sábado, 9 de abril de 2011

Cardiologia

Saúde - Especial Cardiologia


ARRITMIAS


O que é?


As arritmias são alterações do ritmo cardíaco normal.



Nas arritmias, podemos perceber e registrar alterações do ritmo cardíaco ou da freqüência. A freqüência normal dos batimentos cardíacos é de 60 até 100 ciclos, ou batidas, por minuto. Em crianças, esses números costumam ser um pouco mais elevados. Nas alterações de ritmo cardíaco, os batimentos apresentam alterações do tempo que decorre entre um batimento e o outro. Pequenas alterações nesses intervalos podem ser consideradas normais. As alterações do ritmo cardíaco ou das conduções dos estímulos podem ser letais (morte súbita), podem ser sintomáticas (síncopes, tonturas, palpitações) ou podem ser assintomáticas.

 
As arritmias podem ser assintomáticas ou sintomáticas, dependendo da sua intensidade e da situação clínica do portador. Corações enfermos podem tolerar menos bem uma arritmia que seria, provavelmente, assintomática para um coração sadio.


A avaliação de algumas arritmias pode ser feita pelo médico ao realizar um exame clínico. A maneira mais exata de comprovar e registrar uma arritmia é por meios eletrônicos, que vão desde o eletrocardiograma, monitores portáteis, até os equipamentos das Unidades de Tratamento Intensivo. Existem ainda os monitores de telemetria, em que o paciente usa um pequeno registrador unido ao seu corpo que transmite os sinais, via rádio, a monitores centrais. Classificação das arritmias quanto a freqüência cardíaca:


Taquicardia:


É quando o coração de um adulto bate mais de 100 vezes por minuto. Quando isso acontece ao fazer esforços é normal e, decorridos alguns minutos, esse número deve voltar a uma freqüência normal. Quando a taquicardia persiste ou está presente em repouso, pode significar alguma alteração patológica. Convém consultar ao seu médico. Note-se que taquicardia não é sinônimo de ataque cardíaco.


Bradicardia:


É quando o coração bate menos de 60 vezes por minuto. Isso em pessoas em boa forma física até pode ser normal. Com freqüências cardíacas abaixo de 60 por minuto, mesmo que seja uma manifestação transitória, é conveniente que um cardiologista seja consultado.


Classificação das Arritmias quanto às alterações de ritmo



Os batimentos cardíacos são normalmente originados em um foco localizado na aurícula direita, denominado nódulo sinusal. Os estímulos elétricos lá gerados descem até um nódulo localizado na junção das aurículas com os ventrículos. Lá a condução do estímulo sofre um pequeno retardo (para dar tempo que as aurículas se contraiam antes dos ventrículos). De lá o estímulo segue para os ventrículos, através de um sistema condutor que tem dois feixes, um para cada ventrículo, provocando a sua contração, que é denominada sístole. O período de tempo em que o coração não está em contração denomina-se diástole e é o período de repouso do músculo cardíaco.

Os estímulos cardíacos normais são produzidos no nódulo sinusal localizado na aurícula direita e desencadeiam as contrações, batidas, do coração, denominadas de sístoles. Quando esse nódulo não está ativo, por doença, por exemplo, muitas outras células do coração, localizadas em diferentes partes do coração, podem originar estímulos elétricos capazes de desencadear as batidas cardíacas. Esses batimentos originados nessas outras células são denominados de extra-sístoles, que podem ocorrer mesmo estando o nódulo sinusal ativo. As extra-sístoles produzem arritmias que nem sempre são percebidas pelos acometidos.

Podemos ter extra-sístoles originadas nas aurículas, nos ventrículos, bem como nos nódulos sinusal e atrio-ventricular, que podem superar e dominar os estímulos normalmente lá gerados. As extra-sístoles costumam ser seguidas de um período de repouso (diástole) mais prolongado. As extra-sístoles podem ser unifocais ou multifocais, dependendo dos diferentes lugares em que são geradas.

As extra-sístoles nem sempre são indicadoras de doença do coração, porém, se forem percebidas, é conveniente que um cardiologista seja consultado. As extrassistoles costumam acontecer aleatoriamente em relação às sístoles normais. Se mantiverem uma regularidade, se acontecer uma extra-sístole após cada sístole normal chama-se isto de bigeminismo, se elas acontecerem sempre depois de duas sístoles normais, falamos em trigeminismo. Extra-sistoles podem acontecer esporadicamente, considera-se que até dez por minuto nem sempre seja uma manifestação de doença cardíaca.


Fibrilação


Existe a auricular e a ventricular, dependendo de onde se originam os batimentos. A fibrilação auricular é a arritmia crônica mais encontrada. Na auricular os estímulos podem ter uma freqüência de até 600 batimentos por minuto. Desses estímulos somente alguns chegam a provocar contrações dos ventrículos, uma freqüência tão elevada não seria compatível com a sobrevida das pessoas acometidas. Já a fibrilação ventricular é mais grave por só ser tolerada se for de curta duração. O coração não é capaz de manter a circulação eficaz se a freqüência cardíaca for muito elevada. O tratamento é medicamentoso ou por cardioversão.


Flutter auricular


É uma arritmia em que em um foco ectópico das aurículas se origina de 250 a 350 estímulos por minuto, e em que de cada dois ou três, ou quatro estímulos um passa aos ventrículos. O tratamento é medicamentoso ou por cardioversão.


Parada cardíaca


É quando o coração pára de se contrair. Se a parada for de curta duração pode não ser percebida; se for de maior duração pode provocar tonturas, sincope e até morte súbita. Quando o coração pára de bater por alguns minutos, desencadeiam-se alterações nos órgãos mais sensíveis à falta de oxigênio. Desses o mais sensível é o sistema nervoso. Assim pode o coração voltar à atividade, espontaneamente ou por medidas médicas. Contudo, as alterações neurológicas já estabelecidas provavelmente serão irreversíveis.


Palpitações


O sentir dos batimentos cardíacos denomina-se de palpitações. Normalmente o bater do coração não é percebido ou sentido pelas pessoas. Em certas situações de tensão ou de esforço, podemos perceber que o coração “está “batendo” no peito ou no pescoço, o que não significa necessariamente a existência de uma doença.


Do mesmo modo, as extra-sístoles também podem ser notadas ou não pelas pessoas que as apresentam.

A melhor maneira de registrar uma arritmia é através do eletrocardiograma.



ARTERIOESCLEROSE (ou Ateroesclerose)


A ateroesclerose é o depósito no interior das artérias de substâncias gordurosas junto com colesterol, cálcio, produtos de degradação celular e fibrina (material envolvido na coagulação do sangue e formador de coágulos). O local onde esse depósito ocorre chama-se placa.


Arteriosclerose é um termo geral usado para denominar o espessamento e endurecimento das artérias. Parte desse endurecimento é normal e é decorrente do envelhecimento das pessoas.

As placas podem obstruir total ou parcialmente uma artéria, impedindo ou diminuindo a passagem de sangue. Sobre as placas podem se formar coágulos de sangue, denominados de trombos que, ao se soltarem, provocam embolias arteriais. Quando isso acontece no coração, temos o ataque cardíaco ou o infarto do miocárdio; quando no cérebro, provoca a embolia ou a trombose cerebral. Como a doença ocorre em artérias de médio ou grosso calibre, a gravidade, bem como as conseqüências, dependerão do local, mais ou menos nobre do organismo, onde o acidente vascular ocorrer.

A ateroesclerose é uma doença de progressão lenta e que pode se iniciar desde a infância. Em algumas pessoas atinge a maior intensidade de progressão na terceira década e noutras somente depois da quinta ou sexta década.

Sobre as causas do início da ateroesclerose pouco sabemos. Existem quatro teorias que tentam explicar porque a camada mais interna (endotélio) dos vasos é atingida.


A elevação da pressão arterial

A elevação dos níveis de gordura no sangue (Colesterol e triglicerídios)

O fumo. A fumaça do cigarro particularmente agride o endotélio das artérias das pernas, das coronárias e da aorta.

Ação de toxinas de origem infeciosa no endotélio das artérias.


Por só um desses fatores ou pela conjunção de mais de um deles, a camada interna das artérias fica espessada, o que diminui a luz dos vasos atingidos e a oferta de sangue nos territórios irrigados por esses vasos fica reduzida..

Passando pouco sangue, menos do que o necessário para manter a função do órgão irrigado por ele naquele momento, ocorre a isquemia, o que no coração provoca a angina do peito.

Se o bloqueio é total, quando nada de sangue passa, ocorre:


No coração, o infarto do miocárdio,

No cérebro, a trombose cerebral e

Na perna, a claudicação, se for parcial,e até a necrose com gangrena, se for total.


Os fatores desencadeantes da ateroesclerose são os mesmo citados como fatores de risco de doenças cardiovasculares.


Acidente mata motociclista no conjunto Santarém

Acidente de Moto - Natal,RN


A imprudência no trânsito fez mais uma vítima em Natal. Por volta das 9h deste sábado (9), o motociclista José Wilton Rocha, de 32 anos, morreu ao tentar ultrapassar um carro na avenida Pompeia, no conjunto Santarém, Zona Norte da capital potiguar. A violência do acidente provocou a morte instantânea do motociclista.


De acordo com familiares que estavam no local do acidente, José Wilton estaria voltando de uma festa e o destino seria a casa de sua mãe, que fica no fim da avenida Pompeia. No entanto, o motociclista, que supostamente estava sob efeito de álcool, desviou de uma bicicleta que trafegava na via e tentou uma ultrapassagem forçada. Um carro tipo Celta, de cor vermelha e placa MZL-8629, seguia no sentido contrário e colidiu de frente com a motocicleta CG de cor preta de José Wilton.




Antes mesmo que o socorro fosse chamado, José Wilton já havia morrido. Familiares foram ao local para acompanhar o Itep nos procedimentos legais, enquanto o motorista do Celta, sem ferimentos, permaneceu no ponto do acidente até o fim do trabalho dos peritos.



Papa se diz 'desolado' com massacre em escola do Rio

Atentado no Rio - Brasil


..O Papa Bento XVI se disse "desolado" nesta sexta-feira, em uma mensagem de solidariedade às famílias dos doze estudantes mortos a tiros em uma escola por um jovem de 23 anos e a toda a população do Rio de Janeiro, informou o arcebispo do Rio.


"Profundamente desolado por esse dramático atentado contra crianças indefesas (...), o Santo Padre deseja exprimir sua solidariedade e levar seu conforto espiritual às famílias que perderam seus filhos e a toda comunidade escolar", disse o papa nesta mensagem do Vaticano dirigida ao arcebispo do Rio, Monsenhor Orani Joao Tempesta.



 
Nesta sexta-feira, onze alunos ainda estão hospitalizados, entre eles quatro em estado grave. As vítimas mortas ontem em Realengo foram enterradas em três cemitérios da cidade.


O papa fez "votos pela rápida recuperação dos feridos" e "convidou todos os cariocas (...) a dizer não à violência que constitui um caminho sem futuro e a procurar construir uma sociedade fundamentada na justiça e no respeito ao próximo, sobretudo, aos mais fracos e indefesos.




quarta-feira, 6 de abril de 2011

Médicos paralisam atendimento aos planos

Saúde - RN

Planos de Saúde paralizam atendimento no RN


Os médicos do Rio Grande do Norte credenciados na rede de saúde suplementar vão aderir nesta quinta-feira, 7, ao “Dia Nacional de Paralisação”, como forma de alertar as operadoras dos planos de saúde quanto a necessidade de melhorias contratuais e na prestação de serviços aos usuários. “Nós temos quatro anos que não conseguimos avançar em absolutamente nada”, diz o presidente da Associação Médica do Rio Grande do Norte (AMRN), Álvaro Barros.


Presidente da Associação Médica, Álvaro Barros, diz que negociações com planos não avançam


O foco da paralisação no Estado e no país, segundo Barros, tem dois aspectos que considera importantes, primeiro o poder econômico das operadores, “que se organizam como um cartel”, pois os médicos “não podem reivindicar e colocam pra fora os profissionais na hora que eles querem e quando bem entendem”.



Em segundo lugar, denuncia Barros, as operadores realizam “glosas injustificada do faturamento” dos serviços prestados pelos médicos: “Os planos de saúde não pagam com justificativas na maioria das vezes irreais, fazem caixa com o dinheiro de todo mundo”.


Álvaro Barros disse que não tinha como precisar uma comparação entre o que é pago pelas operadores aos médicos no RN em relação a outros estados, mas garantiu que na região Norte e Nordeste “a defasagem é grande comparada a estados mais desenvolvidos”.


Para o presidente da AMRN, é preciso se fazer uma redistribuição econômica e reavaliar o poder econômico das operadoras, tendo em vista que a diferença entre os percentuais de reajustas do que é pago às operadoras pelos usuários e o que é repassado de honorários e procedimentos médicos é bem inferior. Por isso, explicou Barros, diversas entidades médicas estiveram ontem de manhã, no Ministério Público, pedindo apoio ao promotor de Defesa do Consumidor, José Augusto Peres Filhom, para intermediar uma futura negociação de contratos com os planos de saúde. “O promotor considerou legitima a paralisação e nós deveremos ter uma pauta de negociação mediadas com a presença do Ministerio Publico até do Poder Judiciario”, acrescentou ele, para alertar que outra característica das operadoras “é fazerem acordos que não cumprem”.


Barros explicou que da parte dos médicos, os consumidores não tem tido prejuízo nenhum, mas lembra que as operadoras estão comercializando planos, por exemplo, com mensalidades variáveis a partir de R$ 38,00 e R$ 40,00: “Como é que vão poder cobrir uma assistência em medicina com os avanços dos tratamentos que temos hoje, é preciso que se repense isso”.


“Não estou generalizando, tem exceções, mas essa é a prática dos planos de saúde, botam os pacientes para andar e restringem absolutamente tudo”, conclui Barros.


Programação


Durante a paralisação de advertência de amanhã, os médicos não realizarão consultas e outros procedimentos eletivos objeto de contratos com todos os convênios de seguro saúde. No entanto, o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, disse que para os usuários não terem prejuízo, os pacientes previamente agendados terão seus compromissos remarcados e os casos de urgência e emergência serão devidamente tratados.


A paralisaçã começa às 8 horas de amanhã, com panfletagem me carros de som na Praça 7 de Setembro, em frente a Assembléia Legislativa, onde, às 10 horas, ocorrerá uma audiência pública. À tarde, os médicos visitarão hospitais e clínicas, para verificar o andamento da paralisação. Às 19 horas, na Associação Médica, avaliam os próximos passos do movimento.


Ministério Público vai intermediar


O promotor de Defesa do Consumidor, José Augusto Peres Filho, disse não ser papel de sua promotoria intermediar negociação profissional - “mas como temos feito isso outras vezes” -, ele terminou afirmando que vai trabalhar na perspectiva de um eventual acordo entre os médicos e os planos de saúde, porque no meio disse tudo está o consumidor, “que poderá ser o mais prejudicado”.


Peres Filho informou que os médicos ficaram de enviar até a próxima segunda-feira, dia 11, a documentação necessária sobra as questões levantadas pela categoria, que estima em R$ 60,00 o valor mínimo a ser pago por cada consulta.


O movimento dos médicos aponta como meta o honorário de R$ 80,00 por consulta, além do reajuste dos demais procedimentos.


Consultas


Atualmente, a maioria dos planos de saúde paga entre R$ 25,00 e R$ 40,00 por consulta. Esses valores mudam de região para região e simbolizam a indiferença dos planos para com os profissionais que respondem pela saúde da população.


O promotor disse que, “pelo preço da fatura que foi passada” pelos médicos, paga-se de R$ 7,0 a R$ 8,00 a um médico que põe um gesso no braço fraturado de uma pessoa.


“Nós vamos instaurar um plano de negociação para evitar a paralisação total ou o desligamento dos médicos dos planos de saúde”, disse Peres Filho, a fim de que o usuário dos planos de saúde não termine sendo o principal prejudicado com o problema.


Exames de Alta Complexidade 2

Saúde - RN

Pagamento Efetuado

Depois de 06 dias fora do ar por falta de pagamento,o programa SIGUS que cadastra os pedidos (apac´s)de exames de alta complexidade de todas as cidades do Rio Grande do Norte voltou ao seu funcionamento normal nesta terça feira.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Exames de Alta Complexidade

Saúde - RN


SISTEMA EM MANUTENÇÃO ADMINISTRATIVA

Esta e a mensagem que aparece na tela do computador de todas as Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte quanto tentam requisitar um exame de alta complexidade
Senhora Governadora pague aos operadores do sistema para que a população volte a ter acesso aos exames de que tanto precisam.

Centro Clínico da Ribeira acumula problemas de infraestrutura

Saúde - RN

Sara Vasconcelos - Repórter




Problemas de infraestrutura e falta de medicamentos comprometem o atendimento no Centro Clínico José Carlos Passos, na Ribeira. Mofo e infiltração é visto em boa parte dos consultórios, sobretudo nos odontológicos.

Além dos problenmas estruturais, Centro Clínico também sofre com falta de medicamentos

O prédio abriga os serviços do Centro Odontológico Morton Mariz, desde que a unidade foi interditada há dois anos. Nos consultórios, além da escassez de alguns materiais como máscara e luvas, o mofo e a fiação exposta é um ponto questionável no atendimento.

“Se fosse um consultório particular a Covisa já tinha interditado por falta de condições sanitárias, mas como é da Prefeitura a gente tem que trabalhar aqui”, denuncia um dentista que preferiu não se identificar.



A parte anterior do prédio, onde funcionava diversos serviços está há cerca de quatro meses interditada pela Covisa, devido ao risco de desabamento. O madeiramento está corroído pelo cupim. Com o fechamento, a sede do Distrito Leste, setor de acolhimento da Policlínica, Programa de Saúde mental, farmácia e arquivo foram improvisados em outras salas.


Pacientes do serviço de saúde mental e de outras unidades padecem há quase dois meses em busca de medicamentos, isto porque a farmácia está desabastecida de medicamentos psicotrópicos. Da lista colada na parede da farmácia mais de 50% ostentam um "F" de falta.


“Venho aqui há dois meses e não consigo receber remédios para depressão”, disse a dona de casa Francisca Pereira de Oliveira. “É o mesmo tempo que não recebo os de osteoporose”, acrescenta a aposentada Expedita Maria da Costa.

domingo, 3 de abril de 2011

Crianças em UTIs, mães sofridas

Saúde - RN


Margareth Grilo - repórter


Joana Darc não esquece o dia em que levou o filho Artur, com seis meses de vida, às pressas para o hospital. Ele tinha dificuldades de respirar. Ficou oito dias internado. Três meses depois veio uma segunda crise respiratória. Estava de volta ao hospital. Desta vez, da emergência ele passou à Unidade de Terapia Intensiva. Foi entubado. Meses depois foi submetido a uma traqueostomia. No dia 20 de dezembro de 2010 completou 3 anos. Como toda criança, teve direito a bolo, presentes e parabéns pra você. Entre os convidados, além dos familiares, estavam enfermeiros e médicos - todos da equipe do Hospital Infantil Varela Santiago, onde ele chegou ainda bebê e não saiu mais.


Vítima de atrofia espinhal, está há dois anos e seis meses preso ao leito de número 03 da UTI. Artur se comunica com o olhar e com os dedinhos da mão direita. Joana D’arc Alves da Silva – a mãe de Artur - compreende ao menor gesto ou olhar o que o filho deseja. “Ele interage muito bem. Entende o que se passa a sua volta. Fica feliz quando estou por perto. À noite quando vai dormir pede pra eu ficar segurando o pé dele”. Aos 26 anos, ela vive em função de Artur.


Na UTI de um dos hospitais da rede pública João (nome fictício) acompanha tudo com o olhar. Nada lhe passa despercebido

A vida mudou. Os planos foram interrompidos. Há um ano separou-se do pai de Artur. Foi preciso reorganizar a dinâmica familiar, até porque tem um outro filho – Kauan, de cinco anos - que cobra sua presença, carinho e atenção. “Tenho que conciliar o tempo entre Artur, que precisa muito de mim, e Kauan que sofre com a ausência, se sente só e reclama. Essa cobrança é muito ruim”, relata. Joana D’arc pertence a um universo invisível para quem está só de passagem por um hospital. As mães de UTI, como ela, são mulheres que saem pela porta da maternidade sem seus filhos nos braços ou se veem obrigadas a devolvê-los aos cuidados da medicina, como no seu caso.


Emocionada (por vários momentos, chorou durante a entrevista) ela conta que, todos os dias, pede a Deus que lhe dê força para continuar presente na vida dos dois. “Sou uma pessoa extrovertida, mas por dentro só Deus sabe o que passa. É muito difícil saber que meu filho não vai sair daqui, a não ser quando Deus o levar. Mas não posso me entregar. Minha vida continua, por eles. E a responsabilidade é só minha”, diz, enquanto para para se acalmar.


O aniversário de Artur é sempre um misto de choro e a alegria. “Faço questão de no aniversário dele e nessas datas comemorativas estar com ele. Não sei se ano que vem ele vai estar entre nós”, diz ela, dando uma pausa pra se recompor. Minutos depois, continua: “Meu maior desejo era que existisse uma cura para doença do meu filho”.


Além do drama de ter um filho na UTI há mais de dois anos, sofre com as dificuldades da rede pública de saúde. Há dias, Artur aguarda para fazer uma ultrassonografia. Como não pode sair do hospital, o equipamento precisa ser deslocado até o hospital, mas não há previsão pra que isso aconteça. “O médico já disse que se ele não fizer o exame pode morrer porque não tem como diagnosticar o problema e fazer o tratamento adequado”.


A angústia de conviver com a dúvida


Aos 19 anos, Carla Santana dos Santos teve a vida suspensa pela ameaça permanente que paira sobre seu filho. Não tem vida fora da UTI do Hospital Maria Alice. Lá está o que tem de mais precioso: Kayke Kelvin, um bebezinho de 6 meses. Preso ao leito 06, há três meses, fora o tempo de internação em outros hospitais, Kayke teve um cisto pulmonar. Antes, o garoto teve internado um mês no Hospital Walfredo Gurgel.


“Estou dentro de hospital com ele desde o dia que ele nasceu”, conta Carla. Segundo ela, logo no primeiro mês de vida Kayke apresentou uma dermatite, seguida de problema respiratório. Inicialmente, o diagnóstico era de uma pneumonia. Ele fez vários tratamentos e nebulizações, sem melhoras. Veio a internação e um raio-x identificou um cisto broncogênico. Em quatro meses, o garoto passou por duas cirurgias – para a retirada do cisto e do lóbulo superior e médio do pulmão direito, em decorrência de uma fístula pulmonar. Hoje, Kayke está na UTI, com dreno torácico e suporte de oxigênio.


Apenas o pulmão esquerdo funciona bem. Kayke aguarda nova cirurgia para retirada do lóbulo inferior do pulmão direito, que já apresenta fístula pulmonar, e limpeza da cavidade pulmonar. É um quadro estável, mas com prognóstico delicado, que exige muitos cuidados, dizem os especialistas.“


No começo Carla Santana ficou desesperada. Com o passar dos dias e meses a dor deu lugar a angústia. “Hoje o que mais me deixa angustiada é que os médicos não explicam direito o quadro de saúde dele, o que vão fazer. Tenho medo que ele morra de uma hora pra outra”, diz a jovem, que não sai do lado do filho. Ele sente e cobra a presença da mãe. “Eu converso com ele, faço carinho, evito chorar perto dele. Quero que ele veja e sinta que estou perto dele”.


As enfermeiras comentam – conta a jovem – que sempre que ela sai, por alguma razão (para almoçar, tomar banho ou mesmo dormir um pouco) Kayke chora bastante. Hoje, Carla vive na Casa do Aconchego – uma área modesta montada pelo hospital Maria Alice para apoio às mães que tem filhos em UTI. Divide o único quarto, com outras mulheres na mesma condição. Tem noite que sai do lado do filho às 22h.


“Minha vida era tranquila, eu trabalhava como babá. De repente mudou tudo, quase não vou pra casa. Vivo pra ele e não tem como ser de outra forma. Prefiro ficar aqui, perto dele, do que em casa, pensando o tempo todo se ele está melhor, se piorou. Sei que minha força ajuda ele a ficar bem”, conta a paraibana, que mora em Natal desde o nascimento de Kayke. É evidente a calma do garoto quando ela está por perto. Carla diz que se angustia com a gravidade do quadro de saúde do bebê e, às vezes, se desespera. “Sei que não posso me desesperar. Isso não é um sonho que vou acordar e vai estar tudo bem. Tenho que viver essa realidade, mesmo que seja difícil”, constata ela, entre lágrimas. A angústia aumenta quando vê outras mães saindo com seus bebês, já sadios. “Nós continuamos aqui. É doloroso, mas se tiver que ficar por aqui seis, sete meses ou mesmo o tempo que for, eu fico. Só quero que ele saia daqui com saúde”.


bate papo - Luciana Carla Barbosa de Oliveira » psicóloga do Hosped da UFRN


O que produz o contato da mãe com o bebê?


É essencial a presença da mãe ou de alguém que tenha uma relação significativa de vínculo com a criança porque a criança se sente segura. A hospitalização já é um processo traumático, com uma quebra do desenvolvimento então se a criança não tem esse apoio fica mais difícil pra ela.


Quando a hospitalização é superior a dois meses como amenizar as angústias, o sofrimento da mãe?


Nós procuramos, através da psicologia, diminuir esse sofrimento e trazer para o ambiente hospitalar propostas de intervenção, para a mãe e para a criança, que ajudem a tornar esse ciclo minimamente traumático. Muitas das mães não tem suporte emocional para aquele momento. Na verdade, a mãe adoece junto com a criança.


Como trabalhar a criança e a mãe?


Nós procuramos trabalhar com o lúdico, utilizando instrumentos da rotina da hospitalização no brincar. Nesse momento, observamos como a criança está lidando e compreendendo essa nova realidade.Elas estão num ambiente estranho, ligado a dor, com pessoas que não conhece, então tudo que fizermos para nos aproximarmos delas e das mães, vai ajudá-las a entender esse universo e se adaptar mais facilmente.


Como ficam o desejo e os sonhos dessa mulher?


Essa mãe tem uma vida de renúncia, a partir do momento que o filho entra numa internação prolongada, seja ela em UTI e enfermaria. Naquele momento, o filho é o que importa. Ela deixa de ter uma vida lá fora. Muitas vezes, dependendo do tempo e da patologia, ela se sente culpada, fica fragilizada e deprimida. O importante é fazer um bom acolhimento dessa mulher; procurar ajudá-la a se reorganizar; e fazer um trabalho para reduzir a depressão, que existe em muitos casos.


Nessa situação de enfrentamento da morte e de muitos conflitos internos e externos, como essas mulheres podem reencontrar o equilíbrio?


Primeiro de tudo, é imprescindível que ela tenha um suporte familiar. Se a relação não está fragilizada, ela consegue passar por essa fase de hospitalização do filho, de forma mais tranquila. Mas, em muitos casos, o divórcio acontece, ela se desestrutura e ai precisa ter orientação psicológica e emocional. O apoio da família, o fato de ter pessoas que possa ajudar revezando no hospital, isso pode ajudar muito.


Que consequências pode ter o abandono de bebês por suas famílias?


Acontece o que chamamos de sensação de abandono. A criança em longa internação que perde o contato com a família, principalmente com a mãe, fica extremamente insegura e é comprovado que ele demora mais a aceitar o tratamento. Na maioria das vezes, se os pais não estão por perto a criança não adere ao tratamento. Os pais precisam ter consciência de são co-responsáveis.


Mulheres com alma marcada pelo sofrimento


Qualquer um que venha a conhecer uma UTI, e não só de passagem, sabe do que Joana D’arc e Carla estão falando. Criança em UTI é sinônimo de mães angustiadas, ávidas por felicidade ao lado dos filhos. É uma experiência única, que marca indelevelmente a alma humana. Foi assim com Aline Medeiros.


“É muito difícil ter um filho internado na UTI. São momentos solitários, que a gente precisa aprender a lidar com os próprios limites”, diz a enfermeira Aline Medeiros 28 anos. Há exatos oito anos, ela precisou largar tudo, para cuidar do filho, um recém-nascido prematuro, na UTI da Maternidade Januário Cicco.


“Imagine eu mãe de primeira viagem, com 20 anos, e um filho prematuro. Fiquei apavorada, a cabeça ficou a mil, mas tinha que me ligar, ficar atenta somente a ele. E tive que dar conta de tudo sozinha porque naquele tempo não tinha acompanhante”, relembra. O drama levou Aline a seguir carreira na enfermagem. Hoje está do lado oposto, orientando mães de UTI.


Oito anos depois, sadio e bem esperto, Renan sempre pede para conhecer o lugar onde ficou por três meses. “Levo foto das crianças e ele fica curioso, quer vir. Um dia vou trazer”, diz ela. Aline se especializou na assistência Neonatal e hoje é voluntária na maternidade onde o filho nasceu.


Equilíbrio


Para Joana D’arc, outra dificuldade é saber equilibrar a atenção que dá a Artur, o pequeno internado, e os cuidados que precisa ter com Kauan. Em casa, ele cobra a presença da mãe, carinho e atenção. E sempre faz planos para quando o irmão voltar. “Ele fica fazendo planos, diz que vai ensinar Artur a correr de bicicleta. Eu fico sem saber como agir, o que dizer. É muito difícil”. Nos primeiros meses da internação, Joana ficou direto no hospital, mas há meses resolveu se dividir entre a casa e o hospital.


Na quarta-feira, 30, ela passaria a tarde e a noite ao lado de Artur. “Aqui ou em casa, sempre vai estar faltando alguma coisa. Ninguém sabe como é essa dor”. Artur respira com suporte de ventilação mecânica e dreno. No dia da entrevista Artur já estava há 26 dias sem se alimentar e, por isso, está submetido à um dieta parenteral, o que aumenta a preocupação da mãe e da equipe médica.


Nessas horas, Joana D’arc não sai de perto. “Ele só tem a mim para defendê-lo, para cobrar uma boa assistência pra ele. Em nenhum momento penso em sair do lado dele. Tem três dias que estou direto”, conta. Sem ter como trabalhar, Joana tem ajuda da mãe e do atual companheiro – o pai de seu primeiro filho. “Tem dias que a ficha cai e choro tanto, mas não deixo que ele veja. Sei que ficaria triste. E ai me recomponho pra seguir em frente”.


Dicas - Questione sempre.


- Você pode e deve questionar bastante, mas confie na equipe.


- A informação sobre seu bebê deve ser pesquisada sempre com o médico dele. Cada caso é um caso. Cada criança (até com o mesmo caso clínico) é de um jeito e responde aos remédios de maneiras diferentes.


Ame seu bebê.


- Cante para seu bebê. Repita as frases e músicas que você cantava durante a gestação, assim ele se sentirá mais seguro.


- Converse com ele, isso faz com que ambos fiquem tranquilos e unidos.


- Algumas UTIs permitem a entrada de livros. Se puder, leia coisas otimistas, conte histórias. Isso ajudará a distraí-la e a acalmar o bebê.


- Quando for ver seu bebê, procure não chorar perto dele, assim ele não perceberá seu desespero e insegurança, naturais e esperados nessa situação, e se sentirá mais confortável.


Tenha atitude positiva.


[Fé + esperança = atitude positiva]. A fé é um dos mais preciosos. Ajuda a nutrir a esperança e é graças a ela você levantará cada dia com forças renovadas e vai pode agir melhor.


Não esqueça de você.


Por mais difícil que pareça e por mais culpada que você possa se sentir, não esqueça de que se cuidar é fundamental. A criança precisa da mãe saudável, bem alimentada, forte e com a cabeça o mais tranquila possível.


Estimule o pai a participar.
- É importante para o pai saber que a mãe valoriza sua presença na UTI.
- Por mais difícil que seja, visite seu filho, mostre interesse, demonstre amor, carinho e confiança na recuperação da criança.


UTI: lugar que testa os limites de mães, pais e médicos


Na UTI de um dos hospitais da rede pública João (nome fictício) acompanha tudo com o olhar. Nada lhe passa despercebido. Enquanto a reportagem da TRIBUNA DO NORTE esteve nessa UTI ele acompanhou os movimentos de quem passava a sua frente, observando as pessoas estranhas à equipe a qual está acostumado há seis anos. João tem atrofia espinhal, doença que atinge 1 em cada 10 mil nascidos vivos, e está preso a um leito de UTI desde o nascimento. Respira com ajuda de suporte de ventilação mecânica. Nos últimos anos, pouco vê a família, segundo relato da equipe médica, assistentes sociais e de enfermagem do hospital. A última visita da mãe foi no dia 03 de janeiro data de seu aniversário.


Essa não é a única situação. Existe, pelo menos, mais um caso semelhante. Um garoto que está há 3 anos e 9 meses no Varela Santiago, portador de anoxia. “Muitas vezes, sem esperança de que cura, a família deixa a criança aos cuidados dos médicos. Ela confia”, diz uma das diretoras do Hospital Infantil Varela Santiago, Águeda Maria Trindade Germano.


Em 30 anos de pediatria ela já viu muita coisa. “o ambiente de UTI é um lugar que testa os limites humanos. Todos - mães, pais e médicos, mesmo os mais experientes, somos testados, minuto a minuto”, diz a médica. A mulher explica, se sente dividida em relação aos outros filhos e conciliar isso é o mais difícil. Muitas não conseguem e se afastam do filho doente.


A técnica de enfermagem, também formada em Ciências da Religião, Juna Maria Fernandes Pinheiro, diz que já viu grandes desabafos. “Nessa jornada difícil, é preciso dizer a essa mulher que ela não está sozinha. É preciso que toda a equipe ajude a socializar essa mãe no espaço hospitalar”, orienta. Juna diz que o acolhimento deve acontecer em todos os aspectos da vida humana, principalmente o espiritual, “promovendo um diálogo da esperança para essa mulher tão fragilizada”. Segundo pesquisa da USP, o índice de depressão e divorcio é alto. No caso da depressão, 44% das mães sofrem de depressão e ansiedade; e 70% enfrentam a separação, quando a internação do filho é superior a um ano.


Joana D’arc sabe bem o que é isso. Há um ano se separou do pai de Artur. “Se a mulher não tiver uma base forte na relação, tudo acaba, porque no meio desse clima pesado, tenso e quando volta pra casa no dia seguinte vai meio deprimida, chorava muito. Meu marido não entendia isso e o casamento terminou”, relata.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Cosern vai reajustar tarifa de energia em 11,6% este mês

Energia - RN


A Companhia Energética do Rio Grande do Norte (Cosern) irá atualizar a tarifa de energia no próximo dia 22 de abril, de acordo com o calendário da de reajustes anuais da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). O reajuste implicará em um impacto médio para o consumidor de 11,60%. As empresas encaminham à Aneel uma solicitação de reajuste, que é analisada pela Companhia que define os percentuais a serem atualizados.




Além da Cosern, outras dez distribuidoras farão atualizações das tarifas, segundoo calendário. São elas: Companhia Energética de Minas Gerais S/A (Cemig), Centrais Elétricas Matogrossenses (Cemat), Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL -SP), Empresa Energética de Mato Grosso do Sul S/A (Enersul), AES Sul Distribuidora Gaúcha de Energia S/A, Usina Hidro Elétrica Nova Palma Ltda (Uhenpal), Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), Energisa Sergipe - Distribuidora de Energia S/A (ESE) e Companhia Energética de Pernambuco (Celpe).


O reajuste das tarifas é um dos três mecanismos de modificação das tarifas previstos nos contratos acordados entre as concessionárias e a União. Segundo a Aneel, a medida tem o objetivo de equilibrar econômica e financeiramente as concessões.


Os outros mecanismos são a Revisão Tarifária Periódica (RTP) e a Revisão Extraordinária. A Aneel alega que as três ferramentas são utilizadas para fazer com que a tarifa de energia seja justa aos consumidores e suficiente para cobrir custos do serviço com nível o de qualidade estabelecido pela Companhia.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Pediatria do Deoclécio Marques será fechada

Saúde - RN

Hospital Regional Deoclecio Marques em Parnamirim fecharar pediatria


Sete crianças aguardavam ontem pela manhã, em uma sala de observação, no Hospital Regional Deoclécio Marques por um leito de internação pediátrica em algum hospital público. Uma delas, José Vinícius, 10 anos, está lá há três dias. O quadro não envolve risco de morte, mas o garoto precisa receber antibiótico injetável, por isso a necessidade de internação.



Até o início da tarde, não havia nem perspectiva de transferência. “Ele fica aqui em condições que são precárias, mas não tem jeito tem que esperar”, constata a tia de Vinícius, Maria Lúcia Padre. Na sala da Observação são 12 leitos (berços para crianças de até seis anos), mas alguns são ocupados por crianças maiores como Vinícius. Nos outros leitos, a maioria das crianças apresentava doenças respiratórias.



O pequeno Laedson é uma das sete crianças que esperam, em Parnamirim, uma vaga pediátrica

A constatação da falta de leitos pediátricos, seja em enfermaria (leito clínico) ou em UTI, não é nova. Ilustra uma rotina, principalmente, na rede pública. Em Parnamirim, região sul da Grande Natal, a espera por leito de internação existe desde que o governo desativou em meados de 2010 a internação pediátrica no Deoclécio Marques.


O hospital possuía uma enfermaria com 12 leitos, que foi desativada para dar lugar a leitos da traumato-ortopedia. Agora, a situação pode se agravar, caso o atendimento de urgência pediátrica seja suspenso, para dar um lugar a mais leitos de traumato-ortopedia, denunciou o presidente do Sindicato dos Médicos do RN, Geraldo Ferreira.

Reunidos ontem pela manhã, em ato público, em frente ao hospital, servidores, médicos pediatras e representantes do Sinmed-RN, Sindsaúde-RN e da Sociedade de Pediatria do RN denunciaram o que consideram “um absurdo”. Em toda essa região sul da Grande Natal não há, segundo os sindicalistas, leito de internação em pediatria.


“Essas sete crianças que estão ai (na observação do Deoclécio) dependem de uma vaga na rede hospitalar da capital”, afirmou Geraldo Ferreira. Nos últimos dias, o serviço de urgência pediátrica do Deoclécio Marques tem feito contato com outros hospitais, como Walfredo Gurgel, Maria Alice, Santa Catarina, Hospital de Pediatria da UFRN (Hosped) e Varela Santiago, sem êxito. Nenhum deles acenou com a possibilidade de vaga, segundo a pediatra Hermínia Rodrigues.

Há cinco anos no hospital, a médica informou que além de Parnamirim, o serviço de pediatra recebe crianças de Santo Antônio, Nova Cruz, Canguaretama e Macaíba. “Bem ou mal, esse serviço é o único de pediatria que a população tem. Até porque a UPA só tem quatro pediatras, insuficiente para ter médico todos os dias e em todos os horários”, afirmou a pediatra.


Segundo ela, tem dias na semana que a UPA de Parnamirim não tem pediatra, no atendimento. A pediatra denunciou que a estrutura da UPA ainda é precária, não há equipamentos de raio-x, nem sala de coleta de exames.

O Deoclécio Marques tem, atualmente, 800 funcionários – dos quais 10- terceirizados. São 15 pediatras para o atendimento médio de 150 crianças, por dia, oriundas de diversos municípios. “O que ainda salva é esse atendimento de urgência pediátrica do Deoclécio”, afirma o presidente do Sinmed. Aguardando atendimento para o filho Laedson, Maria Lúcia dos Santos reforçou as palavras da pediatra. “. A única alternativa de consulta é essa aqui mesmo. O atendimento é desorganizado, mas pelo menos existe”, declarou Maria Lúcia.


Maria Alice Já está lotado para internação


Na Enfermaria do hospital Maria Alice Fernandes os 55 leitos estavam lotados. As quatro vagas abertas na manhã de ontem, segundo o diretor geral da unidade, Wilson Cleto de Medeiros Filho, foram ocupadas por crianças que estavam “internadas” na observação. A unidade não pode atender a nenhuma demanda externa.


Na Unidade de Terapia Intensiva, recentemente ampliada (passou de quatro para dez leitos), a situação é a mesma. Ontem, a UTI recebeu de Natal, Extremoz e São Gonçalo quatro solicitações de leito intensivos. Não pode atender a nenhuma delas. Com dez leitos, a UTI do hospital Maria Alice já está saturada. “Não há condições de atuar como retaguarda para outros hospitais. Se tivéssemos pelo menos mais um pediatra poderíamos abrir mais dez leitos clínicos (enfermaria)”, afirma o diretor geral do hospital. Na capital, existem 151 leitos clínicos e 93 de UTI, em hospitais públicos nas diversas especialidades.


Com a ampliação da UTI, a direção pensou que poderia desafogar o pronto-atendimento, dando suporte aos pacientes críticos, mas a UTI continua deficitária. A UTI já abriu lotada.


O diretor do Maria Alice credita a alta demanda em pediatra pela falta de assistência básica nos municípios. Só no hospital, a demanda do Pronto-atendimento cresceu 100% entre março de 2010 e março de 2011, passando de 5.616 para 6.874 crianças atendidas, oriundos de Natal, Extremoz, Ceará-Mirim e São Gonçalo, principalmente.


No hospital o gargalo está no pronto-atendimento. Para ter a escala completa no mês, o hospital precisa fechar 186 plantões. Até ontem, só tinha pediatras, num total de 17, para fechar 150. O déficit é de cinco pediatras.


O hospital, explicou o médico, faz a classificação de risco e dá prioridade aos casos de extrema gravidade (0,5%), que precisam de UTI; e aos de urgência (32%). De todos os casos, 67,5% poderiam e deveriam, segundo o médico, ter atendimento na rede básica de saúde. São casos como coceira, troca de curativos, queixas de que a criança não se alimenta. Por dia, a média de atendimento passou de 150 para mais de 300 atendimentos.


Sesap quer que município assuma o serviço


Em Mossoró, o secretário estadual de Saúde, Domício Arruda, confirmou que o hospital regional Deoclécio Marques será referência em traumato-ortopedia, e que deixará de fazer urgência pediátrica. Não é uma medida imediata, mas vai acontecer.


Por enquanto, adiantou o secretário, Sesap e secretária de Saúde de Parnamirim estudam uma forma de o município assumir o serviço. “é um serviço que pode ser implantado em qualquer lugar, inclusive na UPA de Parnamirim”, disse o secretário. Ele mencionou a possibilidade de cessão dos médicos pediatras. “Os médicos poderão optar entre ir para a UPA ou para o hospital Maria Alice”, adiantou. Segundo ele, como existe uma recomendação do Ministério Público de retirar a pediatria do hospital, a Sesap aguarda uma decisão da Justiça. “Não vai haver uma suspensão do serviço sem antes acertamos uma alternativa”.


O governo – disse ele - quer fortalecer o atendimento nos hospitais Maria Alice e de São José de Mipibu – este terá mais seis leitos de internação. Arruda não falou em prazos para as ampliações previstas. No próximo dia 10 de abril, a direção do hospital Deoclécio Marques tem audiência na Promotoria de Parnamirim para tratar do funcionamento do hospital. Já o secretário municipal de Saúde de Parnamirim deve remeter à promotoria informações a respeito da assistência básica.


Opinião de Flávio Do Carmo

Se a saúde de nossas crianças já andava de mal a pior, imaginem agora com  mais uma porta que se fecha,como vai ficar a situação destas crianças que moram nas cidades visinhas a parnamirim sem o atendimento pediatrico do Hospital Deoclecio Marques.
Governadora a senhora prometeu muito em cima dos palanques quando queria conquistar os nossos votos.
Governadora a senhora é médica pediatra,não abandone nossas criancinhas.

domingo, 27 de março de 2011

A longa espera dos pacientes do SUS por um exame

Saúde - RN


WAGNER LOPES - Repórter da Tribuna do Norte

Endoscopia com biopsia. Esse é o nome pelo qual é conhecido o exame que o médico de Willkerson Roberto Brito, de 13 anos, solicitou aos pais do garoto no final de 2010, para diagnosticar com exatidão um problema que o adolescente enfrenta desde um ano e meio de idade e que o obriga a seguir uma dieta extremamente restritiva.


R$ 500. Esse foi o valor que os pais de Willkerson tiveram de arcar, na rede privada, para realizar o exame. Tudo porque ao procurarem saber quando o garoto teria condições de fazer o procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS), foram informados que a demora ultrapassaria os seis meses
 
 
Assim como Willkerson, milhares de pacientes por todo o estado sofrem nas filas de espera pelos exames de alta e média complexidade e têm de enfrentar a dura realidade de pagarem de seus próprios bolsos o procedimento, ou se arriscarem a verem suas doenças se agravarem, devido à demora. Em alguns como o de colonoscopia, a espera pode chegar a oito meses, fora o tempo necessário para receber os resultados.



“Ele já fez ao longo da vida três exames destes (endoscopia com biopsia), todos pelo SUS. Em média marcavam para três meses na frente e ainda tinha um, ou dois meses para entregarem o resultado. Desta vez, o médico já sabendo da negligência da rede pública e da necessidade do menino, nos orientou a tentar fazer particular mesmo”, aponta a mãe, Cleideane Maria de Brito.


Ela procurou o SUS, após a solicitação do médico, e foi informada pela Secretaria Municipal de Extremoz, onde mora a família, que só haveria espaço para agendar o exame seis meses à frente. Mesmo com o médico relatando a urgência do caso, o máximo que se conseguiu foi reduzir o prazo para quatro meses, fora o tempo de entrega dos resultados. “A saída foi buscar fazer particular mesmo, porque o médico tem de descobrir logo”, diz a dona-de-casa.


Na rede privada, os preços giraram entre R$ 500 e R$ 800. Os pais do garoto conseguiram um pequeno desconto e realizaram o exame há uma semana. A primeira parte do resultado já foi inclusive entregue. “Se fosse pelo SUS, nem sei quando íamos conseguir”, reconhece Cleideane Brito.


Situação semelhante enfrentou José (nome fictício), morador do conjunto Panorama, na zona Norte de Natal. Em novembro, ele apresentou problemas respiratórios e foi diagnosticado com câncer no pulmão. Já agora em fevereiro sofreu uma parada respiratória e diversos exames foram solicitados, dentre os quais uma tomografia e uma ressonância.


“Não sabíamos quando a gente ia conseguir fazer isso pelo SUS, tanto que logo decidimos juntar o dinheiro e, com a ajuda da família e de amigos, realizar particular mesmo”, revela a esposa. Segundo ela, a tomografia custou em torno de R$ 700 e a ressonância aproximadamente R$ 290. A medida foi necessária pela urgência, mas representa um grande impacto financeiro para a família.


José mora em uma casa com a esposa, uma filha e uma neta e todos sobrevivem quase que exclusivamente da aposentadoria do paciente, que agora se prepara para enfrentar a quimioterapia. A esposa ressalta que a perspectiva de que novos exames possam ser bancados pelo Sistema Único é pequena. “Eu mesma tenho três solicitados no posto de saúde aqui próximo, incluindo cintilografia e raio-X de ombro, mas até agora não me ligaram para dizer quando vou poder fazer.”


Ordens judiciais garantem redução da fila de espera


Nos últimos anos, tornou-se comum a Justiça conceder, a pedido do Ministério Público, ordens para que a Secretaria Estadual de Saúde agilize a oferta de exames de alta complexidade, diante da longa fila de espera que se forma. Longe de considerar uma medida negativa, quem trabalha no Complexo Estadual de Regulação atribui a essas decisões a redução na demanda reprimida.

A subcoordenadora do complexo, Nina Lourdes de Queiroz, explica o porquê: “A fila de espera já foi muito pior, de um a dois anos, mas hoje não é mais assim. Melhorou com as decisões judiciais. Elas nos deram condições de negociar com os prestadores de serviços por outros valores, com preços mais atrativos. E aí conseguimos ampliar o número de exames e reduzir a demanda.”

A interferência judicial, contudo, tem também seu lado negativo. De acordo com a subcoordenadora, decisões individuais chegam com frequência à central e nem sempre possuem critério clínico. Isso obriga o Estado a fazer os beneficiários das liminares “passarem na frente” mesmo de quem tem mais necessidade. “Temos de atender a decisão judicial”, lamenta.


Os principais exames de alta complexidade regulados pelo Complexo Estadual são as tomografias e ressonâncias. “Para nós, qualquer médico pode ser o solicitante e não é obrigatório ser do SUS. Muitas vezes o paciente tem dificuldade de marcar uma consulta e ele pode conseguir o dinheiro de uma consulta particular, que nas clínicas populares sai por uns R$ 50, e depois solicitar o exame ao SUS”, explica Nina Queiroz.


Se o paciente é natalense, precisa levar os documentos até a sede do complexo, nos fundos do prédio da Sesap, na Cidade Alta, e dar entrada na solicitação. No interior, a secretaria de saúde do próprio município é quem encaminha. Um sistema informatizado permite acompanhar todo o processo. Médicos reguladores analisam o pedido e avaliam se há critérios clínicos que o justifiquem. Geralmente a data do exame é avisada ao interessado por telefone.


Hoje a situação da fila de espera na ressonância é a pior, embora a Sesap não detalhe quanto tempo pode demorar, já que depende também dos dados incluídos no sistema. Hoje há aparelhos de tomografia no Walfredo Gurgel, no Deoclécio Marques de Parnamirim e em Mossoró, além da rede privada. “Ressonância é mais difícil. Em Natal só fazem a Liga, Prontoneuro e HUOL.”



Em todos os casos, os pacientes com risco de morte maior passam na frente da fila. Se as doenças são graves, também é possível ultrapassar o teto de exames ofertados para determinado município, graças a uma “reserva técnica”. Nina só lamenta que, apesar dos treinamentos realizados com técnicos, médicos e operadores do sistema, ainda sejam comuns falhas no preenchimento dos dados, o que retarda as autorizações.


Há casos nos quais os reguladores pedem mais detalhes e os médicos reenviam o mesmo pedido. Outros nos quais a indicação clínica é “a pedido do paciente”. Também ocorrem perdas porque os operadores municipais não checam o sistema e acabam não avisando aos pacientes do agendamento.


De toda forma, Nina Queiroz entende que as filas hoje não são maiores porque “ano passado, de maio a novembro, houve essa demanda judicial pela qual a gente pôde fazer contratos com alguns prestadores com valores diferenciados da tabela SUS, compatíveis com os que os planos de saúde pagam.”


Além dessa alternativa, outra opção tem sido a negociação de prestadores com a Secretaria de Tributação. Em alguns casos, o ICMS relativo a equipamentos comprados pelas unidades de saúde foram quitados com a realização de serviços. “Isso ajudou muito e tem mais prestadores interessados nesse acordo”, revela a subcoordenadora.


Valores baixos não atraem prestadores


Além dos convênios com a Secretaria Estadual de Saúde, os municípios de todo o Rio Grande do Norte também realizam procedimentos de média e alta complexidade através da Secretaria Municipal de Saúde de Natal, a partir de pactuações. O órgão da capital regula exames como ultrassonografia, ecocardiograma, teste ergométrico, colonoscopia e também de alta complexidade, dentre os quais cateterismo e arteriografia.


Auditora do Departamento de Regulação, Avaliação e Controle dos Serviços Públicos da SMS, Luana Maria Almeida explica que os principais problemas na área são os baixos valores pagos pelo SUS aos prestadores de serviços, somado à falta dos equipamentos na rede pública estadual e municipal.


A SMS só aceita solicitações encaminhadas pelas unidades de saúde. “Normalmente o paciente vem da rede básica, ou do PSF, ou de uma unidade de saúde da família. Se ele precisar de um especialista, é encaminhado e, a depender da especialidade, é pedido o exame”, relata. Um cateterismo, por exemplo, tem de ser solicitado pelo cardiologista, ou pelo cirurgião cardíaco.


O paciente morador da capital que necessite de um exame de alta complexidade vai diretamente à central de regulação, na sede da SMS, na Praia do Meio. Os oriundos de cidades do interior são inseridos no sistema a partir das secretarias municipais. A prioridade é dos casos mais graves.


De acordo com a auditora, exames como cateterismo vêm sendo realizados sem maiores problemas, até na mesma semana. Já em arteriografia a dificuldade é um pouco maior, porque o procedimento é realizado apenas no Onofre Lopes, mesmo assim ela aponta que não há fila de espera. Em média os exames são autorizados oito dias para frente, garantindo tempo hábil de o paciente ser informado e se agendar. Em casos específicos, como no de mamografia, onde não há demanda reprimida, é possível marcar para o dia seguinte.


“O problema é mesmo o número reduzido de prestadores. Em cardiologia temos só o Onofre Lopes, o Hospital do Coração, o Incor e o Natal Center”, lista. Em outros exames, como a ultrassonografia de articulação, a demanda reprimida é maior porque nem todo médico realiza e o valor é baixo.


“Uma das maiores filas, que chega a oito meses de espera, é a de colonoscopia, só realizada no Onofre Lopes e Giselda Trigueiro”. Mas não faltam exemplos semelhantes, como o do raio-x contrastado. “É um exame simples, mas o valor da tabela não paga nem o contraste que se utiliza.”


A SMS abriu uma chamada pública e as propostas vêm sendo analisadas, porém a expectativa de aumento de prestadores não é das melhores, já que a tabela não passou por reajustes recentes. “Em compensação tem especialidade que é mais fácil agendar no SUS. Levei meu filho para gastroenterologia pediátrica. Procurei o plano no início de março e disseram para eu ligar em 1º de abril para só então marcar a consulta, enquanto no SUS foi marcado na sexta-feira depois do carnaval (11) para terça-feira agora (22).”


“A Secretaria só cumpre depois de muita pressão”


A promotora de Justiça Iara Pinheiro acompanha há vários anos os problemas enfrentados pela rede pública na área de exames de alta complexidade e lamenta: “Realmente a Secretaria Estadual de Saúde só cumpre as decisões judiciais que envolvem tutela coletiva depois de muita pressão.”


Em 2007, o Ministério Público ingressou com uma ação objetivando o fim da fila de espera para tomografia e ressonância. “Essa ação tem um êxito interessante, porque reduziu as filas. Não saberia dizer a situação hoje, mas concretamente a ação embasou uma execução que permitiu a aquisição, ano passado, de dois tomógrafos. Um para o Walfredo Gurgel, outro para o Deoclécio Marques (de Parnamirim).”


A conquista não foi nada fácil. “Nesse processo executei multa, pedi a notificação da governadora (Wilma de Faria), instauração de processo administrativo contra o secretário (George Antunes). Então é um andar bastante difícil, mas sem essa pressão tenho a convicção que maiores danos seriam experimentados pela população usuária do SUS. Evidentemente não é a solução para se ter um sistema de saúde de qualidade”, enfatiza.


A representante do MP lembra que não cabe ao Judiciário fazer política de assistência à saúde e que o dever do gestor público de garantir atendimento de qualidade ao cidadão é “inafastável”. Ela entende que enquanto os gestores “cruzarem os braços e não dotarem as suas redes próprias das condições necessárias, teremos serviços caros, precarizados e de baixa eficiência”.


Os tomógrafos adquiridos a partir da ação judicial permitiram maior assistência aos pacientes politraumatizados internados no Walfredo e no Deoclécio e ainda atendem parte da demanda de outros hospitais. “As filas antes eram absurdas, mas houve uma melhora com a chegada dos dois aparelhos”, avalia.


No entanto, em relação à ressonância o problema persiste. “Já pedimos a notificação do atual gestor (Domício Arruda), para que ele não alegue desconhecimento. Há uma multa pessoal e ele já foi intimado, a última decisão, de 15 de março, deu um prazo de 30 dias para a aquisição do aparelho de ressonância magnética.”


A promotora destaca que não há dúvidas da necessidade desse equipamento. “E a ação só se encerra com a inexistência de filas, ainda que seja adquirindo os serviços de prestador privado, e a aquisição desses três aparelhos, os dois tomógrafos e o de ressonância magnética.”


Iara Pinheiro reconhece que há problemas em várias outras áreas, mas destaca que a promotoria vem focando nas “omissões que geram maior potencial de danos, ou efetivos prejuízos”, o que inclui atualmente duas linhas de atuação no tocante à alta complexidade: a área de atendimento cardiovascular e a de tomografias e ressonâncias.


A partir da próxima quinta-feira, através de uma audiência, será iniciado um trabalho de análise em relação à oferta de outros dois exames cuja demanda é intensa no Walfredo Gurgel: cateterismo e eco transesofágico.


Estado tem obrigação de ofertar exames


Se um pai tem a obrigação de prover a alimentação de sua família, até pode pedir emprestado um quilo de feijão ao vizinho, mas cabe a ele garantir a comida diária em casa. A lógica é utilizada pelo presidente do Conselho Estadual de Saúde, Francisco Canindé dos Santos, para defender que cabe ao poder público em geral oferecer os exames de alta complexidade à população.


“A posição do Conselho Estadual de Saúde é de que, como temos uma política pública que é direito do cidadão e dever do estado, então cabe ao estado a obrigação de prover esse serviço. E ele não tem o direito de transferir isso para ninguém. Por isso, nos exames de alta complexidade, bem como em outros serviços, o estado tem de garantir na sua rede todas as condições”, defende.


Francisco Canindé lembra que 2011 prevê três momentos importantes do planejamento da saúde estadual: a formulação do Plano Diretor de Investimentos (PDI), do Plano Plurianual (PPA) e do Plano Estadual de Saúde. “No PDI, o governo deve se planejar não só restrito a obras, mas também da estrutura e equipamentos para atender esses exames de alta complexidade. E no PPA é preciso incluir todos os investimentos, pois se não estiver no PPA, não sai”, alerta.


Tanto o aspecto do PPA relativo à área da saúde, quanto o Plano Estadual de Saúde, devem passar pelo Conselho Estadual e a expectativa é que os conselheiros cobrem a estruturação da rede pública. “Nós do conselho não admitimos que o governo fique refém do setor privado. Não pode se deixar de ter o filantrópico, ou o privado, mas apenas como complementos da rede”, observa o presidente. Ele lembra que a “judicialização” da saúde, ou seja, as diversas sentenças concedidas a pacientes, garantindo atendimento, é um problema decorrente da falta do planejamento permanente. “Ninguém pode governar sem planejar. A gente tem de reconhecer que o financiamento da saúde também é problema. Mas o problema maior é a falta de gestão.”


Francisco Canindé pretende colocar em discussão, na Conferência Estadual de Saúde, problemas como o enfrentando no setor de exames de alta complexidade. “Sei que não dá para reverter totalmente em curto prazo, mas temos de começar a trabalhar de tal forma que em médio e longo prazo a gente consiga ter uma reversão e não ter mais essa situação de ficar na mão do privado, ou do filantrópico”, conclui.


Secretarias têm dificuldade em atender demanda


O secretário Municipal de Saúde de Natal, Thiago Trindade, reconhece que há demanda reprimida em vários tipos de exames de média e alta complexidade, mas reforça que o problema é o pequeno repasse de recursos para a área da saúde, por parte da União. “Vamos inclusive na próxima (esta) semana apresentar uma pauta junto ao Ministério da Saúde, no qual estarão incluídos pedidos relativos à média e alta complexidade”.


Ele lembra que o ministro Alexandre Padilha esteve em Natal, em fevereiro, e tomou conhecimento das dificuldades relativas aos repasses para áreas como o atendimento de urgência e mesmo a de alta complexidade. “Leitos de UTI, temos dificuldade até mesmo para cadastrar junto ao Ministério da Saúde, por pura burocracia.”


Segundo ele, o ministro já acenou com “boas perspectivas”, porém o secretário sabe que nem tudo será resolvido com a União. “Faremos um pedido em cima do ideal, mas o que a gente conseguir já vai ser um avanço.” Ele considera que fortalecer os recursos para a atração de prestadores de serviços é o melhor caminho. “Um reajuste nos repasses fará com que o município amplie as possibilidades de convênio. Em alguns casos, é complicado se pensar em estrutura própria. A Liga, por exemplo, tem uma ‘expertise’ que Estado e Município não irão alcançar”, observa.


Estrutura


A opinião é dividida com o secretário Estadual de Saúde, Domício Arruda. “Tem alguns casos, como os dos tomógrafos, (que já possui aparelhos) existentes em (unidades estaduais de) Natal, Parnamirim e Mossoró, que a rede pública pode se estruturar. Mas em outros é quase impossível a rede pública montar estrutura própria, como na hemodinâmica. Em radioterapia, por exemplo, é impossível”, entende o gestor estadual.

Domício Arruda lembra que o financiamento para o setor ainda está aquém das necessidades e acrescenta um obstáculo a mais, além dos baixos valores da tabela do SUS e da falta de equipamentos na rede pública. “Um terceiro ponto é a baixa produtividade dos serviços universitários. Os hospitais universitários têm um parque tecnológico completo, moderno, com equipamentos novos, e poderiam contribuir mais”, avalia.








Jornalista de Parnamirim é eleita a nova Miss RN

Beleza - Miss RN


Izaira Thalita - repórter da Tribuna do Norte


A mulher mais bela que representa o Rio Grande do Norte no Miss Brasil em 2011 é a jornalista Daliane Menezes, 22 anos, 1m80, representante do município de Parnamirim. Ela foi eleita na noite deste sábado, 26 no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado em Mossoró.

“Estou muito feliz, muito emocionada de ter sido escolhida”, disse Daliane já com a coroa e faixa de Miss RN 2011.


Daliane Menezes ganhou a faixa de Miss RN numa disputa acirrada com mais 24 candidatas ao título de mulher mais bela do estado
Pela primeira vez em 56 anos o concurso Miss RN foi realizado fora da capital e em Mossoró, atraindo o público que reconheceu a oportunidade e prestigiou o evento repleto de momentos de glamour, beleza e performances.
Muitas candidatas contaram com torcida organizada como as representantes de Caico, Mossoro e Pau dos Ferros, sendo que esta ultima escolhida como a preferida dos internautas que votaram no site da TRIBUNA nao ficou entre as finalistas.
Daliane Menezes ganhou a faixa de Miss RN numa disputa acirrada com mais 24 belas mulheres, com idade entre 18 e 25 anos, em um dos concursos onde a escolha foi considerada difícil até para o júri, formado nesta noite por colunistas sociais, estilista, empresárias. Mostrou simpatia e elegância durante o desfile e conquistou o júri.
Uma das integrantes da comissão julgadora a Miss Brasil 2010, Débora Lyra elogiou a beleza das potiguares, falou do alto nível das candidatas e desejou a Miss 2011 sucesso no concurso Miss Brasil que este ano será realizado em de no mês de julho em São Paulo com transmissão em TV aberta.
O estilista paulista Arthur Caliman, responsável pelos trajes de gala do concurso no RN e um dos estilistas oficiais do Miss Brasil elogiou a escolha e ressaltou o potencial do RN no concurso que escolhera a mais bela do país.


Jornalista pretende se dedicar a agenda de Miss esse ano


Formada em Jornalismo e estudante de Radialismo Daliane Menezes diz estar realizando um sonho. Ela que já participou do concurso em 2008 não desistiu. Ao surgir o convite em 2011, aceitou representar Parnamirim.
“Eu esperei muito por isso, participei pelo segundo ano do concurso e agora esta sendo maravilhoso viver essa conquista. O mais difícil foi manter a calma, fiquei nervosa, mas deu certo”.
A nova Miss RN pretende trancar a atual faculdade para se dedicar integralmente aos preparativos do Miss Brasil 2011.

“O trabalho começa agora. O Miss Brasil não é um concurso fácil e o nível é mais alto do que vimos aqui. Vou lotar minha agenda com os preparativos”, explica ela.
Daliane diz que vai investir em preparação física, aulas de oratória, aulas de fluência em inglês e se depender de seu esforço, estará pronta para o concurso nacional.
“Ganhar o título é motivo de muito orgulho pra mim e para minha família. Agora, quero seguir em frente e aproveitar muito essa oportunidade”, ressalta a eleita.


Confira a lista das finalistas do Miss Rn 2011:


1 lugar - Daliane Menezes - Parnamirim

2 lugar - Catharina Amorim - Mossoró

3 lugar - Natalia Clemente – Caicó

4 lugar - Klendja Lucena - Ouro Branco

5 lugar - Thaís Araújo- Governador Dix-Sept

Miss Simpatia – Bruna Cabral - Macau

Miss Elegância – Natalia Clemente - Caicó


sábado, 26 de março de 2011

Promotora não espera redução de atendimentos no HUOL

Saúde - RN


O possível descredenciamento do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol) da situação de “Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular”, sugerido pelo Ministério Público às redes Estadual e Municipal de Saúde, não deveria interferir no número de procedimentos realizados na unidade. A opinião é da promotora de Justiça Iara Pinheiro, responsável pela representação que solicita um posicionamento do Sistema Único de Saúde (SUS) a respeito do assunto.


Iara Pinheiro explica que continuar com o HUOL como referência é igual a
dizer: “Tem, mas tá faltando”
Ela lembra que, em momento algum, o MP pede para que o hospital deixe de ser prestador de serviços do SUS. A representação destaca que o Huol não cumpre com suas obrigações enquanto “centro de referência” da especialidade. “Um centro de referência tem uma série de requisitos que ele nunca cumpriu. Então o Ministério Público entendeu que o SUS tem de se posicionar. O que fizemos foi dizer: Ministério da Saúde, esse hospital universitário não é centro.”


A promotora lembra que poderia, inclusive, ter optado por entrar com uma ação determinando o descredenciamento. “Mas eu pedi ao sistema que se posicione. Se ele não faz a função de centro vai ficar assim: ‘tem mas tá faltando’?”, questiona, complementado: “O Huol, dentro desse perfil de centro de referência em atenção cardiovascular, nunca cumpriu todos os requisitos e esse impacto na assistência do SUS foi muito nefasto” Enquanto “centro de referência”, a unidade tem direito a contratos diferenciados, com valores superiores, porém necessita atender um número mínimo de serviços. O objetivo não estaria sendo atingido. “Então não temos porque perder o Huol como prestador de serviço, mas que ele seja mais um prestador de serviço”, defende. Ela considera “falta de razoabilidade” o hospital deixar de realizar os procedimentos se houver o descredenciamento.

Iara Pinheiro afirma que cabe aos dois sistemas de saúde, o estadual e o municipal, se posicionarem e espera que na próxima semana já haja uma resposta a respeito da representação, para que o MP possa tomar as decisões devidas. “Na reportagem da TRIBUNA DO NORTE, ele (Ricardo Lagreca, diretor do Huol) chama a atenção para os prejuízos à academia (ensino universitário), mas a promotoria não pode lançar preocupações em relação a isso. Quem tem de lançar é a própria universidade. Nossa ótica não é da academia, é da assistência à saúde”.

Um dos requisitos do título de centro de referência era oferecer uma “porta aberta” para a urgência cardiovascular. “Nunca eles abriram. Aliás, estão dizendo que estão abrindo uma semana por mês, depois de seis anos.” Ao mesmo tempo, ela destaca que hoje o Hospital Ruy Pereira realiza em média 20 cirurgias por semana na especialidade, quando no Huol se chegava, no máximo, a cinco, entre angioplastias e bypass.

Desde que a unidade estadual começou a atender esses casos, em novembro do ano passado, o Walfredo Gurgel registrou a realização de 35 amputações ao todo. O número anteriormente, quando se dependia prioritariamente do Huol, chegava a 60 em um único mês. “A realidade das amputações era uma vergonha”, confirma Iara Pinheiro.

Comissão se reúne próxima semana


O Ministério Público Estadual requereu ao Ministério da Saúde, em novembro de 2010, a abertura de processo para a desabilitação do Onofre Lopes como Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular. No início deste ano, o ministério notificou a Sesap e a SMS para que criassem um núcleo de estudo e avaliação, que se reunirá pela primeira vez na próxima semana.

O grupo reúne ainda representantes do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems) e analisará os dados destacados na representação do MP. Um deles aponta que, em 2010, a unidade hospitalar realizou 121 cirurgias cardíacas e 17 vasculares, quando um “Centro de Referência” deve realizar, por ano, 180 e 120, respectivamente.

O Diretor do Huol, Ricardo Lagreca, admitiu que a quantidade de procedimentos está abaixo do determinado, mas não considerou que o fato justifique o descredenciamento. Ele defendeu uma auditoria na área cardiovascular para “que a situação do hospital, que tem uma curva ascendente de assistência, seja analisada com justiça” e disse que a direção tem feito esforços para se adequar às exigências.
Entre os problemas apontados pela promotora no hospital estão “a insuficiência de profissionais, em especial médicos e enfermeiros; a deficiência de estrutura, de equipamentos e insumos, desde 2008, sem que houvesse uma solução corretiva”. Outro ponto abordado na representação é a ausência do serviço de urgência, com atendimento ininterrupto na área cardiovascular.

O Onofre lopes foi autorizado pelo Ministério da Saúde como Centro de Referência em 2006. Um dos requisitos para isso foi o fato de ser um hospital de ensino, o que o torna o único credenciado ao título no estado, dentro da especialidade. O secretário Municipal de Saúde, Thiago Trindade, já destacou que, se houver uma decisão pela desabilitação do Huol, tem de “vir acoplada de uma solução substitutiva imediata”,

Dengue - Transmissão fácil, combate difícil

Saúde - Dengue - Brasil


A epidemia de dengue que ora recua, ora avança em todas as regiões do Brasil já dura 30 anos. Os registros sobre a doença, no entanto, são bem mais antigos. O mosquito transmissor – Aedes aegypti - tem origem africana, tendo sido reconhecido pela primeira vez no Egito- daí o seu nome. O mosquito chegou ao Brasil nos navios negreiros - ele se reproduzia nos depósitos de água dos barcos nas viagens da África para cá.
O primeiro casos registrado de dengue do lado de cá do Atlântico data de 1865, na cidade de Recife. Sete anos depois, em Salvador uma epidemia matou 2.000 pessoas. Nas décadas seguintes, até 1916, a doença espalhou-se e foi considerada endêmica em todo o país. A partir de 1903, o sanitarista Oswaldo Cruz, implantou um programa de combate ao mosquito que se prolongou por anos. O Aedes aegypti chegou a ser erradicado no Brasil na década de 50, mas retornou, e na década de 80 houve uma epidemia de dengue em Roraima, onde foram isolados os vírus DEN1 e DEN4.
Em 1986, a epidemia chegou ao Rio de Janeiro e algumas áreas urbanas do Nordeste com disseminação do vírus DEN1 e mais de 50.000 casos. Em 1990, apareceu o vírus 2 no Rio de Janeiro, atingindo várias áreas do Sudeste. Em 1998, o quadro já era de pandemia com mais de 500.000 casos no país. O vírus se espalhou por todo o país, com o Nordeste atingindo o maior número de casos. Em 2000, o vírus 3 foi isolado no Rio de Janeiro, e uma nova epidemia de dengue aconteceu entre 2001 e 2003. Este ano, começando pela região Norte, o risco é do vírus 4.
Pesquisas para a fabricação de uma vacina, desenvolvidas desde 2007 pelos cientistas da Fundação Osvaldo Cruz, ainda não estão concluídas. A estimativas mais otimistas é que a vacina pode estar pronta para ser aprovada pelas autoridades sanitárias e comercializada no ano de 2013, segundo previsão da companhia farmacêutica francesa Sanofi-Aventis, principal produtora mundial de vacinas.


Principal arma é a informação correta


1- O que é dengue?



É uma virose transmitida por um tipo de mosquito (Aëdes aegypti) que pica apenas durante o dia, ao contrário do mosquito comum (Culex), que pica de noite. A infecção pode ser causada por qualquer um dos quatro tipos (1, 2, 3 e 4) do vírus do dengue, que produzem as mesmas manifestações. Em geral, o início é súbito com febre alta, dor de cabeça e muita dor no corpo. É comum a sensação de intenso cansaço, a falta de apetite e, por vezes, náuseas e vômitos. Podem aparecer manchas vermelhas na pele, parecidas com as do sarampo ou da rubéola, e prurido (coceira) no corpo. Pode ocorrer, às vezes, algum tipo de sangramento (em geral no nariz ou nas gengivas). O dengue* não é transmitido diretamente de uma pessoa para outra.


2- O que deve ser feito e quais cuidados são importantes para uma pessoa que acha que está com dengue?

Procurar um Serviço de Saúde logo no começo das manifestações. Diversas doenças são muito parecidas com o dengue, e têm outro tipo de tratamento.
Informar ao médico se estiver em uso de qualquer remédio. Alguns medicamentos utilizados no tratamento de outras doenças (Marevan®, Ticlid® etc.) podem aumentar o risco de sangramentos.
O tratamento do dengue é feito com hidratação. Beber bastante líquido, evitando-se as bebidas com cafeína (café, chá preto). Não é preciso fazer nenhuma dieta.
Os medicamentos não alteram a evolução do dengue e são empregados apenas para atenuar as manifestações da doença (dor, febre).
Não tomar remédios por conta própria. Todos os medicamentos podem ter efeitos colaterais e alguns que podem até piorar a doença.
Não tomar nenhum remédio para dor ou para febre que contenha ácido acetil-salicílico (AAS®, Aspirina®, Melhoral® etc.) - que pode aumentar o risco de sangramento.
Os antiinflamatórios (Voltaren®, Profenid® etc.) também não devem ser utilizados como antitérmicos pelo risco de efeitos colaterais, como hemorragia digestiva e reações alérgicas.
Os remédios que contém dipirona (Novalgina®, Dorflex®, Anador® etc.) devem ser evitados sem prescrição médica, pois podem diminuir a pressão ou, às vezes, causar manchas de pele parecidas com as do dengue.
O paracetamol (Dôrico®, Tylenol® etc.), mais utilizado para tratar a dor e a febre no dengue, deve ser tomado rigorosamente nas doses e no intervalo prescritos pelo médico, uma vez que em doses muito altas pode causar lesão hepática.


3- Como é feito o diagnóstico de dengue?


O diagnóstico inicial de dengue é clínico (história + exame físico da pessoa) feito essencialmente por exclusão de outras doenças. É muito importante, por exemplo, saber se a pessoa não está com doença meningocócica (meningite ou meningococcemia) ou leptospirose que são tratáveis com antibióticos. Feito o diagnóstico clínico de dengue, alguns exames (hematócrito, contagem de plaquetas) podem trazer informações úteis quando analisados por um médico, mas não comprovam o diagnóstico, uma vez que também podem estar alterados em várias outras infecções. A comprovação do diagnóstico, se for desejada por algum motivo, pode ser feita através de sorologia (exame que detecta a presença de anticorpos contra o vírus do dengue), que começa a ficar reativa (“positiva”) a partir do quarto dia de doença.


4- É necessário esperar o resultado de exames para iniciar o tratamento?


Não. Uma vez que, excluídas clinicamente outras doenças, o dengue passa a ser o diagnóstico mais provável, os resultados de exames (que podem demorar muito) não podem retardar o início do tratamento. O tratamento do dengue é feito, na maioria das vezes, com uma solução para reidratação oral (disponível nos Serviços de Saúde), que deve ser iniciada o mais rápido possível.


5 - A comprovação do diagnóstico de dengue é útil para o tratamento da pessoa doente?


Não. A comprovação sorológica do diagnóstico de dengue poderá ser útil para outras finalidades (vigilância epidemiológica, estatísticas) e é um direito do doente, mas o resultado do exame comumente estará disponível apenas após a pessoa ter melhorado, o que o torna inútil para a condução do tratamento. O exame sorológico também não permite dizer qual o tipo de vírus que causou a infecção (o que é irrelevante) e nem se o dengue é “hemorrágico”.
Quando o exame sorológico é realizado logo no começo da doença, um resultado “negativo” não permite afastar o diagnóstico de dengue. Nesse caso é necessária uma segunda amostra colhida, em geral, cerca de duas semanas após a primeira. Uma única amostra colhida após o décimo dia de doença permite uma certeza maior se o resultado for “negativo”. O exame sorológico permite detectar uma infecção recente por cerca de dois meses, e poderá ser realizado mesmo após a pessoa ter ficado curada (nesse caso basta apenas uma amostra de sangue). Em qualquer dessas situações, o diagnóstico estará confirmado se o exame for “positivo”.


6 - O que é dengue “hemorrágico”?


Dengue “hemorrágico” é a forma mais grave da doença. Apesar do nome, que é impreciso, o principal perigo do dengue “hemorrágico” não são os sangramentos, mas sim a pressão arterial muito baixa (choque). É importante saber que outras doenças podem ser muito parecidas com o dengue. Na doença meningocócica, por exemplo, a pessoa fica grave muito mais rápido (logo no primeiro ou segundo dia de doença) do que no dengue.
O dengue pode se tornar mais grave apenas quando a febre começa a diminuir. O período mais perigoso está nos três primeiros dias depois que a febre começa a desaparecer. Pode aparecer qualquer uma destas alterações:


dor no fígado (nas costelas, do lado direito)
tonteiras, desmaios
pele fria e pegajosa, suor frio
sangramentos
fezes escuras, parecidas com borra de café


7 - O dengue “hemorrágico” só ocorre em quem tem dengue pela segunda vez?


Não. A forma grave do dengue também pode ocorrer em quem tem a doença pela primeira vez.


8 - Quantas vezes uma pessoa pode ter dengue?


Até quatro vezes, pois existem quatro tipos diferentes do vírus do dengue (1, 2, 3 e 4). No Rio de Janeiro, até agora, existem os tipos 1, 2 e 3. Cada vez que a pessoa tem dengue por um tipo, fica permanentemente protegido contra novas infecções por aquele tipo. É por isso que só se pode ter dengue quatro vezes.


9 - Quem teve dengue fica com alguma complicação?


Não. A recuperação costuma ser total. É comum que ocorra durante alguns dias uma sensação de cansaço, que desaparece completamente com o tempo.


10 - Todo mundo que é picado pelo Aedes fica doente?


Não. Primeiro é preciso que o Aedes esteja contaminado com o vírus do dengue. Além disso, cerca de metade das pessoas que são picadas pelo mosquito que tem o vírus não apresenta qualquer sintoma.


11 -  O que fazer para diminuir o risco de pegar dengue?


O Aedes aegypti é um mosquito doméstico, que vive dentro ou nas proximidades das habitações. O único modo possível de evitar ou reduzir a duração de uma epidemia e impedir a introdução de um novo tipo do vírus do dengue é a eliminação dos transmissores. Isso é muito importante porque, além do dengue, o Aëdes aegypti também pode transmitir a febre amarela.
O “fumacê” é útil para matar os mosquitos adultos, mas não acaba com os ovos. Por isso, deve ser empregado apenas em períodos de epidemias com o objetivo de interromper rapidamente a transmissão. O mais importante é procurar acabar com os criadouros dos mosquitos. Qualquer coleção de água relativamente limpa e parada, inclusive em plantas que acumulam água (bromélias), pode servir de criadouro para o Aedes aegypti.
O viajante (ou o residente em áreas de transmissão) - principalmente em períodos de epidemia - deve usar, sempre que possível, calças e camisas de manga comprida, e repelentes contra insetos à base de dietiltoluamida (DEET) ou picaridina nas áreas expostas do corpo, não ultrapassando a concentração máxima recomendada para cada substância (repelentes não devem ser utilizados em crianças com idade menor que dois meses). Como a freqüência de uso depende da concentração, antes de adquirir um repelente, é importante certificar-se da concentração de DEET (ou picaridina) no produto e seguir as instruções do fabricante. As concentrações usualmente recomendadas são de 30% a 35% (máximo de 50%) para o de DEET e de 20% para a picaridina. Em hipótese alguma devem ser utilizados inseticidas na pele. Em períodos de epidemia os inseticidas podem ser empregados nas habitações durante dia, através de espirais ou dispositivos elétricos de liberação prolongada. A utilização de “mosquiteiros”, também durante o dia, pode ser útil para proteger crianças de berço ou pessoas que estejam acamadas.


12 - O que pode ser feito para eliminar o mosquito que pode transmitir o dengue e a febre amarela?


Os governantes não devem se omitir em executar tarefas básicas fundamentais para o controle da proliferação do Aedes aegypti como, por exemplo, a coleta regular de lixo (evita que objetos possam servir ao acúmulo de água) e a implantação de redes de distribuição de água potável (evita que as pessoas sejam obrigadas a manter recipientes contendo água para consumo na residência, ou seja, criadouros potenciais do transmissor).
A população deve fazer a parte que é possível a ela. Não se deve deixar objetos que possam acumular água expostos à chuva. Qualquer recipiente contendo água (como caixas d’água) deve ser cuidadosamente limpo e tampado. Não adianta apenas trocar a água, pois os ovos do mosquito ficam aderidos às paredes dos recipientes. Portanto, o que pode e deve ser feito, em casa, escolas, creches e no trabalho, é:
- substituir a água dos vasos das plantas por terra e esvaziar o prato coletor, lavando-o com auxílio de uma escova.
- não deixar acumular água nas calhas do telhado.
- não deixar expostos à chuva pneus velhos ou objetos (latas, garrafas, tampas de garrafas, cacos de vidro etc.) que possam acumular água.
- acondicionar o lixo domiciliar em sacos plásticos fechados ou latões com tampa.
- tampar cuidadosamente caixas d’água, filtros, barris, tambores, cisternas etc.