domingo, 16 de outubro de 2011

'Estremecimento entre Agripino e Robinson não pode prosperar'

Politica - RN


Anna Ruth Dantas - repórter


As articulações do PMDB para o pleito de 2012 e 2014 ganham nitidez e saem do campo da especulação, para confirmações. O presidente estadual do PMDB, o deputado federal Henrique Eduardo Alves, confirma que o deputado estadual Hermano Morais será o candidato próprio do partido à Prefeitura do Natal. O presidente da legenda confirma que houve uma tentativa de composição com o ex-prefeito Carlos Eduardo, passando pelo ingresso dele ao PMDB. No entanto, com a negativa do ex-prefeito que decidiu ficar no PDT, manteve-se o projeto de candidatura própria peemedebista levando o nome de Hermano Morais, que terá a pré-candidatura lançada oficialmente dia 18 de novembro. Na articulação para 2012, o partido busca agora o apoio do DEM, da governadora Rosalba Ciarlini. Para o deputado federal Henrique Eduardo Alves é natural negociar o apoio, já que os peemedebistas apoiam "integralmente" o governo do DEM. Embora ponderado, Henrique Alves critica a gestão Micarla de Sousa e afirma que um dos pontos críticos é a situação financeira do Executivo da capital.

Se para o pleito 2012 o PMDB já se mostra definido, para 2014 o partido está em vias de acertos. Mesmo reiteradamente afirmando que 2014 só começará a ser discutido no segundo semestre de 2013, o deputado federal Henrique Eduardo Alves admite que assumir no Senado, após 11 mandatos na Câmara, seria uma "consagração". Ele chega a afirmar que tem recebido manifestações de muitos prefeitos declarando apoio à sua candidatura ao Senado. "Avançando em respeito à sua pergunta insistente (da repórter): quem não gostaria de, depois de 11 mandatos, poder aspirar e chegar à Casa maior do Congresso Nacional? Mas isso vou deixar para outro momento. Não quero nessa hora me deixar enfeitiçar por esse projeto, que para mim seria uma consagração chegar ao Senado depois de tantos anos", comenta. Se é cauteloso ao falar sobre a disputa por uma vaga de senador, o deputado federal Henrique Eduardo Alves vai direto ao assunto quando fala da reeleição da governadora Rosalba, o que ele considera "natural". Sobre as articulações políticas, o pleito 2012 e as alianças para as próximas eleições, o deputado federal Henrique Eduardo Alves concedeu a seguinte entrevista à TRIBUNA DO NORTE:

Como estão as articulações para concretizar o projeto do PMDB presidir a Câmara dos Deputados?

Esse é um assunto, claro, que ainda está longe de acontecer, ainda falta um ano e meio, mas eu considero assunto resolvido. Porque há um documento firmado que vem desde a eleição de Arlindo Chinaglia (PT), o PMDB era a maior bancada e fez acordo com o segundo maior partido da época, que era o PT, de nos dividirmos e ajudarmos até a formulação política na Casa. Naquele tempo, abrimos mão para Arlindo Chinaglia presidir e depois foi a vez Michel Temer (PMDB). Agora (eleição de 2010) o PT fez a maior bancada, o PMDB fez a segunda, fizemos apenas oito deputados a menos que o PT, então os dois maiores partidos de novo acharam por bem repetir a fórmula. O PT optou pelo primeiro biênio o que nós concordamos democraticamente e ficou o segundo biênio para o PMDB. Isso foi formalizado em documento. Mas isso não basta. Quem quer que vá presidir aquela Casa e fazer o que ela merece que seja feito tem que pensar em consenso, construir uma sólida maioria para ser o interlocutor de verdade da Casa. Precisa continuar o trabalho de reconstrução da imagem da Câmara, continuar os trabalhos legislativos, acho que quem aspirar presidir aquela Casa tem que ter a visão de contar com o apoio de todos os partidos ou da grande maioria deles.

O senhor teme quebra de compromisso do PT nesse acordo?

De jeito nenhum. O PT pode ter outros defeitos, mas quando assume compromisso, quando formaliza os seus compromissos e todos seus líderes têm reafirmado isso. Já ouvi isso (a confirmação do compromisso) do deputado Marco Maia (presidente da Câmara dos Deputados), do ministro Gilberto Carvalho, ouvi da presidente Dilma em conversas informais. Volto a dizer, isso é um primeiro passo. Se o candidato do PMDB escolhido for o nosso nome eu vou buscar consenso na Casa, com os partidos de oposição, partidos pequenos, médios, acho que a Casa precisa mais do que nunca ter um interlocutor de toda ela para que possa se expor e dizer como quer, o que quer para a sociedade brasileira.

O senhor foi vítima nas últimas semanas do chamado "fogo amigo", que surgiu dentro do seu próprio partido com críticas à sua atuação de líder.

Em um partido com 80 deputados, você não pode estar agradando a todos permanentemente. Tem indicações, reivindicações de cada um, os interesses legítimos de cada parlamentar de ocupar espaços, reclamações junto ao próprio governo, emendas pedidas para serem liberadas. Isso foi se somando e em certo momento se verificou, acho que a crítica procede, é construtiva e nós temos que nos reunir mais, conversar mais e buscar com mais clareza e definição os espaços da bancada. Acho que foi um momento importante, eu reconsiderei algumas atitudes, parti para outras atitudes junto à bancada, acho que foi momento construtivo. Hoje temos uma bancada novamente unida, totalmente refeita na sua unidade. Os pleitos foram encaminhados, outros resolvidos, mas pelo menos a bancada voltou a ter essa capacidade de divergir, discutir internamente, mas na hora decisiva se unir. Hoje a bancada está completamente unida graças a colaboração de todos os parlamentares e a essa crítica construtiva que eu pude receber da bancada.

Chegaremos a mais uma eleição sem reforma política. Todos os políticos defendem a reforma, mas não há avanço no sentido de concretizá-la. O que acontece?

Difícil porque cada parlamentar tem uma reforma na cabeça e é inevitável que ele procure construir nessa reforma o que é bom para sua reeleição, o que é bom para seu partido, é da natureza humana. Estamos defendendo que ela (a reforma) não pode ser radical, tem que passar por uma transição. Você não pode mudar as regras do jogo para uma eleição que se avizinha, 2012 ou 2014, de forma radical porque vai ferir interesses de partidos, atingirá horizontes legítimos de partidos. Temos que caminhar num processo gradual. O relator Henrique Fontana, deputado seríssimo, teve que fazer um discurso interno na sua bancada (do PT) e fechou questão no voto em lista e no financiamento público exclusivo de campanha. Isso não representa hoje nem 30% do que quer na Câmara os deputados. Ele (o deputado Henrique Fontana) tendo apresentado um relatório assim radicalizou e complicou. A reforma hoje está na estaca zero, vamos tentar um grande esforço. Já há uma proposta nascendo do vice-presidente Michel Temer de que já que não há um consenso, não se consegue maioria sólida que aprove reforma com mudanças constitucionais, duradouras, faça um plebiscito para que o povo possa opinar. Isso aconteceria através de questionário que iria junto com a eleição de 2014, já que 2012 está muio em cima e até lá nada mudará.

Então a reforma também não virá em 2014?

Esse é uma idéia que está surgindo. Ninguém consegue chegar a uma maioria sólida. Se você reúne seis pessoas numa sala, no caso das reuniões dos principais líderes de partidos, entre nós não se consegue chegar a uma fórmula de consenso. A coisa é muito difícil conseguir, já houve no Governo Lula, agora no Governo Dilma. Surge a ideia de fazermos um plebiscito em 2014, onde as pessoas responderiam um questionário para sua execução em 2018. Com esse horizonte pode ser que avance, mas essa é uma fórmula que só será implantada depois de verificar que nada é possível, nada se conseguiu em termos de maioria. Essa (a fórmula do plebiscito) é também uma advertência, um caminho gradual, transitório para realizar a reforma. Há também uma outra ideia que seria uma constituinte exclusiva eleita em 2014 com os parlamentares e depois escolheria os 20% mais votados que durante 2015 trataria de fazer constituinte para reforma eleitoral. Começam a surgir ideias um pouco que mostram descrença de solução imediata, mas para um médio e futuro prazo.

É hora de unir para o desenvolvimento'

Qual das possibilidades conta com sua simpatia? Voto distrital ou lista fechada para cargos proporcionais?


Há uma outra ainda, que seria um sistema misto. Você faria 50% pelo voto em lista, que pode avançar no processo partidário, com financiamento público e os outros 50% os mais votados. Essa fórmula pode compatibilizar os dois grupos. Vamos tentar o último esforço.

É fato que o senhor se reuniu, recentemente, com o ministro Garibaldi Filho, o deputado Agnelo Alves e o ex-prefeito Carlos Eduardo, discutindo o pleito de 2012. Há possibilidade de o PMDB se compor em torno do nome do ex-prefeito Carlos Eduardo?

Foi tentado por razões naturais com o ex-prefeito Carlos Eduardo, pelas alegações, não digo nem familiares, mas do começo da vida pública dele conosco. Seria natural um reencontro partidário. Fizemos um apelo com a simpatia do seu pai, o deputado Agnelo Alves, para que ele pudesse voltar a suas origens e ser o candidato do nosso partido, já que o PMDB há 20 anos não disputa uma eleição em Natal e agora irá fazê-lo. Essa é uma decisão nacional (de candidatura própria) e considero justa e razoável que o partido possa se apresentar com um candidato para discutir os problemas de Natal, apresentar uma proposta para cidade, o eleitor saber o que pensa o PMDB sobre as questões de saúde, educação, segurança,enfim de vários projetos que hoje preocupam a população de Natal. É preciso um crescimento ordenado e eficiente. Mas o ex-prefeito (Carlos Eduardo) disse que iria permanecer no PDT. Então ficou claro que ele será candidato pelo PDT. Nós vamos ter o candidato do PMDB que é o deputado Hermano Morais. Ele foi quatro vezes vereador, teve uma eleição consagradora de deputado estadual. O PT terá seu candidato natural que é o deputado Fernando Mineiro. O PSB terá uma candidatura que respeitamos também que é a da ex-governadora Wilma de Faria. O deputado Rogério Marinho com a sua qualificação é um bom candidato a prefeito pelo PSDB. Então cada partido irá se apresentar com seu candidato próprio, o que acho correto. E no segundo turno aquele que chegar lá irá partir para composições de maior afinidade e coerência. Esse quadro está definido e portanto teremos candidato própria com o deputado Hermano Morais.

É ponto pacífico no PMDB a candidatura própria do deputado Hermano Morais?

É. Inclusive estamos preparando um ato para o dia 18 de novembro. Será um grande encontro estadual do PMDB para mostrar esse novo PMDB pós filiações, onde trouxemos 12 prefeitos novos, mais de 70 vereadores vieram para somar. Vamos mostrar ao Estado a força revigorada do PMDB, definir um discurso competente, unificado, municipalista. E nesta hora iremos fazer o lançamento da pré-candidatura de Hermano Morais a prefeito de Natal.

O PMDB hoje é da base de apoio à governadora Rosalba, que tem vários candidatos a prefeito de Natal. Há risco dessa base se esfacelar a partir da disputa pela Prefeitura do Natal?

Veja bem, como é natural a candidatura a prefeito de Natal. O deputado Rogério Marinho aplaudo sua postura só tem um deputado estadual e vai disputar legitimamente a Prefeitura de Natal. O PT tem um deputado, que é Mineiro, e vai disputar a Prefeitura de Natal. O PDT só tem um deputado estadual e já tem seu candidato a prefeito de Natal, que é o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves. O PMDB com a maior bancada da Assembleia, com cinco deputados estaduais, como vai explicar que na capital, em Natal, não tenha uma candidatura própria? Essa é mais uma razão para mostrar coerência desse pleito do PMDB. Agora em relação à governadora Rosalba e ao DEM vamos disputar e buscar uma unidade em torno da candidatura do deputado Hermano Morias. Estamos participando agora unidos da sua base parlamentar (da governadora) e pode ser aspiração do nosso partido (o apoio do DEM a Hermano Morais). Há alguns interessariam um PMDB dividido, mas ao PMDB não interessa a divisão de Henrique e Garibaldi. Isso existiu lamentavelmente na campanha eleitoral que passou, mas não pode mais e nem existirá. Precisamos estar unidos porque a unidade faz parte de qualquer preliminar de força de um partido. O ideal é estarmos juntos e agora estamos no grupo da governadora Rosalba Ciarlini. O partido está ajudando a fazer o que se espera de melhor do Governo do Rio Grande do Norte.

Então o PMDB vai em busca do apoio do DEM para a candidatura de Hermano Morais?

Vamos em busca do DEM, mas respeitando a candidatura do deputado federal Rogério Marinho. Acho natural buscarmos esse espaço e será muito importante a propaganda eleitoral na televisão. O que o partido quer é o direito de, após 20 anos, governar a cidade de Natal. Pelo bom momento que vive o PMDB temos muito a oferecer a Natal, nessa aliança compartilhada com a presidenta Dilma. A campanha será muito objetiva, nada de agredir. Queremos mostrar o que pensamos e planejamos para Natal no tocante à educação, saúde, segurança, qualificação de mão de obra, obras estruturantes da cidade de Natal.

Qual a avaliação que o senhor faz da administração Micarla de Sousa?

Uma administração de muitas dificuldades. Ela tem boa vontade, muito esforço, vontade de acertar, mas não está conseguindo ainda resolver problemas crônicos. Tomou decisões no passado que comprometeram o orçamento do presente e do futuro. Quase não arrancaram autorização para obras de mobilidade da Copa do Mundo. A prefeita não conseguiu ainda formalizar projeto que mostre a essência, união e capacitação da Prefeitura para se organizar com compromissos presentes e futuros. Esse é o grande nó da administração. Torço pela cidade de Natal, quero minha cidade limpa, ordeira, crescendo, produzindo.

Como o senhor avalia a declaração do senador José Agripino de que o DEM não fará coligação com o PSD?

Essa é uma questão importante e é precisa ser esclarecida. O PSD fez a terceira maior bancada na Câmara, portanto, um partido que passou a ser importante na conjuntura nacional, mas se fez muito tirando deputados do DEM. Dezessete deputados federais saíram do DEM e foram para o PSD. Quase metade da bancada do DEM saiu para o PSD. Isso criou na base nacional um confronto e um conflito muito grave, aí externado pelo presidente nacional do seu partido, o senador José Agripino. Mas acho que isso tinha uma validade maior até o registro ou não do PSD. O DEM tentou evitar de todas as formas o registro do partido no TSE. Mas a partir da hora que se registrou, por uma larga margem de votos, acho que é encarar outra realidade. É um fato real, o PSD existe. Se em nível nacional houve essas discordâncias graves, reconheço, não é produtivo trazer essa disputa para o nosso Estado. Aqui ninguém pode desconhecer a força política do vice-governador Robinson Faria, do deputado Fábio Faria que tem posição muito respeitada na Câmara dos Deputados. É um partido importante e portanto acho que assim tem que ser considerado. Vamos deixar a questão nacional para Brasília, onde esse conflito possa se estabelecer. Não podemos trazer para aqui (o conflito). Aqui (no Rio Grande do Norte) precisamos fazer uma base de apoio sólida para ajudar a governadora Rosalba a enfrentar e vencer tantos desafios que ela tem à sua frente. O Estado vive hoje momentos decisivos na sua economia. O Brasil hoje vive um momento importante, não é mais o país que não tinha o que distribuir, hoje temos uma economia sólida. Mas para distribuir entre parceiros da federação há uma disputa grande. Para isso temos que mostrar unidade séria, comprometida, transparente, verdadeira para buscar as parcerias que são fundamentais para o Estado e os municípios. Temos desafios enormes de novo porto para o Estado. Os portos de Pecém (Ceará) e Suape (Pernambuco) sufocam a economia do nosso Estado. A BR-304 precisa ser duplicada. Precisamos consolidar as Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) de Macaíba e Assu. Temos que qualificar mão de obra para essa juventude toda que está aí. Isso é uma tarefa de todos nós. Temos a eólica abrindo as portas para crescimento e economia. Temos Aeroporto de São Gonçalo. São desafios enormes e temos que estar unidos. Não podemos ficar nessa hora pensando em eleição que passou, em partido que se dividiu, agora é hora de unir, é o desenvolvimento, o Estado está nos convocando para isso. Gostaria de ver o vice-governador (Robinson Faria), o senador José Agripino, adeputada Sandra Rosado que é líder do PSB, estamos num momento rico para o Rio Grande do Norte e precisamos fazer muito pelo nosso Estado. É um apelo que faço para todos somar. A base precisa se unir. O PMDB está pronto para cumprir a sua tarefa.

Mas é nítido o racha entre José Agripino Maia e Robinson Faria. Isso não lhe preocupa?

Ninguém pode negar que há um estremecimento. Não dá para fingir que não está ouvindo, não está vendo, não está lendo. Mas acho que isso não pode prosperar. Respeito muito o senador José Agripino, é liderança nacional importantíssima, mas sei também reconhecer o vice-governador Robinson Faria que foi presidente da Assembleia por oito anos. O apoio dele foi importante para vitória de Rosalba, de José Agripino, de Garibaldi (para o Senado). Esse momento que eles construíram não pode ser perdido por uma questão que a nível nacional se coloca. Essa hora tem que haver unidade. Quando vim compor com o PMDB nessa base não foi para encontrar dividida. Abrimos a porta e entramos, não gostaria de ver outro saindo. Temos que ficar nessa mesma moradia que é a base do governo Rosalba para ajudar, para essa casa crescer, ampliar espaços. Há muita reivindicação, muita carência que precisamos tentar resolver. E o primeiro passo para isso é a nossa unidade. É buscar o PT da deputada Fátima Bezerra, que é o maior partido do Brasil no Governo Dilma, é buscar os partidos que possam ajudar na instância federal. Essa é a hora do Rio Grande do Norte.

O senhor concorda com o senador José Agripino quando acusa Robinson Faria de tentar "tutelar" o Estado?

Não acredito. Não conheço de perto porque não participava no dia a dia dessa base (a adesão do PMDB ocorreu há poucas semanas). Até então não convivia na base parlamentar da governadora. Não posso opinar sobre isso. Farei o que for possível para harmonizar essa base. Não vou me meter, me oferecer, mas se convocado minha opinião é para somar, eliminar divergência. Esta é a hora do Rio Grande do Norte. O vice-governador sabe do seu papel, da sua força política e sabe que ninguém consegue emparedar um governo que se inicia com a marca da legitimidade, da ética,da postura clara, transparente da governadora Rosalba.

Embora ainda irá acontecer a eleição de 2012, já se fala na eleição de 2014. Inclusive o vice-governador Robinson já expressou o desejo de disputar o Senado. Como o senhor visualiza a candidatura de Robinson?

Se me fosse permitido fazer uma crítica construtiva ao vice-governador Robinson eu faria essa... Entendo o interesse (de Robinson Faria) ao Senado da República, é legítimo, mas nessa hora é um desserviço. Se começarmos a pensar na eleição de 2014 daqui a pouco ninguém se une mais porque chega numa sala e começa a pensar que ele poderá ser adversário daqui a três anos e cada um vai para o seu canto, ficando blindado numa defesa estéril e inconsequente e quem perde com isso é o Estado do Rio Grande do Norte que está nos convocando ao seu crescimento, desenvolvimento. A economia precisa se desenvolver para distribuir sua riqueza e oferecer qualidade de vida. Se lançar ou ser lançado candidato ao Senado agora é um desserviço.

Mas o senador José Agripino Maia, na semana passada, declarou que simpatizava com a candidatura do senhor (deputado federal Henrique Eduardo Alves) ao Senado.

Eu agradeço ao senador José Agripino que fez generosamente o lançamento de uma candidatura nossa ao Senado da República. Mas acho que nessa hora pediria evitar o tema porque ele (o assunto Senado) não nos une, divide. Eu quero com responsabilidade tratar de assunto que nos une, agregue, faça somar. O que venha divergir, conflitar vamos deixar para hora própria. Agora no máximo e legitimamente é pensar nas eleições municipais e o foco do PMDB são as eleições municipais, é pensar no município que é o primo pobre da nação e precisa ter suas reivindicações atendidas no novo pacto federativo do Brasil. Esse é o foco do PMDB. 2014 só no segundo semestre de 2013. Falar nisso agora é um desserviço a um projeto maior do desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

Mas todo político tem projeto para o futuro. Qual o seu projeto para 2014?

Não quero me sentir atraído por isso, caso contrário vou cometer esse erro (de antecipar a discussão de 2014). Agora mesmo a governadora Rosalba e o vice-governador solicitaram que a barragem de Oiticica, de Jucurutu, que é obra do Dnocs, possa ser transferida para o Estado executar. Se eu começar a pensar que posso ser senador, afinal já me elegi 11 vezes como deputado federal, acho legítimo sair para o Senado, aí eu penso que o vice-governador (Robinson Faria) pode querer também. Aí, por que eu vou ajudar o Dnocs a dar essa obra para Secretaria de Recursos Hídricos, que é do vice-governador Robinson? Se começar a pensar nisso eu não faço, deixo de fazer, vou errar, vou se inconsequente. Não quero pensar nisso (na disputa de 2014). Esse projeto eu vou desenhar a partir da eleição municipal, depois da nova geografia política eleitoral, o tamanho do PMDB. Agora vamos ajudar o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. O Dnocs vai transferir a obra da barragem de Oitica ao Governo e a Secretaria de Recursos Hídricos. Nessa hora temos que pensar assim e não misturar com coisas que atrapalham o desenvolvimento do Rio Grande do Norte.

José Agripino cita o nome do senhor como possível candidato ao Senado. O senhor tem desejo, após 11 mandatos de deputado federal, chegar ao Senado Federal?

Inclusive não apenas o senador José Agripino, mas onde chego há manifestação carinhosa, muito generosa. O DEM, seus prefeitos, seus deputados, até me surpreendendo, estão se manifestando espontaneamente. Outros partidos também. Isso é muito honroso para mim nessa hora ter a antecipação dessa boa vontade, desse crédito. Avançando em respeito a sua pergunta insistente: quem não gostaria de depois de 11 mandatos poder aspirar e chegar a Casa maior do Congresso Nacional? Mas isso vou deixar para outro momento. Não quero nessa hora me deixar enfeitiçar por esse projeto, que seria uma consagração. Mas não quero pensar nisso agora. Todos nós precisamos nos unirm para projetar o Rio Grande do Norte. Precisamos buscar parcerias com o Governo Federal, construir o projeto do desenvolvimento do Estado. Vamos deixar 2014 que pode nos dividir, nos separar, para o final de 2013.

O senhor já visualiza o palanque DEM-PMDB no pleito estadual?

O Senado tem opções, vários partidos podem pleitear. Mas é natural, com o processo da reeleição, a governadora Rosalba, fazendo um bom governo que espero que fará, seu processo de recondução. Se estamos nessa base integralmente, ajudando seu governo, ajudando a acertar, a fazer acontecer, é natural seu processo de reeleição. Esse seria indiscutível já que estamos ajudando o governo. Não teria sentido ajudar agora e depois em 2014 ir para outro caminho. A reeleição da governadora é natural. Mas qualquer outro processo de candidatura passará a época por uma reunião de aliados, composição visando o que for mais justo.

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