sábado, 28 de maio de 2011

Superlotação na obstetrícia preocupa médicos da MJEC

Saúde - RN


As vagas de obstetrícia disponíveis na Maternidade Escola Januário Cicco, que recebe pacientes de todo o Rio Grande do Norte, vão durar no máximo só até hoje. O alerta foi feito pela médica obstetra Valéria Montenegro e revela um problema presente nas principais maternidades de Natal. Dos 60 leitos, sete estavam vagos na manhã de ontem, nenhum deles no setor de alto risco.



Maternidade Januário Cicco sofre com um problema que já dura muito tempo: a falta de leitos.




“Um plantão mais movimentado preenche todos eles”, justifica Valéria. Para desocupar um leito, leva-se, no mínimo, dois dias: tempo necessário para uma parturiente, cujo parto foi normal e sem complicações, receber alta, de acordo com uma normatiza do Ministério da Saúde. Algumas parturientes chegam a permanecer vários meses no mesmo leito.


No Hospital da Mulher Leide Morais também havia sete leitos vagos na manhã de ontem. Situação bem diferente da encontrada no início da semana, quando as gestantes estavam sendo encaminhadas para outras unidades devido a falta de vagas.



Os responsáveis pelas maternidades negaram qualquer tipo de desabastecimento e disseram que a regra é atender todas as pacientes, mesmo que para isso precisem improvisar leitos, como ocorreu nas principais maternidades de Natal na semana passada.


No Hospital Santa Catarina e na Maternidade Escola Januário Cicco parturientes estavam sendo internadas em macas dentro dos consultórios ou em cadeiras de plástico nos corredores. Na Maternidade Leide Morais, no início da semana, as gestantes que chegavam estavam sendo encaminhadas para outras unidades devido a falta de leitos.


Para o diretor da Leide Morais, Yuri Marques, a normatização do Minsitério da Saúde reduz pela metade o número de partos realizados pelas unidades. “Se uma unidade realizava 600 partos, agora realiza 300. Já tentamos suspender esta medida, mas não obtivemos sucesso. A normativa está baseada em dados científicos”, relatou.


Na última quarta-feira, a Januário atingiu a capacidade máxima e passou a acomodar as parturientes em cadeiras plásticas na recepção. Embora prejudicial, a medida tinha como objetivo garantir que todas as pacientes fossem atendidas. “Atendemos todos os casos de alto risco de nossa referência. Elas ficam em cadeiras, mas ficam”, disse Valéria Montenegro.


Valéria reconhece que a situação é complicada. “Deixar pacientes na cadeira é constrangedor para a paciente, para a família dela e para nós da maternidade. Explicamos sempre a situação para elas. Num primeiro momento, elas entendem. Depois se cansam e começam a reclamar”. A médica, tenta, mas não consegue enxergar uma solução. “As maternidades do interior não funcionam. Todos os casos de alto risco do Rio Grande do Norte vem para cá”.

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