscópico, tomógrafo e um novo microscópio.


Bate-papo
» Lana Azevedo - pediatra

"Sofremos com a sobrecarga de trabalho"


Como a senhora define o cotidiano de um hospital pediátrico?

 
O dia a dia de um pronto socorro pediátrico não é estressante apenas para as mães que buscam atendimento para seus filhos. Nós, profissionais, também sofremos na pele com a sobrecarga de trabalho. Vivemos diariamente situações limite, que colocam à prova todo e qualquer aprendizado adquirido na universidade.


Onde os problemas se originam?


O problema começa porque o número de pediatras é insuficiente para atender a demanda crescente. As filas nos postos de saúde vão se formando e a pressão aumentando. Temos que atender uma criança de cada vez e com toda a calma - os pais querem atenção máxima para seus filhos e estão certos. O problema é que se você demora na consulta, as outras crianças que estão lá fora, choram e os pais reclamam. E por causa disso quem trabalha com pediatria sabe o quão comum são os tumultos nas salas de espera.


E a qualidade do serviço?

 
O serviço prestado pelas unidades de pronto atendimento voltadas para o público infantil vem sendo distorcido. O pronto-socorro pediátrico tem um papel importantíssimo na saúde da criança porque deve atender os pacientes em caso de emergência, crianças em crises de asma, convulsões, falta de ar e demais casos em que não há tempo para levá-los ao ambulatório. Mas o que vemos hoje é o oposto. Um local onde só se deveria tratar crianças emergencialmente, está tratando problemas simples, que poderiam ser tratados ambulatorialmente. O resultado disso são emergências lotadas, tempo de espera prolongados, pais, crianças e profissionais estressados.


Qual o resultado desta carga de trabalho desgastante?


A queda na qualidade de vida do profissional é uma realidade. Trabalhei por dois anos em um dos principais pronto-socorros pediátricos do SUS no estado. Passei por uma série de situações limite, de estresse máximo. Passei a ter dores de cabeça frequentes que evoluíram para enxaquecas. O diagnóstico foi que elas estavam aparecendo por causa de um alto nível de estresse. Precisei pedir desligamento do hospital, fui aprovada em um concurso e passei a dar plantão em uma outra unidade, relativamente mais tranquila.


Por que escolhestes a pediatria a cardiologia, por exemplo?

 
Sou pediatra, amo o que eu faço e sei que nasci para fazer isso. Cuidar de crianças é a minha vocação. E, apesar de todas as dificuldades, se pudesse voltar atrás faria tudo de novo. Só não concordo e me indigno com o pouco valor que o poder público dá para a saúde, para os profissionais que se matam de trabalhar em hospitais lotados e para a vida dos pacientes. Por mais que nós, médicos, tenhamos vontade de fazer, muitas vezes somos impedidos por problemas absolutamente evitáveis. E quando se é sensível a dor alheia, é ainda mais difícil trabalhar em ambientes insalubres como são os hospitais potiguares hoje (pediátricos ou não).

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Atraso: Sesap não paga diárias a agentes de saúde desde março

Saúde - RN


Os servidores que atuam no combate à dengue com carros fumacê dizem que benefício a que têm direito está atrasado há três meses.




Pelo menos 20 agentes que trabalham na Unidade de Baixo Volume (UBV), responsável pelos carros fumacê usados no combate à dengue, da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) sem receber as diárias a que teriam direito atrasadas desde março. A denúncia foi feita pelo servidor Jailson Paiva.


Ele contou que os servidores pertencem ao quadro do Ministério da Saúde, mas estão cedidos à Sesap e foram convocados para atuar em vários municípios durante a epidemia de dengue no Rio Grande do Norte. Em março, eles foram designados para Mossoró. No mês seguinte, foram enviados para Natal.


“Desde essa época estamos com as diárias atrasadas. Os servidores se deslocam de cidade em cidade, usando o próprio dinheiro, mas não recebemos o que é direito nosso. O governo só diz que está gerando relatório, fica pra cima e pra baixo, sem nos pagar”, protestou.


De acordo com Jailson Paiva, o valor da diária é de R$ 70,00. Ele disse, ainda, que o titular da Sesap, Domício Arruda, não deu nenhuma explicação para o atraso nem informou quando as diárias seriam pagas.


A UBV do Rio Grande do Norte tem 25 carros fumacê, mas, atualmente, nenhum deles está em atuação. Jailson Paiva explicou que a frota só é usada em casos emergenciais. No mês passado, após a descoberta e o isolamento do vírus tipo 4 da dengue em Santa Cruz, os servidores foram deslocados para aquela cidade, a fim de fazer o trabalho de prevenção.

Outro lado

Nossa reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da Sesap, que nos informou que o secretário Domício Arruda estava numa reunião e, por isso, não poderia falar com a gente. A assessoria disse que procuraria uma resposta sobre o problema com a coordenação responsável, mas não nos deu retorno. Tentamos, novamente, um contato para obter uma declaração oficial, mas a assessoria não atendeu nossas ligações.

SUS vai atender pacientes em casa

Saúde - RN


Pacientes com dificuldade de locomoção ou que precisam de atenção regular, mas não necessitam ser hospitalizados, vão receber cuidados médicos em casa. É o que prevê portarias publicadas hoje (8) pelo Ministério da Saúde. Elas reorganizam o atendimento de urgência no Sistema Único de Saúde (SUS).



Com o atendimento domiciliar, o governo quer reduzir as internações hospitalares e estimular a recuperação do paciente em casa, que é mais rápida. Para este ano, o investimento deve ser de R$ 36,5 milhões.


O ministério vai publicar outras portarias para definir como os profissionais da rede de atenção básica, entre eles os do programa Saúde da Família, deverão proceder nesses casos.


Outra medida é a criação de leitos de retaguarda nos hospitais, reservados para o atendimento de pacientes em estado grave. O objetivo, segundo o ministério, é evitar a espera pelo atendimento de emergência nas portas das unidades de saúde.


Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Nova Base Descentralizada do Samu funcionará no RN

Saúde - RN


Mais uma Base Descentralizada do Samu irá funcionar no RN a partir desta segunda-feira (11), quando uma viatura passará a se localizar no Clube dos Empregados da Petrobras (Cepe), em Parnamirim. Essa parceria atenderá a uma reivindicação dos próprios funcionários, assim como a uma exigência do Ministério da Saúde, segundo a qual é obrigatório manter as equipes do Samu em local protegido e adequado, com estacionamento para a viatura na sombra, possibilitando repouso e oferecendo banheiro, café e água.



O Samu também conta com parceria com a Polícia Rodoviária Federal, no posto próximo à "Reta Tabajara", na BR 101, em Macaíba, onde ocorrem muitos acidentes de trânsito. No Estado, os municípios que já providenciaram Bases Descentralizadas para atendimento são Parnamirim, São José de Mipibu, Monte Alegre, Extremoz, Ceará-Mirim e São Gonçalo do Amarante.



Como parte do processo de descentralização, vêm sendo realizados treinamentos para profissionais do Samu. Nesta sexta-feira (08), enfermeiros, técnicos de enfermagem e condutores de veículo de emergência da equipe de Assú participarão de capacitação ministrada por instrutores do Núcleo de Educação Permanente do Samu.



Com informações da Sesap

domingo, 3 de julho de 2011

Gestantes do interior superlotam Januário Cicco

Saúde - RN


A Maternidade Escola Januário Cicco, que há anos trabalha no limite de sua capacidade em virtude da falta de assistência médica no interior, está vivendo um quadro ainda mais grave esta semana, por causa da greve dos pediatras e obstetras da Maternidade Divino Amor, em Parnamirim, que também recebe pacientes de outros município. O diretor geral da Maternidade Januário Cicco, médico Kleber Morais, informou que a unidade tem  86 leitos para internação das mulheres, mas com a greve da maternidade de Parnamirim o número de atendimentos aumentou em 20%: "A superlotação é corriqueira, mas agora a situação está muito mais complicada".



Kleber Morais disse que ontem "havia um excedente de 22 pacientes", mas já ocorreu dia de haver 26 pacientes esperando por uma vaga, sentada numa cadeira, pois elas preferem aguardar pelo atendimento na unidade de saúde a ter de ficar em casa ou no interior.



A paciente Carla Simões comprovou a colocação de Morais, afirmando "que se estivesse em casa também estaria numa cadeira", portando, acha melhor ficar na maternidade, mesmo aguardando um leito, porque sabe "que vai ter atendimento".


Uma cunhada de Maria José dos Santos passou por três municípios e não encontrou atendimento. Ela disse que sua parente veio de Baía Formosa. Ela acrescentou que de Baía Formosa seguiu por Canguaretama - "não ficamos porque lá só faz cirurgia cesariana nas quartas-feiras". Em seguida, foi para São José do Mipibu, onde a cunhada não conseguiu se internar "porque não tinha anestesista".


Por causa da superlotação, até a sala pré-parto, onde as parturientes têm um atendimento preliminar antes de seguirem para a sala de parto, está sendo usada pelas pacientes. Onde existem três camas, estão pelo menos sete mulheres, algumas tomando soro e aguardando o chamado para fazer cirurgia cesárea. No mesmo local, uma bebê dormia em um berço ao lado da mãe.


Morais disse que a Maternidade Januário Cicco, que é vinculada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), é igual ao Pronto-Socorro do Hospital Walfredo Gurgel, quem chega lá não é mandada embora "e não deixa de ser atendida".


No entanto, Morais disse que a continuar essa situação de atendimento acima de sua capacidade, haverá sobrecarga dos profissionais e qualidade técnica e humanitária do trabalho de sua equipe de profissionais pode ser comprometida, a ponto de ter de ter de suspender, por exemplo, as cirurgias eletivas e ginecológicas, como de ovários, períneo e histerectomia.


Greve


Os médicos da Maternidade Divino Amor de Parnamirim continuam em greve, mas depois de uma reunião ocorrida com a promotora Luciana Maciel de Melo, da 4ª Promotoria, mas que também responde pela 3ª Promotoria de Defesa da Saúde e Educação, fizeram uma contraproposta ao Município de receberem R$ 850,00 por um plantão de 12 horas. O presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte, Geraldo Ferreira, disse que a reunião com o Ministério Público "foi muito proveitosa", porque a promotora Luciana Maciel "endossou todas as teses" da categoria.


Segundo Ferreira, o pacto apresentado pela promotora prevê a realização de concurso público, concordando que até lá a contratação dos médicos ocorra em regime temporário.


Já o secretário municipal de Saúde, Marciano Paisinho, informou que apesar de os médicos concordarem em baixar o valor do plantão de 12 horas - pois a proposta do município era de R$ 918,00 para ser pagos através de uma cooperativa -, ainda assim a Prefeitura não tem como atender a contratação em virtude do limite de gasto com pessoal imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Agentes de saúde de Parnamirim decretam greve

Saúde - RN


Os agentes comunitários e de endemias do município de Parnamirim estão em greve. A decisão da categoria foi tomada em assembleia realizada na manhã de hoje. Estão de braços cruzados, 170 agentes comunitários e 120 agentes de combate a endemias.



De acordo com Cosmo Mariz, presidente do Sindicato dos Agentes de Endemias (Sindas), a greve foi motivada porque a prefeitura de Parnamirim não atendeu as reivindicações da categoria. "São muitos os motivos que motivaram essa paralisação, entre eles, a questão do fardamento e o auxílio-transporte", declarou.


Agentes de Natal podem parar na próxima segunda


Cosmo Mariz informou ainda, que os agentes de combate a endemias de Natal também podem paralisar suas atividades. O presidente do Sindas confirma que na próxima segunda-feira (4), os agentes vão se reunir em assembleia para decidir se deflagram a greve. "A paralisação vai depender se o dinheiro do auxílio-alimentação, que já foi aprovado, vai ser depositado nas contas dos agentes", declara.

sábado, 28 de maio de 2011

HUOL inaugura nova estrutura de internação e gestão modernizada

Saúde - RN


Num investimento de R$ 21 milhões, o Hospital Universitário Onofre Lopes inaugurou, agora a pouco, 202 novos leitos no Prédio Central de Internação. A nova estrutura tem nove andares, e hoje foram inaugurados seis deles. Por andar, foram montadas dez enfermarias, num total de 31 leitos. Além disso, cada andar possui um núcleo de gestão, que será responsável pelo abastecimento e pela observação dos pacientes. Após a solenidade, as autoridades farão visitar as dependências do Prédio Central de Internação. Estão participando da solenidade o minsitro da Previdência, garibaldi Alves Filho, e o deputado Federal, Henrique Eduardo Alves.



Novo prédio, nas instalações do Hospital Universitário Onofre Lopes, foi inaugurado hoje pela manhã




Cada enfermaria tem apenas três leitos, banheiro, armários e lavabo. Além disso, em cada andar, elas têm vista para o mar. Segundo Lagreca, esse novo prédio é todo informatizado. Além do núcleo de gestão, tem uma central de prescrição, com o prontuário do paciente online, onde os profissionais vão se comunicar com os setores de farmácia, UTI, laboratório, imagem e internação. O prédio central de Internação tem oito salas de aula e uma sala de prescrição, por andar.



Segundo Lagreca, inicialmente, o número de leitos aumenta pouco, passando de 184 para 202. Mas no final do ano, quando os outros três pisos estiverem concluídos, mais 64 leitos serão abertos, somando 266. Os antigos pavilhões que abrigavam 21 enfermaria serão desativados. Lagreca informou que a área dará lugar ao novo centro cirúrgico e a nova UTI do HUOL, com uma unidade coronariana. A reforma será feita com recursos do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários (REHUF).



O Ministro da Previdência Social Garibaldi Alves Filho esteve presente e discursou durante a solenidade

A obra do prédio central foi realizada com verba do Ministério da Saúde e Ministério da Educação. “Esse novo prédio inaugura uma nova fase, um novo momento para a internação e para o hospital. Porque a internação é o eixo central da assistência e do ensino e com ele tudo será realizado com muito mais qualidade”, finalizou Lagreca.


Superlotação na obstetrícia preocupa médicos da MJEC

Saúde - RN


As vagas de obstetrícia disponíveis na Maternidade Escola Januário Cicco, que recebe pacientes de todo o Rio Grande do Norte, vão durar no máximo só até hoje. O alerta foi feito pela médica obstetra Valéria Montenegro e revela um problema presente nas principais maternidades de Natal. Dos 60 leitos, sete estavam vagos na manhã de ontem, nenhum deles no setor de alto risco.



Maternidade Januário Cicco sofre com um problema que já dura muito tempo: a falta de leitos.




“Um plantão mais movimentado preenche todos eles”, justifica Valéria. Para desocupar um leito, leva-se, no mínimo, dois dias: tempo necessário para uma parturiente, cujo parto foi normal e sem complicações, receber alta, de acordo com uma normatiza do Ministério da Saúde. Algumas parturientes chegam a permanecer vários meses no mesmo leito.


No Hospital da Mulher Leide Morais também havia sete leitos vagos na manhã de ontem. Situação bem diferente da encontrada no início da semana, quando as gestantes estavam sendo encaminhadas para outras unidades devido a falta de vagas.



Os responsáveis pelas maternidades negaram qualquer tipo de desabastecimento e disseram que a regra é atender todas as pacientes, mesmo que para isso precisem improvisar leitos, como ocorreu nas principais maternidades de Natal na semana passada.


No Hospital Santa Catarina e na Maternidade Escola Januário Cicco parturientes estavam sendo internadas em macas dentro dos consultórios ou em cadeiras de plástico nos corredores. Na Maternidade Leide Morais, no início da semana, as gestantes que chegavam estavam sendo encaminhadas para outras unidades devido a falta de leitos.


Para o diretor da Leide Morais, Yuri Marques, a normatização do Minsitério da Saúde reduz pela metade o número de partos realizados pelas unidades. “Se uma unidade realizava 600 partos, agora realiza 300. Já tentamos suspender esta medida, mas não obtivemos sucesso. A normativa está baseada em dados científicos”, relatou.


Na última quarta-feira, a Januário atingiu a capacidade máxima e passou a acomodar as parturientes em cadeiras plásticas na recepção. Embora prejudicial, a medida tinha como objetivo garantir que todas as pacientes fossem atendidas. “Atendemos todos os casos de alto risco de nossa referência. Elas ficam em cadeiras, mas ficam”, disse Valéria Montenegro.


Valéria reconhece que a situação é complicada. “Deixar pacientes na cadeira é constrangedor para a paciente, para a família dela e para nós da maternidade. Explicamos sempre a situação para elas. Num primeiro momento, elas entendem. Depois se cansam e começam a reclamar”. A médica, tenta, mas não consegue enxergar uma solução. “As maternidades do interior não funcionam. Todos os casos de alto risco do Rio Grande do Norte vem para cá”.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Médicos do estado entram em greve no dia 1º de junho

Saúde - RN


Em assembléia realizada ontem (18), na sede do Sindicato dos Médicos do RN ( Sinmed), os médicos da rede estadual de saúde decidiram, por unanimidade, realizar greve geral a partir do dia 1º de junho.



A classe médica optou pelo movimento grevista devido à quebra de compromisso do governo que, desrespeitando a lei de 31/03/2010, não pagou a incorporação prevista para este mês de maio.


Além deste fator, alguns assuntos da pauta de reivindicações enviada a Sesap não foram atendidas, nem mesmo respondidas pelo órgão. Como por exemplo, atraso de salários dos médicos recém-contratados, plantões por indenizações e aumento do quantitativo de profissionais.


Já os médicos recém contratado que estavam em greve há um mês, voltam as suas atividades normais a partir de hoje. Em virtude da promessa de folhas de pagamento extras, os médicos suspenderam a greve atual com a possibilidade de aderir à greve geral do dia 1º de junho.


Alguns destes médicos contratados a partir de 2010 estão sem receber há 11 meses. O Sindicato deve avaliar pessoalmente os nomes de quem não recebeu o pagamento, junto a Sesap, para tentar acelerar o processo.


“Mesmo com esses atrasos pendentes, tivemos avanços com o movimento de greve. Foram divulgadas duas folhas extras de pagamento e vários médicos já receberam parte dos atrasados”, ressalta Dr. Geral, presidente do Sinmed RN.


Uma nova assembléia está marcada para o próximo dia 31 de maio, às 19h, para avaliar as condições de greve geral.


* Fonte: Sinmed

domingo, 15 de maio de 2011

RN tem deficit de equipes do PSF, embora existam recursos

Saúde - RN


Margareth Grilo - Reporte da Tribuna do Norte



Implantada no Rio Grande do Norte, em 1998, a estratégia de Saúde da Família, que surgiu como PSF (Programa de Saúde da Família), ainda está, por assim dizer, na fase da “adolescência”. Permeada de conflitos e fragilidades. E basta visitar alguns municípios do Estado para perceber que ainda falta muito para que o programa assuma “ares e deveres de adulto”. No RN, os avanços existem, mas sobram deficiências e reclamações. Faltam qualificação e eficiência.


Criado no país em 1994 (na época tiveram quatro projetos piloto no RN – Pilões; Macaíba; Ceará-Mirim e Natal) o programa tem hoje muitos nós críticos, começando pela atração e fixação do médico, sobretudo no interior. “Quanto mais distante da capital, mais difícil é atrair e manter o médico no município”, reconhece a coordenadora da ESF no Estado, Uiacy Alencar, da Secretaria Estadual de Saúde Pública.


Mas esse não é o único problema. Outros nós são: a deficiente formação clínica dos médicos; a baixa autonomia dos enfermeiros; a baixa resolutividade e falta de qualificação das USF, sem falar da decadente estrutura da maioria das Unidades Básicas de Saúde – atualmente mais de 75% dos ESFs funcionam em UBS.


Aliado a isso, tem as dificuldades de acesso aos locais de trabalho e à falta identificação dos profissionais com a estratégia. Todos esses fatores alimentam a elevada rotatividade e instabilidade das equipes; o descompromisso; e fragilizam as regras da estratégia de saúde da família, como, por exemplo, a jornada de trabalho. Durante três dias, a reportagem da TRIBUNA DO NORTE visitou oito municípios. Na maioria, o tempo real de trabalho é diferente do tempo contratado.


Em torno da ESF se formou um mercado predatório, que promove uma espécie de leilão, oferecendo vantagens financeiras e de redução de jornada de trabalho inferior a 40 horas, contrariando a Portaria 648/2006. Essa barganha, aliada à precarização da relação de trabalho, fragiliza ainda mais a relação do médico com a estratégia de saúde da família.


A estratégia de Saúde da Família chega aos 167 municípios do Rio Grande do Norte. Mas a cobertura não é de 100% da população. A ESF cobre, atualmente, 77,44% da população potiguar. Ou seja, dos 3.137.541 habitantes 2.541.949 estão amparados pelas equipes do programa. Mais de 595 mil habitantes não tem cobertura nem mesmo de um agente de saúde.


Isso por uma razão: oito municípios – exatamente, os mais populosos – inclusive a capital – ainda não conseguiram implantar todas as equipes a que têm direito, e que já estão credenciadas. Juntos, os municípios de Apodi, Currais Novos, Caicó, Parnamirim, Mossoró, Macaíba, São Gonçalo do Amarante e Natal ainda poderiam implantar 224 equipes de Saúde da Família, segundo a informações disponíveis no site do Departamento de Atenção Básica, do Ministério da Saúde (DAB).


Elas estão autorizadas pelo Ministério da Saúde, com verbas garantidas, segundo a técnica que comanda o monitoramento do Saúde da Família no Estado, Uiacy Alencar, da Secretaria Estadual de Saúde Pública. No estado, 159 municípios implantaram 100% das ESFs credenciadas pelo MS, conforme levantamento extraído do DAB em 12/05.


Somente para esses oito municípios o montante de recursos que poderiam ser disponibilizados é da ordem de R$ 1,5 milhão, considerando a média de repasse por equipe, efetuado em março/2011 para cada um desses municípios. “O Ministério autorizou. O dinheiro está lá para ser disponibilizado, basta os municípios se organizarem para implantar”, diz Uiacy Alencar, da Sesap. As equipes, disse ela, foram se expandindo nos municípios sem uma condição adequada, sem que as estruturas fossem sendo ampliadas e modernizadas para dar melhor condições de trabalho aos profissionais e de atendimento.


Baixa oferta de médicos é problema


Em todos os oito municípios visitados pela TRIBUNA DO NORTE uma unanimidade: os gestores dizem que o déficit de equipes existe pela baixa oferta de profissionais, sobretudo médicos. E, por essa razão, se tornam “reféns” dos que se dispõem a cruzar os limites da capital. Para se ter idéia da dimensão desse problema, atualmente, cerca de 20% das equipes implantadas no Rio Grande do Norte estão incompletas.

A situação é comum: número de médicos é insuficiente e os que trabalham estãosobre carregados

As informações são do Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems/RN). “Enquanto perdurar esse quadro de precarização da relação de trabalho, esse verdadeiro leilão de quem oferece mais salário e mais vantagens, e o subfinanciamento, os gargalos vão continuar. Os municípios não tem como colocar mais recursos do que eles já disponibilizam”, alerta a presidente do Cosems, Solane Costa.



No município onde é secretária de Saúde, São José de Mipibu, das 16 equipes, três estão sem médico. Para garantir a permanência dos médicos, na maioria dos municípios impera um acordo entre prefeitura e profissionais para carga reduzida. E, mesmo oferecendo bons salários e vantagens em folgas, muitas vagas chegam a ficar em aberto, por três meses ou até mais.


Atualmente, segundo Uiacy Alencar, da Sesap, cerca de 90% dos contratos são precarizados – alguns até informais, ou seja, “de boca”. Oficialmente, é feito somente o registro do médico no CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde. “Não são poucos os casos que o profissional faz contrato de 40 horas, e fica apenas dois, três dias por semana”, mencionou. Normalmente, os contratos são de 11 meses, pra não gerar vínculo.


O pequeno município de Passagem, a 60 km de natal, tem um ESF e o único médico atende das 8h às 11h. Todos os dias, exceto na sexta-feira, o posto fica praticamente não tem atendimento na parte da tarde. Quem chega para alguma orientação ou solicitação é antedido pela técnica de enfermagem ou pela enfermeira.


A secretária municipal de Saúde de Passagem, Lívia Laise Lima Torres disse que a carga horária reduzida não traz prejuízo porque o município não tem área descoberta. “Não tenho nem 3 mil habitantes, então não há demanda reprimida. Se adotarmos o cumprimento dessa jornada não tem um médico que fique. Nós aceitamos as condições que eles impõem para não ficar sem médico”, afirmou.


Segundo ela “dependendo da demanda” ele fica até 13h30. Tem dias que ele chega a atender 70 pessoas. Na saída do médico anterior em 2010, a unidade ficou mais de dois meses sem médico. Ela defende que o governo federal flexibilize a carga horária, para permitir que os municípios façam contratos 20 horas. O município paga R$ 5.000,00 ao médico e mantém uma casa de apoio para os profissionais, ao lado da unidade.


RN tem 303 profissionais com mais de três vínculos


O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES traz 303 profissionais da Estratégia de Saúde da Família em 140 municípios do Rio Grande do Norte com vínculo em mais de três estabelecimentos de saúde, uma desconformidade com a recém-editada portaria 134/2001. Todos os profissionais identificados em situação irregular estão com advertência e os estabelecimentos aos quais estão cadastrados foram submetidos a análise.


A sanção prevista é a suspensão do repasse de recursos referentes ao custeio da ESF à qual o profissional está vinculado. Já no último dia 25 de abril, o Ministério da Saúde publicou quatro portarias - uma delas relacionada ao Rio Grande do Norte – suspendendo verbas em 345 municípios do país. No RN, 13 municípios tiveram repasses de recursos, da ordem de R$ 172.818, referentes às competências de janeiro, fevereiro e março, suspensos.


Exemplos de duplicidade de cadastro e de incompatibilidade de carga horária não faltam no Rio Grande do Norte. Tomando por base, as informações do CNES existem situações mais graves, onde cumprir a jornada cadastrada é humanamente impossível. Um exemplo chama atenção. O profissional é especialista em Otorrinolaringologia e tem, nada menos, que 322 horas ativas.


Para cumprir sua extensa jornada semanal ele precisa sair de Natal, onde exerce clínica médica, a São Miguel, onde tem contrato de 40 horas como médico de saúde da família. Percorre, na semana uma distância de 444 km, com passagem para trabalho em 11 municípios. O permitido para o médico é uma carga de até 64 horas.


Em Taboleiro Grande, que também teve verbas suspensas (veja gráfico), o profissional tem vínculos em sete cidades do RN e duas do CE, segundo dados do CNES da quinta-feira, 12/05. Ele soma 161 horas de jornada. Ou mesmo, um médico que atua em Macaíba e Parnamirim e consta no CNES com cadastrado em outras 9 cidades do RN. A alegação da maioria dos médicos é de que solicitam o desligamento, quando saem do município, mas não chega a ser feito.


Em Parnamirim, a médica Zélia Araújo de Medeiros Galvão se surpreendeu por saber que seu cadastro continua ativo no ESF do Capim de Bom Jesus. Há quase dois meses ele deixou a unidade. Efetivamente ela trabalha no centro de Saúde do Parque Industrial. “Não sei se foi descuido, mas já pedi pra tirar várias vezes”, diz ela.


Zélia já está cadastrada no município de Parnamirim, há mais de 30 dias. Essa é uma situação mais comum do que se pensa e, por vezes, ocorre de forma deliberada para garantir a verba do ESF. “Como o município três 90 dias para excluir o cadastrado ele segura até o limite, às vezes até conseguir novo médico”, diz Uiacy Alencar, da Sesap. No município, a coordenadora da ESF, Paula Daniela Ribeiro do Nascimento, apresentou documento para comprovar a exclusão da médica. No CNES o cadastrado continua ativo.


MPF investiga carga horária e compatibilidade


O Ministério Público Federal já abriu vários procedimentos para investigar o cumprimento da carga horária de trabalho dos profissionais de saúde e a incompabilidade. A procuradora federal Clarisier Azevedo Cavalcante de Morais citou, pelo menos, a existência de três ações que apuram esse tipo de irregularidade na Estratégia de Saúde da Família.


“É absolutamente impossível cumprir uma jornada de 120 horas. E é absurdo que a população que já sofre com tantos outros problemas no dia-a-dia,. Quando chega na unidade de saúde não tem médico porque ele não cumpre sua carga horária”, afirmou. Ele comemorou uma decisão recente da Justiça Federal condenando o atual prefeito de Equador, Vanildo Fernandes Bezerra. Ele foi acusado de acumular os cargos de médico do estado, do Saúde da Família e o cargo de secretário municipal de Saúde de Caicó.


A sentença que saiu 28 de fevereiro, suspendeu os direitos políticos do gestor pelo prazo de quatro anos, além da aplicação de multa. Ficou determinado o pagamento de multa correspondente a 30 meses de remuneração recebida na condição de médico do estado e da ESF. O médico também está proibido de contratar com o poder público por três anos.


Nos municípios de Assu, Carnaubais e Porto do Mangue, o Promotor de Justiça da 3ª Promotoria de Assu, Rafael Paes Pires Galvão, instaurou três inquéritos civis para apurar o cumprimento das 40 horas semanais e as razões para a existência de horários diferenciados. No caso de Porto do Mangue, o Promotor de Justiça teve acesso a documento que aponta para o cumprimento de apenas metade da carga horária.


As investigações levam em conta a portaria 648/GM, do Ministério da Saúde, que aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, e que estabelece o cumprimento da jornada de 40 horas semanais de todos os profissionais nas equipes de saúde da família, de saúde bucal e agentes comunitários. O presidente do Conselho Regional de Medicina, Jeancarlo Fernandes, disse que está atento a esse problema. Por orientação do Conselho Federal de Medicina, o Cremern vem apurando denúncias, por se tratar de programa com verba federal.


“Determinar o cumprimento da carga horária é um ato administrativo do gestor, mas no momento que ferir a ética médica, como o não atendimento a um paciente que vier a ter complicações, o Conselho agirá”, disse ele. Na Ouvidoria da Sesap, segundo o coordenador Beto Madruga, das 183 denúncias, mais de 21% são relativas à ausência do médico na ESF.


“Os problemas vem não para desqualificar o programa e dizer que está falido, mas pra forçar uma mudança”, acredita a presidente do Cosems, Solane Costa. Segundo ela, houve uma evolução muito grande. “Antes do programa muitos municípios sequer tinham profissionais de saúde, principalmente médico, mas atualmente, o programa requer uma resignificação, uma reavaliação profunda”, diz ela. Apesar das dificuldades, corroborou Uiacy Alencar, coordenador da ESF, na Sesap, a estratégia melhorou e muito o perfil epidemiológico do estado. O programa conseguiu melhorar o acesso ao pré-natal; aumentar a cobertura vacinal; reduzir a desnutrição e trabalhar melhor o problema da gravidez na adolescência. “Houve uma expansão do acesso à atenção primária, agora precisa trabalhar a qualidade desse acesso e o estado vai se esforçar para alcançar essa meta”.


Parnamirim e Macaíba tentam expandir Saúde da Família


Para tentar expandir as unidades de Saúde da Família, Parnamirim e
Macaíba, estão pleitando junto ao governo federal, por meio do PAC II,

recursos para construção de novas estruturas para Unidades Básicas de

Saúde.

Nelas, serão implantadas as ESFs credenciadas, mas não implantadas.

Parnamirim, por exemplo, pode implantar mais 29 unidades de Saúde da

Família.



O secretário adjunto de Saúde, Henrique Costa, salienta que não

é só construir as unidades. A exemplo de outros gestores, ele reclama

do baixo financiamento da ESF, da escassez de recursos próprios dos

municípios e da baixa oferta de médicos. São pontos que travam a

expansão do programa e até mesmo a complementação das equipes já

implantadas e que estão sem médico. Três equipes estavam sem médico até o

início de maio.


“Existe um subfinanciamento terrível. Hoje, o custeio é bancado pela

prefeitura, inclusive com complemento de salários”, afirma. Segundo ele,

o município desembolsa, por equipe, R$ 10 mil. O repasse federal do ESF

é de R$ 6.400,00 para municípios com IDH maior que 0,6 e R$ 9.600,00 no

caso de IDH menor que 0,6.


Em Parnamirim, das 71 equipes credenciadas, 42 foram implantadas. O

município pleiteia oito USBs no PAC II. Outras três estão em construção,

com recursos do Fundo Nacional de Saúde. De acordo com estimativas do

Cosems uma equipe de Saúde da Família exige investimentos entre R$ 20 e

R$ 25 mil para seu funcionamento. O Governo Federal custeia 1/3 desse

valor. No começo do programa essa parcela chegou a ser de 2/3.


A expansão do programa em Parnamirim estagnou, a partir de 2009. Em

1999, eram 06 equipes; em 2001, 12; em 2004, 22; em 2007, 36; e em 2009,

passou para 42. Há dificuldade inclusive de manter os médicos já

contratados. “Hoje, nós temos 10 médicos que acenam que vão sair do

programa, mediante assédio de cidades vizinhas”, afirmou Henrique Costa.


Na unidade de Estratégia de Saúde da Família de Bela Vista, zona rural

de Macaíba não tem médico na quarta-feira. Nesse dia, a médica dá

plantão em unidade hospitalar, em Parnamirim, onde tem contrato com

vínculo empregatício de 20 horas. Os pacientes reclamam mais presença

dela na unidade.


“Dizem que ela só não vem na quarta, mas minha primeira consulta já foi

remarcada duas vezes porque ela não veio em outros dias”, reclama Joana

D’ark Dossantos, grávida de cinco meses. Na quarta-feira, 27 de abril,

Joana tinha a segunda consulta, mas a médica estava de folga. “Todo mês a

gente quer saber como está o bebê e sem médico fica difícil”, reclama.


Segundo a enfermeira chefe da unidade, Márcia Carvalho, são realizados,

por mês, 330 atendimentos médicos, e ninguém que chega à unidade sai sem

atendimento. A área de cobertura é de 1.400 famílias no bairro Bela

Vista.


Em Macaíba, segundo o secretário de Saúde, Júnior Rego, oito unidades

foram credenciadas há 15 dias. “Estamos no planejamento para implantar

essas equipes, em prédio de novas unidades básicas no padrão que criamos

para nossa rede”, afirmou. Duas USBs já estão em construção, uma foi

concluída e outras cinco foram pleiteadas no PAC II.


O município tem 28 ESFs credenciadas e 20 implantadas, com cobertura de

76% da população. As áreas descobertas são atendidas por uma equipe

volante, própria da prefeitura. “Optamos a trabalhar dessa forma para

evitar clarões de desassistência”, disse.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Hospital Maria Alice não retoma atendimentos até o próximo dia nove

Saúde - Natal,RN


Hospital Maria Alice Fernandes


O diretor geral do Hospital Infantil Maria Alice Fernandes, Wilson Cleto, disse nesta quinta-feira (28), que apresentará uma proposta ao secretário de saúde do estado, Domício Arruda, para a retomada das atividades na unidade. A proposta deve ser discutida em uma reunião marcada para a tarde desta sexta-feira (29), prevendo o retorno parcial dos atendimentos do hospital para o próximo dia nove de maio.
Wilson explica que a ideia, por enquanto, é apenas uma proposta, e só será viável caso a unidade atenda apenas às urgências referenciadas. O diretor afirma que se o Maria Alice se limitar a atender os casos “realmente de urgência” é possível fechar a escala de maio com os 16 pediatras que o hospital dispõe. Segundo Wilson, das 300 crianças que procuram o Hospital Maria Alice, cerca de metade apresentam casos de ordem ambulatorial.
Com relação aos sete novos médicos, com contratação publicada hoje (28), Wilson Cleto afirma que só pode tratar do assunto quando eles se apresentarem. Por lei, os profissionais têm 30 dias para fazê-lo, e podem pedir adiamento deste prazo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Currais Novos: urgência do hospital regional é fechada por falta de plantonistas

Saúde - Currais Novos,RN


Rafael Barbosa - Repórter da Tribuna do Norte


A urgência do Hospital Regional Doutor Mariano Coelho, de Currais Novos, está fechada por 24 horas. O médico plantonista do dia avisou que não iria comparecer para o trabalho e, devido a isso, o diretor médico da unidade, Pedro Cabral, comunicou que o hospital estará fechado. Ele solicitou uma viatura da Polícia Militar para dar suporte à urgencia.



Fechamento


Pedro Cabral informou que a urgência pode fechar por tempo indeterminado a partir da próxima sexta-feira (29) por falta de médicos. Segundo o diretor administrativo da unidade, Bernardo Gomes, o hospital só tem quatro médicos plantonistas concursados pelo Estado, e atende a 24 municípios da região Seridó.

A direção do hospital enviou um ofício ao Governo do Estado esta semana, e, caso as reivindicações não sejam cumpridas, a unidade hospitalar paralisará as atividades. Além da disponibilização de mais médicos, também foi pedido ao Governo mais recursos para o hospital.


O hospital


Na sua fundação, em 1943, era administrado pela diocese de Caicó. Inicialmente funcionou na Casa de São Vicente em forma de albergue, recolhendo os que necessitavam de abrigo ou os acometidos de enfermidades. No ano de 1964, o RN cedeu à paróquia de Sant'Ana, diocese de Caicó, instalações edificadas conforme arquitetura hospitalar, onde hoje funciona o Hospital Regional, dando início a uma parceria entre o Estado e a fundação "Padre João Maria e Maternidade Ananília Regina".

O Hospital é uma sociedade de fins filantrópicos reconhecida pelo Ministério de Assistência e Promoção Social conveniado com a Secretaria Pública do Estado do Rio Grande do Norte. As decisões são tomadas mediante um Conselho Administrativo no qual é representado pela Fundação Padre João Maria (entidade da diocese de Caicó) e pela Diretoria Executiva que é formada por três diretores.

O Hospital tem alcance regional e atende 24 municípios da região, sendo estes: Acari, Bodó, Caicó, Campo Redondo, Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Equador, Florânia, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santa Cruz, Santana do Matos, Santana do Seridó, São João do Sabugi, São José do Seridó, São Vicente, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba dos Batista.

Mensalmente o atendimento de urgência recebe cerca de 4.800 usuários e realiza uma média de 520 internações. O Hospital possui 108 leitos, desses 96 estão cadastros no SUS. Dispõe também de atendimentos diversos em clínicas específicas para tratamentos como Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Clínica Obstétrica, Clínica Pediátrica, UTI Geral Adulto, UTI Neonatal, Centro Cirúrgico, Centro Obstétrico e outros.

O Hospital está inserido em vários programas e projetos, tais como: Programa de Aleitamento Materno, Programa de Humanização (Posso Ajudar), Programa Multiplicação, Programa Renascer, Projeto Alma - Arte Livre Mente Aberta, Projeto Atando Laços com a Vida e o Projeto Reciclar.


* Com informações de Jota Dantas.

sábado, 23 de abril de 2011

Fechamento de pronto-socorro do Maria Alice sobrecarrega outros hospitais

Saúde - Natal,RN


O fechamento do pronto-socorro do Hospital Infantil Maria Alice Fernandes, no Conjunto Parque dos Coqueiros, Zona Norte de Natal, na última sexta-feira, vai sobrecarregar outros hospitais, como o Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, o Walfredo Gurgel, e o Santa Catarina, também na Zona Norte, para onde as crianças estão sendo encaminhadas, segundo o médico José Madson Vidal, diretor presidente da Cooperativa dos Anestesistas. “O fechamento do maior pronto-socorro pediátrico do estado é muito grave. Não podiam fechar”, afirma o médico, que também trabalha no Maria Alice.



A suspensão do atendimento obrigou centenas de pais a procurarem atendimento em outro lugar. Por dia, o pronto-socorro atendia cerca de 300 crianças. Quase 3 mil deixarão de ser atendidas até 1º de maio, quando o pronto-socorro, segundo o secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, deverá ser reaberto. A equipe de reportagem percorreu as principais unidades de saúde da região, neste sábado, e encontrou vários pacientes que passaram pelo Maria Alice e não foram atendidos.