quarta-feira, 15 de junho de 2011

Esgoto de São Gonçalo do Amarante polui rio Potengi

Meio Ambiente - RN


Todo o esgoto produzido no conjunto Amarante, no bairro Serrada e na comunidade Pedrinha, áreas pertencentes ao município de São Gonçalo do Amarante, está indo direto para o mangue do riacho Regomoleiro e de lá para o rio Potengi sem qualquer tipo de tratamento, há pelo menos duas semanas. Parte de uma das paredes da estação de tratamento estourou e o Idema já autuou e notificou o Serviço Autônomo de Águas e Esgotos (Saae) da cidade.




Um trecho de aproximadamente cinco metros do talude que circunda a lagoa maior, onde são despejados os dejetos vindos direto da rede de esgotos, se encontra destruído e um verdadeiro córrego de água suja, fezes e outros resíduos passa pelo local, chegando ao mangue vizinho. "A população tem sofrido demais porque além de sabermos que está poluindo o meio ambiente, também causa problemas como o fedor e o monte de muriçoca que ninguém aguenta mais", reclama o pintor letrista Sidney dos Santos Silva, morador da região.


Ele denuncia que os problemas no talude destruído surgiram já há alguns meses e que em outro ponto - um cano antigo que deveria estar fechado - a água também escorre indevidamente para o mangue. "Essa lagoa grande começou a vazar há uns três meses. E não foi a chuva forte. A gente e o Ministério Público temos avisado o Saae há muitos anos sobre os problemas, mas só falam que vão consertar, vão consertar e nada. Agora o prejuízo foi grande", lamenta.



A promotora de Justiça de São Gonçalo, Lucy Figueira, que acompanha o caso, foi procurada pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, mas se encontra de férias. Já os diretores do Saae explicaram que o reparo teria início ainda ontem, com o desvio do esgoto para as lagoas menores, e deve levar até 60 dias para ser concluído.


Após autuar e notificar o Saae, o Idema informou ontem que um novo ofício será enviado exigindo uma solução imediata para o problema. A situação foi considerada "grave" pela fiscal que constatou a destruição do talude e o valor da multa será definida pela direção do instituto, após o prazo para apresentação de defesa. A quantia pode ser aumentada se houver demora no reparo do local.


A estação passou a funcionar por volta de 2002 e é composta de três lagoas. O esgoto in natura é despejado diretamente na maior, que está danificada, e de lá passaria às outras duas, em um processo de depuração, antes de a água ser despejada no rio Potengi, já dentro dos níveis de pureza exigidos. Nas duas outras lagoas, em condição de funcionamento, até mesmo jacarés podem ser encontrados.


Solução deve demorar dois meses


O diretor técnico do Saae de São Gonçalo do Amarante, Cláudio Farache, afirmou que o órgão teve conhecimento do problema na última semana, causado provavelmente pelo excesso de chuvas, e que o serviço de reparo teria início ainda no dia de ontem. A expectativa é realizar primeiro um desvio do esgoto para as duas lagoas menores, ainda em condições de funcionar, enquanto se conserta a parede da lagoa maior.


"Devemos ter tudo concluído dentro de uns 60 dias", estima. Ele afirma que a estação já teria passado por uma obra de manutenção de parte dos taludes, no final de 2010, e que serviços de limpeza são uma constante. Porém, dois fatos devem dificultar a agilidade nos trabalhos de recuperação da parede recém-destruída: a dificuldade de acesso e a insegurança.


De acordo com Cláudio Farache, muitos servidores temem trabalhar no local, onde já foram registrados diversos assaltos. O diretor-presidente do Saae, Afonso Cordeiro, confirmou que uma empresa de segurança deve ser contratada para acompanhar as equipes. "Houve inclusive, após a reforma do ano passado, o roubo da tubulação de lançamento (que levava a água já tratada para o rio)", recorda.


O diretor presidente do Saae estima que o reparo na lagoa maior da estação possa custar em torno de R$ 150 mil. Há a expectativa de conseguir junto ao governo federal, recursos para uma recuperação geral da estação que ficaria entre R$ 600 mil a R$ 800 mil para ser executado.


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