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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Câncer de próstata

Saúde - Novembro Azul

Câncer de próstata ou cancro da próstata é uma doença na qual ocorre o desenvolvimento de um cancro/câncer na próstata, uma glândula do sistema reprodutor masculino. Ocorre quando as células da próstata sofrem mutações e começam a se multiplicar sem controle. Estas células podem se espalhar (metástase) a partir da próstata em direção a outras partes do corpo, especialmente ossos e linfonodos. O câncer de próstata pode causar dor, dificuldade em urinar, disfunção erétil e outros sintomas.
As taxas de incidência deste tipo de carcinome variam amplamente no mundo: o câncer é menos comum no sul e leste da Ásia e mais comum na Europa e Estados Unidos.[1] O câncer é menos comum entre homens asiáticos e mais comum entre homens negros.[2][3]
Este tipo de câncer se desenvolve mais frequentemente em homens acima dos 50 anos de idade. Ocorre somente em homens, já que a próstata é uma glândula exclusiva deste sexo. É o tipo de câncer mais comum em homens nos Estados Unidos, país em que é a segunda maior causa de mortes masculinas por câncer, atrás somente do câncer de pulmão. Entretanto, muitos homens que desenvolvem câncer de próstata não apresentam sintomas e acabam morrendo por outras causas. Muitos fatores, incluindo genética e dieta, tem sido relacionados ao desenvolvimento do câncer de próstata.
O câncer de próstata é mais frequentemente descoberto através de exame físico ou por monitoração dos exames de sangue, como o teste do "PSA" (sigla em inglês para antígeno prostático específico). Atualmente existe alguma preocupação sobre a acurácia do teste de PSA e sua real utilidade. Uma suspeita de câncer de próstata é tipicamente confirmada ao se remover uma amostra da próstata (biópsia) e examinando-a sob microscópio. Outros exames, como raio-X e exames de imagem para os ossos, podem ser realizados para determinar se o câncer de próstata se espalhou.
O câncer de próstata pode ser tratado com cirurgia, radioterapia, terapia hormonal, quimioterapia, protonterapia ou alguma combinação destes. A idade e saúde do homem, assim como a extensão da dispersão das células, aparência sob análise microscópica e resposta do câncer ao tratamento inicial são importantes em determinar o desfecho da doença. Já que o câncer de próstata é uma doença de homens idosos, muitos irão morrer de outras causas antes que uma lenta evolução do câncer de próstata possa se espalhar ou causar sintomas. Isso faz com que a escolha do tratamento a ser utilizado seja difícil.[4] A decisão de tratar ou não um câncer de próstata localizado (um tumor que está contido no interior da próstata) com intenção de cura é um dilema entre os benefícios esperados e os possíveis efeitos danosos em relação à sobrevivência e qualidade de vida do paciente.


Próstata

A próstata é um órgão do sistema reprodutor masculino que ajuda a produzir e armazenar fluido seminal. Nos homens adultos, a próstata normal possui cerca de 3 centímetros de comprimento e pesa cerca de vinte gramas.[5] Está localizada na pelve, abaixo da bexiga urinária e na frente do reto. A próstata envolve parte da uretra, o ducto que carrega a urina da bexiga durante o ato de urinar e carrega o sêmen durante a ejaculação.[6] Devido a sua localização, as doenças da próstata geralmente afetam o controle urinário, ejaculação e raramente defecação. A próstata contém pequenas glândulas que produzem cerca de vinte por cento do fluido que constitui o sêmen.[7] No câncer de próstata, estas células sofrem mutações e se transformam em células cancerosas. As glândulas da próstata necessitam de hormônios masculinos, conhecidos como andrógenos, para funcionar corretamente. Os andrógenos incluem a testosterona, que é produzida nos testículos, a dehidroepiandrosterona, produzida nas supra-renais e a dihidrotestosterona, que é convertida a partir da testosterona no interior da próstata. Os andrógenos também são responsáveis pelas características sexuais secundárias dos homens, como os pêlos da face e uma massa muscular aumentada.


Sintomas

O câncer de próstata precoce não causa sintomas. Geralmente é diagnosticado após um teste de PSA elevado. Às vezes, entretanto, o câncer de próstata causa sintomas semelhantes aos da hiperplasia prostática benigna. Estes sintomas incluem polaciúria, urinar mais à noite, dificuldade em iniciar e manter um jato contínuo de urina, sangue na urina e ato de urinar doloroso. O câncer de próstata pode também causar problemas com a função sexual, como dificuldade em atingir uma ereção ou ejaculação dolorosa.[8]
O câncer de próstata avançado pode causar sintomas adicionais à medida que a doença se espalha para outras partes do corpo. O sintoma mais comum é dor óssea, geralmente nas vértebras (ossos da coluna), pelve ou costelas, do câncer que se espalhou para estes ossos. O câncer de próstata na coluna pode também comprimir a medula espinhal, causando fraqueza nas pernas e incontinência urinária e fecal.


Patofisiologia


 O câncer de próstata é classificado como um adenocarcinoma, ou câncer glandular, que inicia quando as células glandulares secretoras de sêmen da próstata sofrem mutações e se transformam em células cancerosas. A região da próstata em que o adenocarcinoma é mais comum é a zona periférica. Inicialmente, pequenos agrupamentos de células cancerosas se mantêm confinados às glândulas prostáticas normais, uma condição conhecida como carcinoma in situ ou neoplasia intraepitelial prostática (NIP ou PIN). Embora não haja prova de que a NIP seja uma precursora do câncer, ela está intimamente relacionada ao câncer. Ao longo do tempo estas células cancerosas começam a se multiplicar e se espalhar para o tecido prostático circundante (o estroma) formando um tumor. Finalmente, o tumor por crescer ao ponto de invadir órgãos próximos a ele, como as vesículas seminais ou o reto. As células tumorais ainda podem desenvolver a habilidade de viajar através da corrente sanguínea e sistema linfático. O câncer de próstata é considerado um tumor maligno porque é uma massa de células que pode invadir outras partes do corpo. Esta invasão de outros órgãos é chamada de metástase. O câncer de próstata geralmente gera metástase nos ossos, linfonodos, reto e bexiga urinária.


Diagnóstico

Biópsia

Se há suspeita de câncer, realiza-se uma biópsia da próstata. Durante a biópsia o urologista obtém amostras do tecido da próstata através do reto. Uma pistola de biópsia insere e remove agulhas especiais (geralmente três a seis em cada lado da próstata) em menos de um segundo. As biópsias de próstata são feitas rotineiramente e raramente necessitam de hospitalização. Cinquenta e cinco por cento dos homens relatam desconforto durante o procedimento.

Escore de Gleason

As amostras de tecido da próstata são então examinadas sob microscópio para determinar se há presença de células cancerosas e para avaliar as características microscópicas (ou escore de Gleason) de algum câncer encontrado.

Marcadores tumorais

As amostras de tecidos podem ser coradas para investigação da presença de antígeno prostático específico (PSA) ou outros marcadores tumorais a fim de determinar a origem de células malignas que sofreram metástase

Estadiamento

Uma importante parte na avaliação do câncer de próstata é a determinação do estágio, que significa o quão longe o câncer já se espalhou. Conhecer o estágio ajuda a definir o prognóstico e é útil para se escolher a terapia. O sistema mais comum é o sistema de quatro estágios, o sistema TNM (abreviação para Tumor/linfoNodos/Metástases). Seus componentes incluem o tamanho do tumor, o número de linfonodos envolvidos e a presença de alguma metástase.
A distinção mais importante feita pelo estadiamento é se o câncer está ou não ainda confinado à próstata. No sistema TNM, os cânceres T1 e T2 são encontrados somente na próstata, ao passo que os T3 e T4 já se espalharam. Diversos testes podem ser usados para procurar evidências da dispersão do câncer (metástase). Eles incluem tomografia computadorizada para avaliar a dispersão na pelve, cintilografia dos óssos para procurar sinais nos ossos e ressonância magnética para avaliar a cápsula prostática e vesículas seminais. Os exames dos ossos mostram aparência osteoblástica devido a uma densidade óssea aumentada nas áreas em que há metástase óssea - em oposição ao que é observado em muitos outros cânceres que metastatizam.
Depois de uma biópsia da próstata, o patologista observa as amostras sob microscópio. Se o câncer estiver presente, o patologista relata o grau do tumor. O grau revela quanto o tumor se diferencia do tecido prostático normal e sugere quão rápido o tumor irá crescer. O sistema de Gleason é usado para graduar tumores de 2 a 10, sendo o escore de Gleason 10 indicando as maiores anomalias. O patologista atribui um número de 1 a 5 para o padrão mais comum observado na amostra sob o microscópio, e então atribui outro número de 1 a 5 para o segundo padrão mais comum. A soma destes dois números é o escore de Gleason. A graduação adequada do tumor é crítica, já que o grau do tumor é um dos principais fatores usados para determinar qual tratamento será recomendado.

Tratamento

O tratamento é variável e depende do estadiamento da neoplasia que, grosso modo, pode ser dividido em tumor localizado e tumor metastático.
O tratamento do tumor localizado pode ser cirúrgico ou radioterápico.
O tratamento de tumor metastático baseia-se no bloqueio hormonal da testosterona, inibindo assim o crescimento da massa tumoral sendo frequentemente um tratamento adicional importante. Podem ser utilizados vários tipos de drogas com eficácia e efeitos colaterais variáveis que devem ser levados em conta no momento da escolha do tratamento.

Cirurgia

A remoção cirúrgica da próstata, ou prostatectomia, é um tratamento comum tanto para os cânceres de estágio precoce, quanto para cânceres que falharam em responder à radioterapia. O tipo mais comum é a prostatectomia retropúbica radical, quando o cirurgião remove a próstata através de uma incisão abdominal. Outro tipo é a prostatectomia perineal radical, quando o cirurgião remove a próstata através de uma incisão no períneo, a pele entre o escroto e o ânus. A prostatectomia radical pode também ser realizada laparoscopicamente, através de diversas pequenas incisões (1 cm) no abdômen, com ou sem o auxílio de um robô cirúrgico. A cirurgia robótica é o método preferido no caso de pacientes obesos, devido à dificuldade das operações por cirurgia aberta e por laparoscopia.[13] Porém esse procedimento demora mais tempo, em média o dobro em relação à cirurgia aberta.[13]
A prostatectomia radical é eficiente contra tumores que ainda não se espalharam além da próstata;[14] com as taxas de cura dependendo dos fatores de risco como o nível de PSA e escore de Gleason. Entretanto, ela pode causar lesão nos nervos que significativamente pode alterar a qualidade de vida de um sobrevivente do câncer de próstata. As complicações sérias mais comuns da cirurgia são incontinência urinária e impotência. Embora a sensação peniana e a habilidade de se atingir o orgasmo geralmente permaneçam intactas, a ereção e ejaculação frequentemente são prejudicadas. Medicamentos como a sildenafila (Viagra), tadalafila (Cialis) ou vardenafila (Levitra) podem recuperar em algum grau a potência. Para a maioria dos homens com doença restrita à próstata, uma técnica cirúrgica que preserva os nervos pode ajudar a evitar a incontinência urinária e impotência.[15]
A prostatectomia radical tem tradicionalmente sido utilizada sozinha quando o câncer é pequeno. Quando há margens positivas ou doença localmente avançada, a radioterapia adjuvante pode oferecer uma melhor sobrevivência. A cirurgia também pode ser oferecida quando o câncer não responde à radioterapia. Entretanto, como a radioterapia causa mudanças teciduais, a prostatectomia após a radioterapia possui um risco maior de complicações.
A prostatectomia radical laparoscópica é forma mais moderna da clássica prostatectomia retropúbica radical. Em contraste com a cirurgia aberta do câncer de próstata, a prostatectomia radical não requer uma grande incisão. Utilizando tecnologia moderna, como a miniaturização e fibras ópticas, a prostatectomia radical laparoscópica é um tratamento minimamente invasivo para o câncer de próstata.
A ressecção transuretral de próstata, geralmente chamada de "RTU de próstata", é um procedimento cirúrgico realizado quando o canal entre a bexiga e o pênis (uretra) é bloqueada pelo aumento da próstata. A RTU de próstata é geralmente realizada para doença benigna (hiperplasia prostática benigna) e não é considerada um tratamento definitivo para o câncer de próstata. Durante o procedimento, um cistoscópio é inserido no pênis, e a próstata bloqueada é cortada.
Na doença metastática, quando o câncer já se espalhou além da próstata, a remoção dos testículos (chamada de orquiectomia) pode ser realizada para diminuir os níveis de testosterona e controlar o crescimento do câncer. (Ver terapia hormonal, abaixo)


Terapia hormonal

A terapia hormonal usa medicamentos ou cirurgia para impedir que as células do câncer de próstata adquiram dihidrotestosterona (DHT), um hormônio produzido na próstata que é necessário para o crescimento e dispersão da maioria das células do câncer de próstata. O bloqueio do DHT geralmente faz com que o câncer de próstata pare de crescer e até mesmo diminua. Entretanto, a terapia hormonal raramente cura o câncer de próstata porque os cânceres que inicialmente respondem à terapia hormonal geralmente se tornam resistentes após um ou dois anos. A terapia hormonal é então usada quando o câncer já se espalhou da próstata. Também pode ser administrada para alguns homens que estão sob radioterapia ou fizeram cirurgia, para prevenir o retorno de seu câncer.[16]
A terapia hormonal para o câncer de próstata age nas vias metabólicas que o corpo usa para produzir a DHT. Um ciclo de retroalimentação envolvendo os testículos, hipotálamo, hipófise, supra-renais e próstata controla os níveis sanguíneos de DHT. Primeiro, os baixos níveis sanguíneos de DHT estimulam o hipotálamo a produzir hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). O GnRH então estimula a hipófise a produzir hormônio luteinizante (LH), o qual estimula os testículos a produzir testosterona. Finalmente, a testosterona dos testículos e a dehidroepiandrosterona das glândulas supra-renais estimulam a próstata a produzir mais DHT. A terapia hormonal diminui os níveis de DHT pois interrompe esta via metabólica em algum ponto.
Existem diversas formas de terapia hormonal para o câncer de próstata:

  • Orquiectomia é a cirurgia para remover os testículos. Como os testículos produzem a maior parte da testosterona do corpo, a sua remoção cirúrgica faz com que os níveis de testosterona caiam logo em seguida. Com isso, a próstata não somente deixa de receber estímulo da testosterona para produzir mais DHT, como também não possui testosterona suficiente para transformá-la em DHT.
  • Antiandrógenos são medicamentos como flutamida, bicalutamida, nilutamida, e acetato de ciproterona que diretamente bloqueiam as ações da testosterona e da DHT no interior das células do câncer de próstata.
  • Medicamentos que bloqueiam a produção dos andrógenos supra-renais como a DHEA incluem o cetoconazol e a aminoglutetimida. Como as glândulas supra-renais produzem somente cerca de 5% dos andrógenos do corpo, estes medicamentos são geralmente usados somente em combinação com outros métodos que possam bloquear os 95% de andrógenos produzidos pelos testículos. Estes métodos combinados são chamados de bloqueio androgênico total (BAT). O BAT também pode ser obtido com o uso de antiandrógenos.
  • A ação do hormônio liberador de gonadotrofina pode ser interrompida de duas maneiras. Os antagonistas do GnRH impedem a produção de LH diretamente, enquanto os agonistas do GnRH inibem o LH através de um processo de regulação para baixo (downregulation) após um efeito de estimulação inicial. Abarelix é um exemplo de antagonista do GnRH, enquanto os agonistas do GnRH incluem leuprolida, goserelin, triptorelin e buserelin. Inicialmente, os agonistas do GnRH aumentam a produção do LH. Entretanto, como o constante fornecimento desta medicação não coincide com o ritmo de produção natural do corpo, a produção de LH e GnRH diminui após algumas semanas.[17]
Os tratamentos hormonais que mais têm sucesso são a orquiectomia e os agonistas do GnRH. Apesar de seu elevado custo, os agonistas do GnRH são geralmente escolhidos ao invés da orquiectomia, por questões cosméticas e emocionais.
Cada tratamento possui desvantagens que limitam seu uso em certas circunstâncias. Apesar de a orquiectomia ser uma cirurgia de baixo risco, o impacto psicológico da remoção dos testículos pode ser significante. A perda de testosterona também causa ondas de calor, ganho de peso, perda da libido, aumento das mama (ginecomastia), impotência e osteoporose. Os agonistas do GnRH podem causar os mesmos efeitos da orquiectomia mas podem causar piores sintomas no início do tratamento. Quando os agonistas do GnRH começam a ser usados, os aumentos de testosterona podem levar a uma dor aumentada nos ossos (originada do câncer metastático), então antiandrógenos são usados para diminuir estes efeitos colaterais. Os estrógenos não são comumente utilizados pois eles aumentam o risco de doença cardiovascular e trombose. Os antiandrógenos geralmente não causam impotência e geram menos dor nos óssos e massa muscular. O cetoconazol pode causar lesões no fígado com o uso prologando e a aminoglutetimida pode causar rashes cutâneos.

Prognóstico

As taxas de câncer de próstata são maiores e o prognóstico é pior em países desenvolvidos do que no resto do mundo. Muito dos fatores de risco para o câncer de próstata são mais prevalentes nos países desenvolvidos, incluindo maior expectativa de vida e dietas rica em carne vermelha e derivados do leite.[18]
Também, onde há maior acesso a programas de monitoramento, existe uma taxa maior de detecção. O câncer de próstata é o nono câncer mais comum no mundo, mas é o primeiro câncer (excluindo os de pele) em homens nos Estados Unidos. O câncer de próstata afetou dezoito porcento dos homens norte-americanos e causou morte em 3% em 2005.[19] No Japão, as mortes por câncer de próstata foram 20% a 50% das taxas nos Estados Unidos e Europa nos anos 1990s.[20] Na Índia, nos anos 1990s, metades das pessoas com câncer de próstata restrito à próstata morreram em 10 anos.[21] Homens negros possuem 50-60 vezes mais câncer de próstata e mais mortes por câncer do que homens em Shanghai, China.[22] Na Nigéria, dois por cento dos homens desenvolvem câncer de próstata e 64% deles morrem após dois anos.[23]
Em pacientes sob tratamento, os indicadores de prognóstico clínico da doença são o estadiamento, nível de PSA antes da terapia e escore de Gleason. Em geral, quando maior o grau e o estadiamento, pior o prognóstico. Pode-se utilizar normogramas para calcular o risco estimado de um paciente. As predições são baseadas em experiências em grandes grupos de pacientes que sofreram de câncer em diversos estadiametos.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Tumor cerebral

Saúde

O que é Tumor cerebral?

Tumor cerebral é o crescimento anormal de células dentro do crânio que leva à compressão e lesão de células normais do cérebro. Podem ser "benignos" ou malignos, sendo que apenas os tumores malignos são denominados de câncer.
Geralmente esses tumores podem ser divididos em duas categorias:
  • Tumor cerebral primário: quando o tumor tem origem dentro do próprio crânio
  • Tumor metastático, metástase ou tumor cerebral secundário: quando o tumor tem origem em outro órgão e se espalha pelo corpo.

Causas

As causas são variadas e muitas vezes desconhecidas. Quando a pessoa tem um tumor no pulmão, por exemplo, algumas células dessa lesão podem cair na corrente sanguínea e se instalar em qualquer parte do organismo, inclusive no cérebro.

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Ilustração do cérebro humano
O cérebro é composto, resumidamente, pelos hemisférios cerebrais, o cerebelo (em azul, na figura), e tronco cerebral (que sustenta todo o cérebro); o revestimento do cérebro e da medula espinhal é feito pelas meninges, que são duas membranas, uma grudada ao cérebro, a outra ao crânio (por dentro) entre as quais corre um líquido, denominado de líquor.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Brasil, 4% das mortes por câncer no Brasil estão relacionadas com os tumores cerebrais. Nos Estados Unidos, 1 em cada 5 mil pessoas desenvolve um tumor cerebral ao longo da vida. Além dos tumores próprios do cérebro, 25% dos tumores de origem em outras regiões do corpo dão metástases (se espalham) no cérebro.

Tipos

Existem quase 100 tipos de tumores cerebrais, que geralmente recebem o nome do tipo da célula da qual se desenvolve. A maioria dos tumores no cérebro origina-se nas células gliais, que sustentam as células nervosas do órgão. Um tumor de células gliais é denominado glioma.
Os tumores cerebrais são classificados em grupos e de acordo com a rapidez com que se desenvolvem. Como regra geral, o tumor de menor grau é considerado menos agressivo, enquanto o de maior grau é o mais agressivo.

O tumor menos agressivo, geralmente é:

  • De crescimento relativamente lento
  • Improvável que retorne, em caso de remoção completa
  • Improvável que tenha se espalhado para outras regiões
  • Pode apenas necessitar de cirurgia.

Já para um tumor agressivo, geralmente:

  • Cresce relativamente rápido
  • É provável que retorne após a cirurgia, mesmo que completamente removido
  • Pode apresentar metástase em outras regiões
  • Não podem ser tratados apenas cirurgicamente, são necessários os tratamentos radioterápicos e quimioterápicos para evitar a recidiva.

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Ilustração de um tumor no cérebro

Meningiomas

Os meningiomas representam 25 % dos tumores cerebrais, sendo mais comuns em pessoas mais velhas e em mulheres, normalmente provenientes das meninges do cérebro e medula espinhal e frequentemente encontrados na parte frontal ou posterior do cérebro
Alguns meningiomas são atípicos, isto é, seu comportamento é mais agressivo que o esperado para meningiomas. Eles podem crescer em torno do tecido cerebral e retornar após a sua remoção. Os sintomas dos meningiomas variam muito, dependendo de onde no cérebro estão crescendo. Mais comum em adultos de meia idade, especialmente mulheres.

Gliomas

Mais da metade dos tumores cerebrais em adultos são gliomas, que estão divididos em três tipos:

1. Astrocitoma

É o tipo mais comum de glioma a se desenvolver a partir de células denominadas astrócitos. Os astrocitomas podem ser de crescimento lento ou rápido. Alguns são bem localizados (focal), o que significa dizer que é fácil identificar o limite entre o tumor e o tecido cerebral normal num exame de imagem ou mesmo durante uma cirurgia.
Outros tipos de Astrocitomas são chamados difusos. Esses não têm um limite claro entre o tumor e o tecido normal do cérebro. No interior do tumor pode-se desenvolver um astrocitoma com maior malignidade. Os tipos de tumores cerebrais mais comuns em adultos são o Astrocitoma Anaplásico e o Glioblastoma Multiforme. A remoção completa por cirurgia é possível se o tumor estiver no início do seu desenvolvimento.

2.Ependinoma

Aproximadamente 6% dos tumores cerebrais são Ependinomas, que se desenvolvem a partir das células ependimais e do quarto ventrículo. Estas células forram as áreas preenchidas pelo fluído do cérebro (os ventrículos) e espinha dorsal. Lesões primárias também podem se desenvolver na medula espinhal. A maioria dos ependinomas são diagnosticados em crianças ou adolescentes. Ocasionalmente os ependinomas podem apresentar metástase dentro do sistema nervoso central, pelo contato com o líquor.

3. Oligodendroglioma

Cerca de 5% dos tumores cerebrais são oligodendrogliomas, que se desenvolvem a partir das células da oligodendroglia, células de sustentação do tecido cerebral. Os oligodendrogliomas são mais frequentemente encontrados na parte frontal do cérebro, no lóbulo temporal ou frontal, podendo ser de crescimento rápido. São mais frequentes em adultos, mas não é incomum em crianças.

Meduloblastoma

Meduloblastoma é o tipo mais comum de PNET (Tumor neuroectodermal) que cresce no cerebelo, corresponde de 15% a 20% de todos os tumores cerebrais em crianças, mais frequente entre os 5 a 9 anos. Afeta mais meninos do que meninas, 30% ocorrem em jovens adultos. São tumores que podem se desenvolver rapidamente, espalhando-se para outras partes do Sistema Nervoso pelo líquido cefalorraquidiano (LCR).

Tumores da Hipófise

A hipófise, localizada na base do crânio, controla grande parte do sistema endócrino do corpo. Usualmente, os tumores da hipófise são benignos e secretam quantidades excessivas de hormônios: o aumento do hormônio do crescimento acarreta uma estatura extrema (gigantismo) ou um crescimento desproporcional da cabeça, rosto, mãos, pés e tórax (acromegalia), o aumento de corticotropina resulta na Síndrome de Cushing, o aumento do hormônio estimulante da tireoide acarreta o hipertireoidismo, o aumento de prolactina interrompe os períodos menstruais (amenorreia), causa produção de leite na mama de mulheres que não estão amamentando (galactorreia) e causa crescimento das mamas em homens (ginecomastia).
Os tumores da hipófise também podem destruir tecidos secretores de hormônios, o que finalmente traz consigo níveis insuficientes de hormônios no organismo. Outros sintomas podem incluir dor de cabeça e perda dos campos visuais externos de ambos os olhos.

Craniofaringioma

Os craniofaringiomas são tumores que crescem na base do cérebro, logo acima da hipófise e são frequentemente diagnosticados em crianças, adolescentes e adultos jovens. Eles não costumam se espalhar, mas estão perto de estruturas importantes no cérebro e podem causar problemas à medida que se desenvolvem. Os craniofaringiomas podem causar alterações na visão e desequilíbrio hormonal. Crianças com craniofaringioma podem ser obesas e apresentarem problemas de crescimento.

Hemangioblastoma

Cerca de 2% dos tumores cerebrais são Hemangioblastomas. Estes tumores crescem a partir de células dos vasos sanguíneos, mas podem se desenvolver no tronco cerebral.

Neuroma Acústico

Este tumor cresce no nervo auditivo que controla a audição e o equilíbrio localizado entre o cerebelo e a ponte. Geralmente é de crescimento lento, não se espalha e é encontrado com mais frequência em pessoas de meia idade, duas vezes mais em mulheres do que em homens. A perda de audição em um dos ouvidos pode ser um sinal de neuroma acústico.

Tumores da Região Pineal

A glândula pineal ou epífise está no meio do cérebro, logo atrás da parte superior do tronco cerebral, e produz a melatonina. Estes tumores são raros, apenas 1% dos tumores cerebrais diagnosticados são tumores da glândula pineal. Vários tipos diferentes de tumores podem crescer na região pineal, incluindo gliomas. Os tipos mais comuns são chamados de tumores de células germinativas.

Tumores da Medula Espinhal

São tumores raros do sistema nervoso central e estão localizados na medula, são capazes de comprometer varias funções dependendo da localização podendo causar dor, dormência, formigamento e fraqueza, espasmos, fraqueza, má coordenação e diminuição ou alterações da sensibilidade. O tumor também pode causar dificuldade miccional, incontinência urinária ou constipação intestinal. Muitos tumores podem ser removidos cirurgicamente.

Linfomas

Ocasionalmente, os linfomas se iniciam no cérebro, e são chamados de linfoma cerebral. Podem ser múltiplos. Os sintomas iniciais podem ser alterações na personalidade e convulsões ou alterações neurológicas. Os fatores de risco são a AIDS ou a imunossupressão como a que ocorre no câncer, transplante de órgãos ou tratamento de desordens autoimunes. A incidência é de 3 pessoas em cada 1 milhão.

Fatores de risco

O câncer do sistema nervoso central (que inclui o cérebro e a medula espinhal), assim como os cânceres de outros órgãos, é causado por anormalidades (mutações) dos genes nesse tecido. Embora a grande maioria dos casos ocorra ao acaso, há alguns fatores relacionados a um risco aumentado para estas mutações, e consequentemente para o câncer do SNC.
  • Gênero: o câncer do SNC é mais comum em homens do que em mulheres
  • Idade: embora possa desenvolver-se em qualquer idade, é mais comum nos idosos (acima de 65 anos)
  • Radiação: ocorre com maior frequência em pessoas que fizeram tratamento de radioterapia na cabeça anteriormente
  • É mais frequente em pessoas que tenham passado por tratamento de leucemia durante a infância
  • Exposição ao cloreto de vinil (utilizado na produção de plástico)
  • Pacientes com baixa imunidade
  • Pacientes com infecções pelo HIV.

Sintomas de Tumor cerebral

Tumores do cérebro afetam diferentes funções e podem causar diferentes sintomas:
  • Dor de cabeça, náuseas e vômitos persistentes
  • Alterações visuais e auditivas
  • Convulsão
  • Agitação motora
  • Fraqueza ou rigidez muscular
  • Perda de sensibilidade em qualquer parte do corpo
  • Falta de coordenação
  • Dificuldade para falar ou entender o que é dito
  • Esquecimento das palavras
  • Problemas com leitura e escrita de modo inexplicável
  • Movimentos involuntários.

Diagnóstico de Tumor cerebral

O diagnóstico começa na própria consulta na qual o médico faz um levantamento do histórico do paciente e dos dados necessários para determinar se há probabilidade de ser ou não um tumor. A seguir, deverá realizar um exame neurológico, que permite a avaliação das funções nervosas e suas alterações.
O médico suspeita de um tumor cerebral quando o paciente apresenta um conjunto de sintomas característicos. Nesse caso ele deverá pedir exames complementares, tais como: eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, entre outros. Radiografias simples do crânio e do cérebro não ajudam muito no diagnóstico da grande maioria de tumores cerebrais.
O tumor cerebral pode ser identificado em uma tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Esses dois exames podem dimensionar o tumor e indicar a sua exata localização, entretanto outros devem ser realizados para que maiores detalhes sobre o tumor possam ser avaliados.

Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética

A Tomografia Computadorizada utiliza raios X e um computador de varredura que reproduz imagens realçadas do cérebro. A Ressonância Magnética combina um forte magnetismo e ondas de rádio para reproduzir imagens realçadas do cérebro.

Biópsia Estereotáxica

Durante a biópsia, uma amostra do tumor é retirada e examinada em laboratório para determinar se é benigno ou maligno. A biópsia estereostática é normalmente utilizada quando o tumor está em uma parte do cérebro difícil de ser alcançada. Geralmente utiliza-se uma estrutura especial para ajudar a segurar a cabeça do paciente. Depois de aplicada uma anestesia local, o cirurgião irá inserir uma agulha estreita através do crânio até chegar ao tumor e remover células tumorais para exame em laboratório.

Tratamento de Tumor cerebral
Nem todos os tumores cerebrais são câncer, mas como o crânio é uma "caixa fechada", mesmo os tumores benignos do SNC podem ser muito graves, pois comprimem estruturas vitais do cérebro.
O tratamento do tumor cerebral é feito de modo multidisciplinar, com a decisão conjunta entre um neurocirurgião, um radioterapêuta, um oncologista, e frequentemente um neurologista.
A combinação individualizada das diversas modalidades de tratamento (cirurgia, radioterapia, tratamento sistêmico) oferece as melhores possibilidades terapêuticas aos pacientes.

Tratamento cirúrgico

O tratamento cirúrgico de um tumor cerebral depende, essencialmente, de sua localização e tipo; muitos tumores cerebrais podem ser removidos sem causar lesão no tecido cerebral normal, contudo, alguns se desenvolvem em uma área que torna a remoção difícil, pois estruturas essenciais podem ser comprometidas.
A ressecção de um tumor é necessária se o seu crescimento afetar estruturas cerebrais importantes; mesmo em casos em que a cirurgia não seja curativa, o procedimento poderá ser útil para reduzir o tamanho do tumor, aliviar os sintomas e permitir ao médico determinar de que tipo de tumor se trata e se outro tipo de tratamento poderia ser adequado.

Tratamento sistêmico (inclui o quimioterápico)

O tratamento pode ser feito apenas com medicamentos ou em combinação com outros tipos de tratamentos, como a cirurgia ou radioterapia.
A quimioterapia ataca as células tumorais, mas também as células normais. Por isso, é frequente aparecerem efeitos colaterais. Pode ser administrada por via intravenosa, por via oral ou ainda por um implante no cérebro.
Recentemente vem-se usando medicações que inibem o crescimento dos vasos que nutrem o tumor. São os chamados anti-angiogênicos.

 
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Tratamento radioterápico

A radioterapia pode ser usada isoladamente ou em combinação com cirurgia, quimioterapia ou ambos. Quimioterápicos podem ser utilizados como drogas radiosensibilizantes, que tornam as células tumorais mais sensíveis à radiação.
É estritamente essencial um equipamento moderno de radioterapia, para tratar de maneira adequada o tecido tumoral, poupando ao máximo o tecido cerebral em volta.

Tratamento das metástases

O tratamento das metástases cerebrais depende em grande medida da região onde se originou o tumor. Muitas vezes, ser realiza radioterapia para tratar metástases cerebrais.
O tratamento cirúrgico pode ser útil em caso de existirem apenas uma ou duas metástase, desde que a doença esteja controlada no restante do corpo. Outros tratamentos podem ser realizados e incluem quimioterapia, colocação de implantes radioativos dentro do tumor e radiocirurgia.