quarta-feira, 30 de março de 2011

Pediatria do Deoclécio Marques será fechada

Saúde - RN

Hospital Regional Deoclecio Marques em Parnamirim fecharar pediatria


Sete crianças aguardavam ontem pela manhã, em uma sala de observação, no Hospital Regional Deoclécio Marques por um leito de internação pediátrica em algum hospital público. Uma delas, José Vinícius, 10 anos, está lá há três dias. O quadro não envolve risco de morte, mas o garoto precisa receber antibiótico injetável, por isso a necessidade de internação.



Até o início da tarde, não havia nem perspectiva de transferência. “Ele fica aqui em condições que são precárias, mas não tem jeito tem que esperar”, constata a tia de Vinícius, Maria Lúcia Padre. Na sala da Observação são 12 leitos (berços para crianças de até seis anos), mas alguns são ocupados por crianças maiores como Vinícius. Nos outros leitos, a maioria das crianças apresentava doenças respiratórias.



O pequeno Laedson é uma das sete crianças que esperam, em Parnamirim, uma vaga pediátrica

A constatação da falta de leitos pediátricos, seja em enfermaria (leito clínico) ou em UTI, não é nova. Ilustra uma rotina, principalmente, na rede pública. Em Parnamirim, região sul da Grande Natal, a espera por leito de internação existe desde que o governo desativou em meados de 2010 a internação pediátrica no Deoclécio Marques.


O hospital possuía uma enfermaria com 12 leitos, que foi desativada para dar lugar a leitos da traumato-ortopedia. Agora, a situação pode se agravar, caso o atendimento de urgência pediátrica seja suspenso, para dar um lugar a mais leitos de traumato-ortopedia, denunciou o presidente do Sindicato dos Médicos do RN, Geraldo Ferreira.

Reunidos ontem pela manhã, em ato público, em frente ao hospital, servidores, médicos pediatras e representantes do Sinmed-RN, Sindsaúde-RN e da Sociedade de Pediatria do RN denunciaram o que consideram “um absurdo”. Em toda essa região sul da Grande Natal não há, segundo os sindicalistas, leito de internação em pediatria.


“Essas sete crianças que estão ai (na observação do Deoclécio) dependem de uma vaga na rede hospitalar da capital”, afirmou Geraldo Ferreira. Nos últimos dias, o serviço de urgência pediátrica do Deoclécio Marques tem feito contato com outros hospitais, como Walfredo Gurgel, Maria Alice, Santa Catarina, Hospital de Pediatria da UFRN (Hosped) e Varela Santiago, sem êxito. Nenhum deles acenou com a possibilidade de vaga, segundo a pediatra Hermínia Rodrigues.

Há cinco anos no hospital, a médica informou que além de Parnamirim, o serviço de pediatra recebe crianças de Santo Antônio, Nova Cruz, Canguaretama e Macaíba. “Bem ou mal, esse serviço é o único de pediatria que a população tem. Até porque a UPA só tem quatro pediatras, insuficiente para ter médico todos os dias e em todos os horários”, afirmou a pediatra.


Segundo ela, tem dias na semana que a UPA de Parnamirim não tem pediatra, no atendimento. A pediatra denunciou que a estrutura da UPA ainda é precária, não há equipamentos de raio-x, nem sala de coleta de exames.

O Deoclécio Marques tem, atualmente, 800 funcionários – dos quais 10- terceirizados. São 15 pediatras para o atendimento médio de 150 crianças, por dia, oriundas de diversos municípios. “O que ainda salva é esse atendimento de urgência pediátrica do Deoclécio”, afirma o presidente do Sinmed. Aguardando atendimento para o filho Laedson, Maria Lúcia dos Santos reforçou as palavras da pediatra. “. A única alternativa de consulta é essa aqui mesmo. O atendimento é desorganizado, mas pelo menos existe”, declarou Maria Lúcia.


Maria Alice Já está lotado para internação


Na Enfermaria do hospital Maria Alice Fernandes os 55 leitos estavam lotados. As quatro vagas abertas na manhã de ontem, segundo o diretor geral da unidade, Wilson Cleto de Medeiros Filho, foram ocupadas por crianças que estavam “internadas” na observação. A unidade não pode atender a nenhuma demanda externa.


Na Unidade de Terapia Intensiva, recentemente ampliada (passou de quatro para dez leitos), a situação é a mesma. Ontem, a UTI recebeu de Natal, Extremoz e São Gonçalo quatro solicitações de leito intensivos. Não pode atender a nenhuma delas. Com dez leitos, a UTI do hospital Maria Alice já está saturada. “Não há condições de atuar como retaguarda para outros hospitais. Se tivéssemos pelo menos mais um pediatra poderíamos abrir mais dez leitos clínicos (enfermaria)”, afirma o diretor geral do hospital. Na capital, existem 151 leitos clínicos e 93 de UTI, em hospitais públicos nas diversas especialidades.


Com a ampliação da UTI, a direção pensou que poderia desafogar o pronto-atendimento, dando suporte aos pacientes críticos, mas a UTI continua deficitária. A UTI já abriu lotada.


O diretor do Maria Alice credita a alta demanda em pediatra pela falta de assistência básica nos municípios. Só no hospital, a demanda do Pronto-atendimento cresceu 100% entre março de 2010 e março de 2011, passando de 5.616 para 6.874 crianças atendidas, oriundos de Natal, Extremoz, Ceará-Mirim e São Gonçalo, principalmente.


No hospital o gargalo está no pronto-atendimento. Para ter a escala completa no mês, o hospital precisa fechar 186 plantões. Até ontem, só tinha pediatras, num total de 17, para fechar 150. O déficit é de cinco pediatras.


O hospital, explicou o médico, faz a classificação de risco e dá prioridade aos casos de extrema gravidade (0,5%), que precisam de UTI; e aos de urgência (32%). De todos os casos, 67,5% poderiam e deveriam, segundo o médico, ter atendimento na rede básica de saúde. São casos como coceira, troca de curativos, queixas de que a criança não se alimenta. Por dia, a média de atendimento passou de 150 para mais de 300 atendimentos.


Sesap quer que município assuma o serviço


Em Mossoró, o secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, confirmou que o hospital regional Deoclécio Marques será referência em traumato-ortopedia, e que deixará de fazer urgência pediátrica. Não é uma medida imediata, mas vai acontecer.


Por enquanto, adiantou o secretário, Sesap e secretária de Saúde de Parnamirim estudam uma forma de o município assumir o serviço. “é um serviço que pode ser implantado em qualquer lugar, inclusive na UPA de Parnamirim”, disse o secretário. Ele mencionou a possibilidade de cessão dos médicos pediatras. “Os médicos poderão optar entre ir para a UPA ou para o hospital Maria Alice”, adiantou. Segundo ele, como existe uma recomendação do Ministério Público de retirar a pediatria do hospital, a Sesap aguarda uma decisão da Justiça. “Não vai haver uma suspensão do serviço sem antes acertamos uma alternativa”.


O governo – disse ele - quer fortalecer o atendimento nos hospitais Maria Alice e de São José de Mipibu – este terá mais seis leitos de internação. Arruda não falou em prazos para as ampliações previstas. No próximo dia 10 de abril, a direção do hospital Deoclécio Marques tem audiência na Promotoria de Parnamirim para tratar do funcionamento do hospital. Já o secretário municipal de Saúde de Parnamirim deve remeter à promotoria informações a respeito da assistência básica.


Opinião de Flávio Do Carmo

Se a saúde de nossas crianças já andava de mal a pior, imaginem agora com  mais uma porta que se fecha,como vai ficar a situação destas crianças que moram nas cidades visinhas a parnamirim sem o atendimento pediatrico do Hospital Deoclecio Marques.
Governadora a senhora prometeu muito em cima dos palanques quando queria conquistar os nossos votos.
Governadora a senhora é médica pediatra,não abandone nossas criancinhas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário